Planilhas da Odebrecht citam valores ligados a 316 pol�ticos de 24 partidos
Planilhas apreendidas pela Pol�cia Federal na casa de um ex-executivo da Odebrecht listam poss�veis repasses a pelo menos 316 pol�ticos de 24 partidos.
Ecum�nica, a lista da empreiteira aumentou a tens�o ao tragar governistas e oposicionistas –muitos deles integrantes da tropa de choque do impeachment– para o centro da Lava Jato. Os repasses foram feitos nas campanhas municipais de 2012 e para a elei��o de 2014. Na rela��o, surgem nomes de ministro do governo, senadores e deputados.
N�o � poss�vel, contudo, dizer com certeza a que se referem os valores, nem se foram efetivamente repassados. Pode ser doa��o legal, caixa dois, ou propina.
As planilhas foram reveladas pelo blog de Fernando Rodrigues, no UOL.
Investigadores ouvidos pela Folha dizem que existem suspeitas de que os fartos registros envolvam tanto doa��es legais, declaradas � Justi�a, como entrega de dinheiro por via de caixa dois.
O material foi apreendido em fevereiro com o ent�o presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva J�nior, no Rio, durante a fase Acaraj� da Lava Jato. Os documentos se tornaram p�blicos na ter�a (22) e ontem o juiz Sergio Moro decidiu colocar sob sigilo o inqu�rito.
A lista da Odebrecht re�ne ministros, caciques da oposi��o, governadores, senadores, deputados e prefeitos de capitais e vereadores. Destes, oito s�o integrantes da comiss�o que analisa o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Muitos dos supostos benefici�rios ganharam apelidos ao lado de valores. O chefe de gabinete de Dilma, Jaques Wagner, � chamado de "passivo" ao lado de uma anota��o de R$ 3 milh�es que seria relativa � campanha de 2010. Naquele ano, ele concorria � reelei��o no governo baiano.
Expoente da oposi��o, o senador tucano A�cio Neves (MG) � mencionado em planilha de pagamentos da elei��o de 2010. Ele aparece como benefici�rio de um repasse de R$ 120 mil da empreiteira. O senador Jos� Serra (PSDB-SP) tamb�m aparece.
A Odebrecht tamb�m projetou pagamentos para grupos de "parceiros hist�ricos" –rela��o que inclui o ex-presidente Jos� Sarney, o atual presidente do Senado, Renan Calheiros, e o senador Romero Juc�, todos do PMDB.
Advers�rio do Planalto, o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), � chamado de "caranguejo" ao lado de anota��o que indica o pagamento de "500", sem maior especifica��o.
Em uma das planilhas, sobre gastos da campanha de 2010, Eduardo Cunha aparece como "benefici�rio" de doa��es feitas a outros dois partidos: PR e PSC.
Da oposi��o, s�o listados, entre outros, Paulinho da For�a (SDD-SP), os tucanos Jutahy Magalh�es (BA) e Paulo Abi-Ackel (MG), os democratas Mendon�a Filho (PE) e Rodrigo Maia (RJ) e o peemedebista Osmar Terra (RS).
Outros dois s�o governistas: Paulo Teixeira (PT-SP), um dos deputados mais pr�ximos de Lula, e Paulo Magalh�es (PSD-BA).
O ex-governador pernambucano Eduardo Campos (PSB), que morreu em agosto de 2014, tamb�m aparece nas tabelas.
Renan, Cunha e A�cio s�o investigados ou j� foram citados por delatores da Lava Jato como supostos benefici�rios de propina na Petrobras da qual a Odebrecht � a maior pagadora.
A lista tamb�m traz pol�ticos que passaram ao largo do esc�ndalo at� agora. Entre os estreantes, est� o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) que aparece na lista como benefici�rio de uma doa��o de R$ 400 mil em 2010.
A maior parte dos supostos pagamentos citados refere-se � campanha municipal de 2012, com anota��es sobre a candidatos indicados por l�deres pol�ticos de express�o.
H� itens como "indica��es dep. Edinho Silva", em refer�ncia ao atual ministro da Comunica��o Social, do PT, e "indica��o Mendes Thame", ex-secret�rio-geral do PSDB nacional.
Entre os prefeitos citados est�o o de S�o Paulo, Fernando Haddad (PT), o do Rio, Eduardo Paes (PMDB), apelidado de "nervosinho", e de Salvador, ACM Neto (DEM).
As listas tamb�m mostram uma poss�vel tentativa de diluir os recursos na campanha eleitoral entre as diversas empresas do grupo Odebrecht. As empresas eram chamadas nas planilhas de "sponsor" (patrocinador). Tamb�m h� cita��o a contribui��es para candidatos da "regi�o do Comperj", o complexo petroqu�mico do Rio que � uma das maiores obras da Petrobras.
SIGILO
O juiz Sergio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, decretou o sigilo dos autos que cont�m as planilhas da Odebrecht com os nomes de 200 pol�ticos.
Em despacho, o juiz tamb�m intima o Minist�rio P�blico Federal que se manifeste "com urg�ncia" sobre o envio do documento ao STF (Supremo Tribunal Federal). "Para continuidade da apura��o em rela��o �s autoridades com foro privilegiado", afirmou o juiz.
Os pap�is eram p�blicos at� a manh� desta quarta-feira (23), mas j� est�o sob sigilo. Na rela��o da Odebrecht, surgem nomes de ministro do governo, senadores e deputados, todos com foro no STF.
"Em decorr�ncia de not�cias da imprensa, constato que, aparentemente, na resid�ncia de Benedicto Barbosa da Silva J�nior foram apreendidas listas com registros de pagamentos a agentes pol�ticos", diz Moro no despacho.
"Prematura conclus�o quanto � natureza desses pagamentos. N�o se trata de apreens�o no Setor de Opera��es Estruturadas da Odebrecht e o referido Grupo Odebrecht realizou, notoriamente, diversas doa��es eleitorais registradas nos �ltimos anos", ressalta o juiz.
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