Comiss�o da Verdade insiste fazer do pr�dio do Dops um memorial
O presidente da Comiss�o da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous, afirmou nesta segunda-feira que pretende se reunir com o governador Luiz Fernando Pez�o (PMDB) at� o fim do ano para insistir na transforma��o do antigo pr�dio do Dops (Departamento de Ordem Pol�tica e Social), na regi�o central do Rio, em um centro de mem�ria em homenagem aos presos pol�ticos da ditadura militar (1964-1985).
Damous diz ser "inaceit�vel" dividir o espa�o –localizado na rua da Rela��o (centro)– com a Pol�cia Civil, respons�vel pela administra��o do im�vel tombado pelo Iphan (Instituto do Patrim�nio Hist�rico Nacional). Segundo o assessor de Rela��es Institucionais da pol�cia, delegado Gilbert Stivanello, o pr�dio vai abrigar o museu da corpora��o, mas parte do espa�o pode ser usado para o centro de mem�ria dos presos pol�ticos.
"� de dif�cil entendimento compartilhar um centro de mem�ria de perseguidos pol�ticos com os perseguidores. Aqui, basicamente naquele per�odo da d�cada de 30 at� in�cio de 70, era o Dops –onde os presos ficavam para prestar depoimentos", destacou Wadih Damous, ap�s visitar com ex-presos �s celas em dilig�ncia no final da manh� desta segunda.
A ideia da comiss�o � que o espa�o tamb�m seja usado para sediar um conselho de defesa aos direitos humanos. O presidente da comiss�o lembra que passaram pelo Dops presos emblem�ticos como Olga Ben�rio, M�rio Lago, Luiz Carlos Prestes e Carlos Marighela.
Damous diz que h� muitos relatos de mortes e torturas no pr�dio da d�cada de 30 at� in�cio de 70. Entre os ex-presos que visitavam o Dops, apenas a jornalista e tradutora Maria Helena Guimar�es Pereira, 69, afirmou ter sido torturada no local em 1972.
"N�o foi s� tortura psicol�gica n�o. Fui agredida aqui e perdi um filho de quatro meses", disse chorando ao relembrar que na ocasi�o foi presa gr�vida. "E depois que sa� perdi outro filho", lamentou, se referindo �s sequelas da tortura.
Outros ex-presos contam que nunca viram nenhuma tortura no Dops. Eles dizem que iam "do inferno para o purgat�rio" quando eram transferidos do Doi-Codi [centro de repress�o do Ex�rcito], na Tijuca (zona norte) para o Dops. "Tinha uma solit�ria medieval no �ltimo andar, as celas e as salas para colher depoimentos, mas nunca vi ningu�m sendo agredido aqui", recorda Newton Le�o Duarte, 65, ex-torturado, que ficou cinco meses preso na d�cada de 70.
Na visita da Comiss�o da Verdade o clima ficou tenso com uma discuss�o entre o delegado Stivanello e a ex-presa Maria Helena Pereira. "Ele foi desrespeitoso quando disse que foi s� tortura psicol�gica", afirmou a jornalista. No final do encontro, o delegado se retratou com Helena alegando que foi mal interpretado.
"Esse pr�dio pertence � Pol�cia Civil. O que foi do Dops ser� preservado. Mas pedimos compreens�o porque as pessoas que est�o na Pol�cia Civil n�o s�o as mesmas daquela �poca. As salas reconhecidas ser�o preservadas e restauradas. N�o queremos apagar isso", disse Stivanello.
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