Lava Jato prende ex-secret�rio do PT e empres�rio ligado ao partido
Luiz Carlos Murauskas - 08.jun.2005/Folhapress | ||
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O ex-secret�rio-nacional do Partido dos Trabalhadores Silvio Pereira � alvo de pris�o tempor�ria |
A 27� fase da Opera��o Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (1�), apura um elo entre os desvios na Petrobras e o caso Celso Daniel, prefeito petista de Santo Andr� morto em 2002 em um crime nunca esclarecido.
Foram presos na opera��o, batizada de "Carbono 14", o ex-secret�rio-geral do PT Silvio Pereira e o empres�rio Ronan Maria Pinto, que j� tinham sido mencionados na investiga��o sobre a morte.
O foco dessa fase da investiga��o � o destino de um empr�stimo de R$ 12 milh�es contra�do pelo pecuarista Jos� Carlos Bumlai, hoje em pris�o domiciliar, junto ao Banco Schahin, em 2004.
Bumlai afirmou � Pol�cia Federal no ano passado ter adquirido o montante para direcion�-lo ao PT.
A suspeita � que parte da quantia tenha sido usada para comprar o sil�ncio de Ronan, dono de uma empresa de �nibus e de um jornal no ABC paulista.
Tamb�m foram alvos de condu��o coercitiva (levados para prestar depoimento � pol�cia), o ex-tesoureiro do PT Del�bio Soares e o jornalista Breno Altman. Ao todo, foram cumpridas 12 ordens judiciais, sendo oito mandados de busca e apreens�o.
Pedro Ladeira - 21.jan.2014/Folhapress | ||
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A PF cumpre mandado de condu��o coercitiva contra o ex-tesoureiro do PT Del�bio Soares |
De acordo com a for�a-tarefa da Lava Jato, o grupo Schahin, por ter concedido o empr�stimo a Bumlai, obteve o direito de opera��o do navio-sonda Vit�ria 10.000, da Petrobras.
Os procuradores da Lava Jato dizem que n�o investigam a morte de Celso Daniel, embora tenham questionado testemunhas, durante a investiga��o, sobre a possibilidade de envolvimento da c�pula do PT no crime.
"O foco da nossa investiga��o � a lavagem de dinheiro. Os desdobramentos em rela��o a Santo Andr� e � morte de Celso Daniel s�o investigados pelo MP-SP [Minist�rio P�blico de S�o Paulo]", disse o procurador Diogo Castor de Mattos.
Ao contr�rio da declara��o do procurador, em seu despacho nesta sexta, o juiz Sergio Moro disse ser poss�vel que haja uma liga��o entre um esquema de corrup��o na Prefeitura de Santo Andr� com a morte de Celso Daniel.
O nome da opera��o � uma refer�ncia a an�lises utilizadas para identificar a data��o de f�sseis.
Um dos documentos usados para embasar a investiga��o da 27� fase foi um depoimento concedido em 2012 pelo ex-publicit�rio Marcos Val�rio de Souza em tentativa de fazer acordo de dela��o premiada. Nele, Val�rio, piv� do esc�ndalo do mensal�o, afirmou que Ronan teria recebido dinheiro para evitar que revelasse nomes de envolvidos na morte do ex-prefeito petista.
Cerca de R$ 6 milh�es, metade do dinheiro do empr�stimo, segundo o procurador, foram repassados a Ronan e teriam sido usados para pagar d�vidas pessoais e para comprar o jornal "Di�rio do Grande ABC".
O valor serviria, segundo a investiga��o, para que o empres�rio parasse de chantagear o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, o ent�o chefe de gabinete da Presid�ncia, Gilberto Carvalho, e o ent�o ministro da Casa Civil, Jos� Dirceu.
A outra metade, segundo depoimento de Bumlai do final do 2015, foi usada para saldar d�vidas de campanha eleitoral do PT de Campinas (SP) da �poca.
MESADA
Silvio Pereira teve pris�o tempor�ria decretada por ter, segundo os investigadores, pedido a Marcos Val�rio para que intermediasse o repasse a Ronan Maria Pinto.
