Procuradores suspeitam que militares esconderam documentos da ditadura
Ao realizarem buscas no HCE (Hospital Central do Ex�rcito), na zona norte do Rio, nesta sexta (14), procuradores da Rep�blica e policiais federais descobriram numa garagem e em um pr�dio anexo ao hospital documentos de pessoas que passaram por l� entre 1940 e 1983. N�o h� registros de pacientes do HCE entre 1970 e 1974, em que h� den�ncias de presos do regime militar que passaram pela unidade.
Anteriormente, �s comiss�es estadual do Rio e nacional da Verdade, os militares haviam informado n�o dispor de tal documenta��o. Parte deste per�odo compreende a ditadura militar (1964-1985). Por suspeitar de oculta��o dos documentos, os procuradores da Rep�blica, no Rio, ir�o sugerir at� a segunda (17) a abertura de inqu�rito para apurar o caso.
A supress�o de documentos � crime, previsto no C�digo Penal, e prev� pena de dois a seis anos de pris�o.
Os procuradores tamb�m se surpreenderam na visita ao HCE ao encontrarem uma pasta com nomes e fotografias dos integrantes da comiss�es do Rio e Nacional da Verdade. Procurado, o Ex�rcito n�o se pronunciou sobre o assunto.
As buscas ocorridas na sexta aconteceram a partir de den�ncias que informaram ao MPF (Minist�rio P�blico Federal) que em setembro deste ano, poucos dias antes da vistoria da Comiss�o Nacional da Verdade ao local, os servidores do hospital receberam ordens de ocultar documentos de pessoas mortas durante o regime militar. Na documenta��o que deveria ser escondida estaria o prontu�rio de Raul Amaro Nin Ferreira, morto em 12 de agosto de 1971 no HCE e que colaboraria com uma rede de apoio ao MR-8 (Movimento Revolucion�rio 8 de Outubro).
Ferreira foi preso por militares em 1971. A acusa��o era que o militante estava em "atitude suspeita" com outros dois companheiros, durante uma blitz, realizada em 1� de agosto daquele ano. O militante foi levado ao DOPS da Guanabara. Depois de fichado, Raul Amaro Ferreira foi transferido para o DOI-Codi e depois para o HCE, onde morreu em 12 de agosto. O corpo foi entregue � fam�lia mas a causa da morte nunca foi esclarecida pelos militares.
Atr�s destas provas, os procuradores foram, na sexta, � garagem de ambul�ncias e ao setor de manuten��o, onde den�ncias informavam que a documenta��o estaria escondida. Na garagem, os procuradores do grupo de trabalho Justi�a de Transi��o do MPF encontraram fichas de �bitos armazedas em sacos pl�sticos lacrados.
Os procuradores e policiais descobriram ainda a exist�ncia de uma sala chamada de Conting�ncia, no pr�dio anexo ao hospital, onde encontraram um dossi� com not�cias e documentos referentes a Raul Amaro Ferreira.
O prontu�rio do militante n�o estava na documenta��o encontrada. Neste local havia ainda prontu�rios m�dicos de pacientes que passaram pelo local entre 1940 e 1969 e de 1975 a 1983. Raul Amaro Ferreira, por exemplo, ficou internado no HCE em 1971.
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