Anota��es sugerem que Odebrecht tentou deter avan�o de investiga��o
Anota��es encontradas pela Pol�cia Federal nos telefones celulares do empres�rio Marcelo Odebrecht sugerem que ele se empenhou ativamente para conter danos causados pela Opera��o Lava Jato antes de ser preso pela PF.
De acordo com relat�rio produzido pelos policiais que examinaram as anota��es, o executivo buscou contato com pol�ticos e auxiliares da presidente Dilma Rousseff para discutir o avan�o das investiga��es e seu impacto.
As anota��es mencionam v�rios pol�ticos, em geral indicando apenas as iniciais, e muitas s�o dif�ceis de interpretar com seguran�a sem conhecer o contexto em que foram produzidas e a identidade das pessoas mencionadas.
O relat�rio � um dos elementos apresentados pela PF para justificar o indiciamento de Marcelo Odebrecht por suspeita de corrup��o e lavagem de dinheiro, proposto nesta segunda-feira (20).
O empres�rio est� preso em Curitiba desde 19 de junho, junto com outros quatro executivos que trabalhavam para o grupo Odebrecht e tamb�m s�o acusados de participar do esquema de corrup��o descoberto na Petrobras.
Caber� aos procuradores da Opera��o Lava Jato analisar o relat�rio da PF para avaliar se novas investiga��es ser�o necess�rias, ou se j� h� evid�ncias suficientes para propor � Justi�a uma a��o penal contra os executivos.
'GRUPO DE CRISE'
Uma das anota��es encontradas pela PF nos celulares de Marcelo Odebrecht diz ser necess�rio ter "contato �gil/permanente com o grupo de crise do governo e n�s para que informa��es sejam passadas e a��es coordenadas".
A PF n�o sabe quando a anota��o foi feita, mas suspeita que isso ocorreu depois de novembro do ano passado, quando a Opera��o Lava Jato prendeu executivos de v�rias empreiteiras que t�m neg�cios com a Petrobras.
A mesma anota��o fala em "trabalhar para para/anular (dissidentes PF...)". Segundo a interpreta��o da PF, trata-se de um ind�cio de que Marcelo Odebrecht pretendia usar policiais "dissidentes" para tumultuar as investiga��es.
O empres�rio tamb�m parecia empenhado em oferecer garantias a dois executivos do grupo sob investiga��o, M�rcio Faria e Rog�rio Ara�jo, que hoje est�o presos com ele em Curitiba. "MF/RA: n�o movimentar nada e reembolsaremos tudo e asseguraremos a fam�lia. Vamos segurar at� o fim", diz a anota��o.
O mesmo arquivo fala em "higienizar apetrechos MF e RA". De acordo com a interpreta��o da PF, isso significa que o empres�rio pretendia apagar o conte�do de telefones, computadores e outros aparelhos dos executivos.
H� refer�ncias ao ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que aparece numa anota��o como "ECunha", mas o contexto n�o deixa claro por que Marcelo Odebrecht pensou neles ao redigir as anota��es no telefone.
Segundo a pol�cia, "MT" � o vice-presidente Michel Temer, "GA" � o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), "FP" � o governador mineiro, Fernando Pimentel (PT), e "JW" � o ministro da Defesa, o petista Jaques Wagner.
A PF achou tamb�m um e-mail de 9 de janeiro de 2013 com o t�tulo "Pedido espec�fico blindagem JEC". Para o policial que analisou o material, "JEC" pode ser o ministro da Justi�a, o petista Jos� Eduardo Cardozo. O texto do e-mail inclui esta frase: "Para Edinho vis�o da conta toda inclusive gasto com o Haddad. MRF: dizer do risco de chegar na campanha dela?"
Para a PF, "Edinho" pode ser o ent�o presidente do PT de S�o Paulo, Edinho Silva, hoje ministro da Secretaria de Comunica��o Social do Pal�cio do Planalto, e a mensagem pode ser uma refer�ncia � campanha do prefeito de S�o Paulo, Fernando Haddad (PT), eleito em 2012.
OUTRO LADO
A advogada de Marcelo Odebrecht, Dora Cavalcanti, n�o foi localizada na noite desta segunda-feira (20) para comentar o conte�do das anota��es e do e-mail encontrados nos telefones celulares do presidente da Odebrecht.
Em nota, a empresa pronunciou-se apenas sobre seu indiciamento pela Pol�cia Federal: "Embora sem fundamento s�lido, o indiciamento j� era esperado" e que a defesa aguardar� oportunidade de "exercer plenamente o contradit�rio."
A assessoria do vice-presidente Michel Temer disse que n�o poderia emitir posi��o sobre uma "infer�ncia" da Pol�cia Federal. Segundo a assessoria, Temer conhece Marcelo Odebrecht, mas n�o sabe nem sequer se as iniciais "MT" referem-se de fato a ele.
"Nem sei se a Odebrecht colaborou com o PMDB. V�rias empresas colaboraram, mandei verificarem. � uma infer�ncia da Pol�cia Federal, n�o sei se leg�tima ou ileg�tima", afirmou ap�s almo�o com investidores americanos em Nova York
O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva disse que n�o comentaria o assunto, pelo mesmo motivo.
