Lobista alvo da Zelotes � preso pela primeira vez em 30 anos
Pedro Fran�a/Ag�ncia Senado | ||
O lobista Alexandre Paes dos Santos durante depoimento � CPI do Carf na �ltima quinta (19) |
Na �ltima quinta-feira (19), o lobista Alexandre Paes dos Santos, 61, entrou mudo e saiu calado da CPI do Carf, investiga��o sobre irregularidades no conselho do Minist�rio da Fazenda que julga recursos contra multas da Receita.
APS, como � conhecido, est� preso desde o final de outubro, a primeira vez em mais de 30 anos de atividade de lobby em Bras�lia que se v� atr�s das grades. Cerca de um m�s antes de ir para a cadeia, ele recebeu a Folha, quando disse estar convicto da fragilidade das provas contra ele na Opera��o Zelotes.
"N�o tem nada, n�o tem nada", repetiu v�rias vezes. A acusa��o principal contra APS � a venda de medidas provis�rias em benef�cio do setor automotivo. N�o � a primeira pol�mica em que � envolvido –pelo contr�rio.
Em 2001, a Pol�cia Federal apreendeu uma agenda em seu poder com o nome de v�rios deputados federais e valores acompanhados da letra "K" (significando "mil"). Para a PF, tratava-se de uma lista de propinas. O esc�ndalo foi um golpe nos neg�cios de APS, ent�o em pleno vapor com grandes clientes como Carrefour, Johnson & Johnson e McDonald's.
Em 2006, ele voltou ao notici�rio ao confirmar para a revista "Veja" que cedia uma sala do escrit�rio que construiu no Lago Sul para um dos filhos do ent�o presidente Luiz In�cio Lula da Silva, F�bio Luis, trabalhar quando estivesse em Bras�lia. Depois da reportagem, APS recuou e disse que Lulinha n�o esteve em seu escrit�rio, mas sim seu s�cio na empresa Gamecorp, Kalil Bittar, dentro de um "acordo operacional" sobre o qual n�o haveria nada de ilegal.
No in�cio de 2015, a PF listava oito indiciamentos de APS por suspeitas diversas como tr�fico de influ�ncia e corrup��o ativa.
ARQUIVO VIVO
Natural do Rio, APS chegou a Bras�lia nos anos 70 e abriu um escrit�rio de lobby. � Folha disse que sua consultoria "� institucional" e "representa clientes, associa��es de classe, empresas privadas, junto ao governo e outras entidades".
Fernando C�sar Mesquita, ex-diretor de comunica��o do Senado ligado ao ex-presidente Jos� Sarney (PMDB-AP), disse que APS, de quem se declara amigo, foi "realmente o grande lobista, com mais de 50 empresas [como clientes]. E era uma grande fonte de informa��es de jornalistas. Porque ele transitava nessa �rea empresarial e sabia de tudo".
APS se recusa a fornecer os nomes dos seus clientes. A Folha confirmou um, a ABDIB (Associa��o Brasileira de Infraestrutura e Ind�stria de Base), que representa bancos e empreiteiras e pagou R$ 20 mil mensais de 2009 a 2014 para "consultoria parlamentar junto ao Congresso Nacional abrangendo o acompanhamento das propostas apresentadas em plen�rio, da atua��o das comiss�es permanentes e tempor�rias e toda a tramita��o legislativa".
A mais recente crise por que passa APS come�ou a ser delineada em 2008, quando, segundo ele, conheceu o ex-conselheiro do Carf Jos� Ricardo da Silva e dele se tornou s�cio em uma firma de consultoria.
Segundo APS, eles tinham "clientes separados". "Eu nunca tive neg�cios no Carf e nenhuma dessas empresas que eu representei em Bras�lia teve interesse junto ao Carf", defendeu-se APS.
Mas a parceria, na vers�o dele, logo acabou.
Teria havido um desarranjo em torno dos gastos para a reforma do escrit�rio, que funcionou em uma casa no Lago Sul, em Bras�lia.
Em 2014, APS entrou na mira da Zelotes. Em um telefonema interceptado, ele explicou ao interlocutor que o ent�o candidato presidencial do PSDB � Presid�ncia, A�cio Neves, havia se comprometido a receb�-lo para uma conversa durante a campanha. Pretendia apresentar reivindica��es de um setor empresarial que n�o fica claro na conversa.
APS comentou que tamb�m j� havia falado com Erenice Guerra, ex-ministra da Casa Civil, e iria procurar "falar diretamente com a presidente" Dilma Rousseff "para saber com quem tem que falar para poder direcionar". Segundo APS, Erenice reclamou com ele que "� tanta gente no PT para poder coordenar que � complicado".
Depois, APS disse � PF que se considera amigo de Erenice, mas nunca fez neg�cios com ela.
� Folha, o lobista disse que "algumas associa��es de classe" o procuraram, na campanha de 2014, para que pudessem apresentar seus "programas de governo" aos candidatos. "Acredito que um ou dois encontros aconteceram. Acredito que com a campanha do PSDB, e eu n�o sei se teve outros", disse APS.
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