A investiga��o apontou ainda que mesmo depois do mensal�o, entre 2009 e 2011, o ex-secret�rio do PT se beneficiou do pagamento de R$ 486,1 mil da OAS para a DNP Eventos Ltda, empresa da qual � dono. Tamb�m h� uma transfer�ncia da UTC � DNP de R$ 22 mil, al�m de repasses de Augusto Mendon�a, da Toyo Setal, e o consultor Julio Camargo, tamb�m alvos da Lava Jato em fases anteriores e hoje delatores.
Segundo o procurador, n�o foi encontrada nenhuma contrapartida de servi�os prestados para que Pereira recebesse esse montante.
Del�bio Soares foi alvo de condu��o coercitiva por suspeita de representar interesses do PT na contrata��o do empr�stimo de R$ 12 milh�es.
OUTRO LADO
Alvos da 27� fase da Opera��o da Lava Jato que se manifestaram nesta sexta-feira (1�) negam envolvimento no suposto esquema de corrup��o baseado no diret�rio do PT em Santo Andr� (SP).
A defesa do empres�rio Ronan Maria Pinto, preso temporariamente sob suspeita de receber R$ 6 milh�es para n�o revelar irregularidades do partido, afirmou que o cliente n�o tem "rela��o com os fatos mencionados" e est� "sendo v�tima de uma situa��o que, com certeza, agora, poder� ser esclarecida de uma vez por todas".
Em nota, a defesa afirma ainda que o empres�rio sempre esteve � disposi��o das autoridades para "esclarecer com total tranquilidade e isen��o as d�vidas e as investiga��es do �mbito da opera��o, assim como a cita��o indevida de seu nome".
"Inclusive ampla e abertamente oferecendo-se de forma espont�nea para prestar as informa��es de que necessitassem", declara a nota.
Apontado como um dos intermedi�rios do repasse a Ronan, o jornalista Breno Altman, amigo do ex-ministro Jos� Dirceu e ligado ao PT, disse que foi surpreendido com a not�cia de que a PF estivera em sua casa, em S�o Paulo, com mandados de condu��o coercitiva e de busca e apreens�o. Ele estava em Bras�lia, onde prestou depoimento e foi liberado.
"Minhas declara��es sobre a investiga��o em curso, no entanto, poderiam ter sido tomadas atrav�s de intima��o regular, com data e hor�rio determinados pelas autoridades", escreveu Altman em sua p�gina do Facebook.
No texto, ele afirma que, durante o interrogat�rio, n�o foi apresentada "qualquer prova ou ind�cio de eventual envolvimento no caso investigado". E critica a opera��o, que chamou de "seletiva" e "contaminada".
"S� posso reagir com indigna��o ao regime de exce��o que o juiz Sergio Moro resolveu estabelecer para alguns dos intimados da chamada Opera��o Carbono 14", afirmou. "Sou apenas mais um dos alvos deste tornado antidemocr�tico." Ele reiterou as declara��es � Folha.
PETISTAS
Os procuradores da Lava Jato afirmam ter tamb�m ind�cios da participa��o dos ex-ministros petistas Gilberto Carvalho e Jos� Dirceu no esquema de corrup��o e no pagamento a Ronan.
Procurada, a defesa de Dirceu declarou que ele "n�o tem nada a ver com isso".
A assessoria de Carvalho informou que "ele n�o participou de nenhuma negocia��o com Ronan Maria Pinto, conforme evid�ncias apontadas" pelos investigadores.
Sobre a morte de Celso Daniel, fato que teria motivado o repasse, a assessoria de Carvalho disse que o PT, desde o in�cio, "teve o m�ximo interesse no esclarecimento dos fatos". Acrescentou que a investiga��o esteve sob comando da Pol�cia Federal do tucano Fernando Henrique Cardoso e da Pol�cia Civil do tucano Geraldo Alckmin.
"A morte de Celso Daniel representou a perda de um grande companheiro e um excelente quadro pol�tico."
O diret�rio nacional do PT negou envolvimento com o banco Schahin. "O PT nunca contraiu empr�stimo com o referido banco. Todas as doa��es recebidas pelo partido ocorreram estritamente dentro da legalidade e foram posteriormente declaradas � Justi�a Eleitoral", afirmou a sigla.
A reportagem n�o localizou as defesas de Silvio Pereira e de Del�bio Soares at� a publica��o dessa reportagem.
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