Em nota, a assessoria do governador Geraldo Alckmin afirmou que ele "n�o recebeu qualquer pedido de ajuda do empres�rio Marcelo Odebrecht". O texto diz, ainda, que "o �nico evento do qual [Alckmin e Odebrecht] participaram [...] ocorreu em jantar de homenagem ao presidente Fernando Henrique Cardoso ao qual compareceram 25 personalidades".
Para a assessoria do governador, a anota��o que faz refer�ncia a "GA" � "inintelig�vel", e n�o h� "nenhuma comprova��o ou sequer ind�cio de tratar-se de algu�m em especial, tampouco de algum assunto espec�fico".
Os ministros Jos� Eduardo Cardozo (Justi�a) e Edinho Silva (Comunica��o Social) e o governador Fernando Pimentel n�o haviam sido localizados at� a conclus�o desta edi��o.
A assessoria do prefeito Fernando Haddad, que est� em Roma, deve se pronunciar nesta ter�a-feira.
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OS CRIMES DOS EMPREITEIROS
Tr�s ex-executivos da Camargo Corr�a foram condenados nesta segunda (20)
ACUSA��O: Executivos da Camargo Corr�a pagaram R$ 50 milh�es em propina para a diretoria de Abastecimento da Petrobras, nas obras da Repar (Refinaria Get�lio Vargas, no RJ) e Refinaria Abreu e Lima (PE)
Pedro Ladeira - 20.mai.2015/Folhapress | |
Dalton Avancini - DELATOR | |
Cargo: ex-presidente da Camargo Corr�a | |
Pena: 15 anos e 10 meses + multa de R$ 1,2 milh�o + R$ 2,5 milh�es de indeniza��o c�vel | |
Como cumprir� a pena: Em pris�o domiciliar at� mar.16, seguidos de, pelo menos, 2 anos no regime semiaberto diferenciado (obriga��o de dormir em casa) com trabalho comunit�rio, com posterior progress�o para o regime aberto |
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Pedro Ladeira - 20.mai.2015/Folhapress | |
Eduardo Leite - DELATOR | |
Cargo: ex-vice-presidente da Camargo Corr�a | |
Pena: 15 anos e 10 meses + multa de R$ 900 mil + R$ 5,5 milh�es de indeniza��o c�vel | |
Como cumprir� a pena: Em pris�o domiciliar at� mar.16, seguidos de, pelo menos, 2 anos no regime semiaberto diferenciado (obriga��o de dormir em casa) com trabalho comunit�rio, com posterior progress�o para o regime aberto |
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Pedro Ladeira - 20.mai.2015/Folhapress | |
Jo�o Ricardo Auler | |
Cargo: ex-presidente do conselho de administra��o da Camargo Corr�a | |
Pena: 9 anos e 6 meses + multa de R$ 288 mil | |
Como cumprir� a pena: Inicialmente, em regime fechado, podendo evoluir para o semiaberto ap�s 1/6 da pena |
Crimes: corrup��o, lavagem de dinheiro e atua��o em organiza��o criminosa
Tamb�m foram condenados:
- Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
- Alberto Youssef, doleiro
- Jayme de Oliveira Filho, funcion�rio de Youssef
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� ESPERA
Executivos que ainda ser�o julgados e quanto cada empreiteira pagou em propina, segundo o Minist�rio P�blico
EMPRESA | PROPINA PAGA | R�US |
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MENDES J�NIOR | R$ 71,6 milh�es | S�rgio Mendes, Rog�rio Cunha de Oliveira, �ngelo Alves Mendes, Alberto Vila�a Gomes, Jos� Humberto Resende |
UTC | R$ 86,4 milh�es | Ricardo Pessoa - DELATOR, Jo�o de Teive e Argollo |
OAS | R$ 29,3 milh�es | L�o Pinheiro, Agenor Franklin Medeiros, Mateus Coutinho de S� Oliveira, Jos� Ricardo Nogueira Breghirolli, Fernando Andrade |
ENGEVIX | R$ 52,9 milh�es | Gerson Almada, Carlos Eduardo Strauch, Newton Prado Jr., Luiz Roberto Pereira |
GALV�O ENGENHARIA | R$ 46 milh�es | Erton Medeiros Fonseca, Jean Alberto Luscher Castro, Dario Galv�o Filho, Eduardo de Queiroz Galv�o |
Foram indiciados pela PF:
- Marcelo Odebrecht
- Rog�rio Santos de Ara�jo
- Alexandrino Alencar
- M�rcio Faria da Silva
- Cesar Ramos Rocha
- Ot�vio Marques de Azevedo
- Rog�rio Nora de S�
- Fl�vio L�cio Magalh�es
- Antonio Campello de Souza
- Elton Negr�o de Azevedo Jr.
- Luc�lio Goes
- Paulo Dalmazzo*
* Paulo Dalmazzo � o �nico indiciado que n�o est� preso
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