Procuradoria acha carcereiro da Casa da Morte
Identificado e ouvido pelo Minist�rio P�blico Federal no �ltimo fim de semana em Fortaleza, o carcereiro da Casa da Morte de Petr�polis, na regi�o serrana do Rio, dever� prestar depoimento tamb�m para a Comiss�o Estadual da Verdade fluminense.
"O que se sabe � que havia um revezamento das equipes que atuavam na Casa da Morte. Ele [Lima] seria o �nico quadro permanente do local. � um arquivo vivo, que viu e ouviu tudo", disse o presidente da Comiss�o Estadual da Verdade, Wadih Damous.
Ant�nio Waneir Pinheiro Lima, de 71 anos, � soldado reformado do Ex�rcito e tomava conta dos presos pol�ticos que eram encaminhados para as instala��es militares chamadas de CIE (Centro de Informa��es do Ex�rcito).
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Ant�nio Waneir Pinheiro Lima, o Camar�o, nos anos 1970 |
O CIE constituiu-se em um dos mais sanguin�rios centros de tortura e execu��o de detentos estabelecidos pelo regime militar brasileiro (1964-1985) e para l� eram encaminhados presos tidos como l�deres dos grupos de resist�ncia � ditadura.
O n�mero de pessoas que morreram na Casa da Morte � desconhecido, mas as estimativas s�o de pelo menos 20 v�timas. Com vida, apenas uma presa saiu: In�s Etienne Romeu, militante da VPR (Vanguarda Popular Revolucion�ria), hoje com 72 anos. Torturada e presa por 96 dias em 1971, In�s relatou em 1979 os abusos sofridos.
Na ocasi�o, teve especial destaque em seu relato a atua��o de Lima na Casa da Morte. Segundo ela, o soldado a estuprou duas vezes enquanto esteve encarcerada. Na �poca, ela disse que o autor dos abusos se chamaria "Wantuir" ou "Wantuil", e que seu apelido era Camar�o.
Lima –ou Camar�o–, � do Cear�, mas continuou vivendo no Estado do Rio mesmo ap�s a desativa��o do CIE, que operou entre 1971 e 1974. Desde o in�cio de 2014, ele tinha conhecimento de que o Minist�rio P�blico Federal e a Comiss�o Estadual da Verdade estavam em seu encal�o.
Os investigadores obtiveram ent�o informa��es de que Lima viveria no munic�pio de Araruama (RJ). Antes que fosse poss�vel chegar at� ele, o militar deixou a cidade e fugiu para o Nordeste.
"Conseguimos localiza-lo em Araruama e ele percebeu que estava sendo alvo das aten��es do MPF e nossas, o que o fez parar no Cear�. Vamos tentar muito ouvi-lo", afirmou Wadih Damous.
Lima era homem de confian�a do principal respons�vel pela Casa da Morte, o tenente-coronel Paulo Malh�es, que morreu durante um assalto em abril deste ano. Respons�vel por implementar o CIE, Malh�es assumiu em entrevistas e depoimentos que as viola��es aos direitos humanos que ocorreram em Petr�polis.
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