Odebrecht entrega extratos ligados a reuni�o com Temer
Ueslei Marcelino - 12.abr.2017/Reuters | ||
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O presidente Michel Temer (PMDB), em cerim�nia no Planalto |
A Odebrecht apresentou � Lava Jato extratos que seriam de pagamento de propina vinculada por delatores a uma reuni�o com o presidente Michel Temer em 2010.
Os valores superam os US$ 40 milh�es que, segundo ex-executivos, tiveram o repasse acertado em encontro com o hoje presidente, em seu escrit�rio pol�tico paulistano.
A propina � ligada, de acordo com a Odebrecht, a um contrato internacional da Petrobras, o PAC-SMS, que envolvia certificados de seguran�a, sa�de e meio ambiente em nove pa�ses onde a estatal atua. O valor inicial era de US$ 825 milh�es.
De acordo com documentos referentes ao PAC-SMS, apresentados pela Odebrecht, os repasses foram feitos entre julho de 2010 e dezembro de 2011. Os extratos atingem US$ 54 milh�es, mas a soma de planilhas anexadas chega a US$ 65 milh�es.
Do total, uma pequena parte foi paga em esp�cie no Brasil, em hot�is em S�o Paulo, no casos de petistas citados, e em um escrit�rio no centro do Rio, localizado na rua da Quitanda, para os demais.
A maior parte, no entanto, foi repassada a contas de operadores no exterior.
A Odebrecht reuniu mais de 50 dep�sitos em offshores fora do Brasil que v�o de US$ 280 mil a US$ 2,3 milh�es. Para realiz�-los, o setor de opera��es estruturadas, �rea respons�vel por propina e caixa dois do grupo, utilizou cinco empresas em para�sos fiscais, quatro delas em Ant�gua.
M�rcio Faria, ex-presidente da Odebrecht Engenharia, disse em dela��o que o PMDB negociou propina de 5% do contrato, correspondente a US$ 40 milh�es.
Segundo Faria, no encontro com Temer n�o se falou em valores, "mas ficou claro que se tratava de propina" relacionada ao contrato, e n�o contribui��o de campanha.
A reuni�o, segundo ele, teve a presen�a de outras pessoas, como o ex-deputado Eduardo Cunha, e ocorreu quando Temer era presidente do PMDB e candidato a vice de Dilma Rousseff (PT).
Rog�rio Ara�jo, respons�vel pelo lobby da Odebrecht na Petrobras, disse que Temer "assentiu" e deu a "b�n��o" aos termos do acordo, previamente tratados com Cunha e com o lobista Jo�o Augusto Henriques. Temer confirma o encontro, mas nega a vers�o sobre propina.
Os delatores relatam que a propina foi renegociada, e o PMDB teria ficado com 4% e o PT, 1%. Nas dela��es entregues ao STF (Supremo Tribunal Federal), a Procuradoria-Geral da Rep�blica identificou os petistas que teriam recebido o dinheiro, mas n�o quem seriam os peemedebistas al�m de Cunha, preso em Curitiba.
O senador Humberto Costa (PE), o ex-senador Delc�dio do Amaral e o ex-tesoureiro Jo�o Vaccari Neto aparecem como receptores vinculados ao PT, com os codinomes "Dr�cula", "Ferrari" e "Campon�s", respectivamente.
Tr�s apelidos n�o foram identificados: "Mestre", "Tremito" e "Acelerado".
Um ex-engenheiro da Petrobras, Alu�sio Teles, subordinado ao ent�o diretor da �rea internacional Jorge Zelada, � apontado como outro benefici�rio de pagamentos.
Segundo depoimentos, o processo de licita��o do PAC-SMS foi feito de forma fraudulenta, com participa��o de outras construtoras, como a OAS e a Andrade Gutierrez.
Elas simularam interesse no projeto, possibilitando aumento de pre�o por causa da suposta concorr�ncia.
A Procuradoria pediu ao STF abertura de inqu�rito sobre pol�ticos envolvidos, mas s� solicitou que Humberto Costa e Delc�dio fossem ouvidos pela Pol�cia Federal.
Nos depoimentos, aparecem pelo menos tr�s intermedi�rios dos repasses: �ngelo Lauria, ligado ao lobista Jo�o Henriques, Rodrigo Duran e Mario Miranda (da Petrobras). O comportamento de Lauria levou a empreiteira a mudar o sistema de entrega.
Conforme relato do delator C�sar Ramos, o operador apareceu um dia dizendo claramente que tinha vindo "pegar o dinheiro da Odebrecht", sem tentar disfar�ar a opera��o por meio de c�digos. A frase foi comunicada � construtora, que disse que isso n�o podia se repetir.
OUTRO LADO
A assessoria de Michel Temer afirmou que o presidente "jamais tratou de valores com o senhor M�rcio Faria" e que "a narrativa divulgada n�o corresponde aos fatos e est� baseada em uma mentira absoluta". "O que realmente ocorreu foi que, em 2010, em S�o Paulo, Faria foi levado ao presidente pelo ent�o deputado Eduardo Cunha. A conversa, r�pida e superficial, n�o versou sobre valores ou contratos na Petrobras. E isso j� foi esclarecido anteriormente, quando da divulga��o dessa suposta reuni�o".
Temer "contesta de forma categ�rica" o envolvimento de seu nome em neg�cios escusos e diz que nunca atuou em defesa de interesses particulares na Petrobras, nem defendeu pagamento de valores indevidos a terceiros.
A defesa do ex-deputado Eduardo Cunha classificou a acusa��o como "absurda", e "inventada por um concerto de delatores e, n�o por acaso, n�o vem acompanhada da mais m�nima prova".
O senador Humberto Costa (PT-PE) disse que nunca se relacionou com qualquer pessoa sobre o PAC-SMS e que o pr�prio delator da Odebrecht relatou que jamais teve contato com ele.
A defesa de Delc�dio do Amaral afirma que os fatos relatados pelos delatores s�o "mentira".
A defesa de Augusto Henriques negou "qualquer influ�ncia il�cita em neg�cios envolvendo a Petrobras".
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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