Documentos dos EUA sobre a Odebrecht citam receptores de propina
Janine Costa/REUTERS | ||
Pr�dio da Odebrecht, que fechou acordo nos EUA |
Os documentos tornados p�blicos pelo DOJ (Departamento de Justi�a) dos Estados Unidos revelam que 14 pessoas, entre pol�ticos brasileiros e funcion�rios de estatais, ganharam dinheiro para ajudar os interesses das empresas Odebrecht e da Braskem, bra�o petrol�fero do grupo.
O DOJ descreve cada um dos recebedores de propina, sem citar os nomes, colocando de forma gen�rica os respectivos cargos.
Na rela��o dos 14 est�o "membros do alto escal�o do governo", dois "ministros", "membros de estatais brasileiras", "diretor da Petrobras" e "pol�tico do alto escal�o do Legislativo do Brasil".
Entre as hist�rias que mostram o envolvimento dos agentes p�blicos e pol�ticos est� a discuss�o do acordo de seguran�a ambiental firmado em outubro de 2010 entre a Odebrecht e a Petrobras.
Segundo os investigadores americanos, a empresa ganhou o contrato depois de repassar mais de US$ 40 milh�es (R$ 133,3 milh�es, ao c�mbio desta quarta-feira) para alguns partidos pol�ticos brasileiros.
O dinheiro saiu do departamento de opera��es estruturadas da Odebrecht, �rea respons�vel pelo gerenciamento de propina, segundo as investiga��es da Opera��o Lava Jato.
"Parte dos recursos foi paga diretamente a representantes espec�ficos do governo", diz trecho do documento dos EUA.
A Folha mostrou na semana passada que M�rcio Faria, na �poca presidente da Odebrecht Engenharia Industrial, informou em dela��o premiada ao Minist�rio P�blico Federal que participou de uma reuni�o em 2010 para tratar de doa��es � campanha eleitoral do PMDB daquele ano em troca de facilitar a atua��o da empreiteira no projeto PAC SMS (Plano de A��o de Certifica��o em Seguran�a, Meio Ambiente e Sa�de) da Petrobras.
O encontro foi no escrit�rio do presidente Michel Temer em S�o Paulo.
Al�m dele, estavam presentes o ex-presidente da C�mara e ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o lobista Jo�o Augusto Henriques.
Ligado ao PMDB, Henriques j� afirmou que um contrato de quase US$ 1 bilh�o, ou R$ 3,3 bilh�es, foi fechado �s v�speras do segundo turno das elei��es de 2010 entre a �rea internacional da Petrobras, sobre a qual ele tinha influ�ncia, e a Odebrecht.
O DOJ diz que um funcion�rio da Odebrecht, identificado como n�mero 5, foi quem participou de toda a negocia��o, conversando com o cartel que havia se formado para concorrer ao pleito.
Michel Temer nega que tenha tratado de projetos na reuni�o e diz que n�o se lembra do nome do empres�rio que estava em seu escrit�rio.
PROPINAS
O DOJ relata outra hist�ria em que a Braskem tentou em 2010, via Congresso Nacional, resolver disputas de impostos travadas nos Estados.
A medida era tratada com alto grau de prioridade porque faria a empresa pagar muito menos impostos com a venda de seus produtos.
A lei foi aprovada e a Braskem pagou R$ 4 milh�es para um parlamentar, identificado como servidor n�mero 7, descrito no documento americano como membro do alto escal�o do Legislativo brasileiro.
Logo depois, um funcion�rio da empresa informou que um outro pol�tico do Congresso Nacional, sem citar seu nome, tamb�m merecia receber dinheiro pela atua��o a favor do projeto.
Em dela��o premiada ao Minist�rio P�blico brasileiro, o ex-vice-presidente de rela��es institucionais da Odebrecht Cl�udio Melo Filho disse ter pago R$ 4 milh�es a Romero Juc� (PMDB-RR) para aprova��o de uma lei que ajudava a resolver conflitos de impostos.
O ex-executivo contou ainda que o hoje ex-senador e delator Delc�dio do Amaral (ex-PT-MS) recebeu R$ 500 mil por ter reclamado, depois da aprova��o da lei, que n�o havia recebido a devida "aten��o" pelos servi�os prestados. Amaral foi o relator do projeto.
Em outra parte do documento, os americanos contam que a Odebrecht pagou propina para integrar um cons�rcio de um projeto de transporte no Brasil, n�o identificado.
De acordo com os EUA, a empresa pagou um agente p�blico, denominado servidor n�mero 4, em troca de sua ajuda para fazer parte da constru��o.
Neste caso, o DOJ identifica o agente 4 como um membro do alto escal�o do governo, com mandato em curso.
Os pagamentos a ele e outros agentes p�blicos relacionados ao tema, no valor de mais de US$ 20 milh�es, cerca de R$ 66,6 milh�es, aconteceram entre 2010 e 2014. A Odebrecht lucrou aproximadamente U$S 184 milh�es (R$ 613 milh�es) com o neg�cio.
A Odebrecht e a Braskem n�o t�m se manifestado sobre o conte�do das dela��es premiadas e acordos de leni�ncia firmados.
Editoria de arte/Folhapress | ||
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade