Tucano Reinaldo Azambuja � eleito governador de Mato Grosso do Sul
Pela primeira vez em 20 anos, nem PMDB nem PT assumir�o o governo de Mato Grosso do Sul. Quem venceu as elei��es no Estado foi o candidato que pregava a "mudan�a", o tucano Reinaldo Azambuja.
Na elei��o deste domingo, o deputado federal somou 55% de todos os votos v�lidos, ante 45% de Delc�dio Amaral (PT). Votos brancos foram 1,58% e nulos somaram 2,51% do total. A absten��o alcan�ou 23,13% entre os eleitores sul-mato-grossenses.
"Foi uma elei��o de baixaria. Mas as pessoas querem uma pol�tica diferente", declarou Azambuja ap�s o resultado.
O tucano tamb�m criticou os institutos de pesquisa, que apontavam empate t�cnico entre os dois at� a v�spera da elei��o. "O Ibope nem deveria mais fazer pesquisa no Mato Grosso do Sul, porque ele perdeu totalmente a credibilidade. Todas as elei��es eles mentem flagrantemente."
Azambuja deve fazer de seu governo uma vitrine do PSDB: sua primeira a��o, afirmou, ser� um mutir�o de sa�de, no estilo do que fazia o governo de FHC com o ent�o ministro da Sa�de Jos� Serra. A expectativa � que ele fortale�a o partido na regi�o Centro-Oeste.
Propriet�rio rural, Azambuja chega ao cargo com a promessa de fazer um governo �tico e honesto, sua principal bandeira nesta campanha, em que fez forte oposi��o ao PT desde o primeiro turno.
Seu advers�rio era chamado de "Delc�dio do PT", e seus programas eleitorais criticavam o modo como "o governo federal do PT" deixou de investir em sa�de e seguran�a nas fronteiras.
O discurso fez efeito num Estado agropecuarista e com eleitorado conservador, como analisam especialistas e pol�ticos ouvidos pela Folha.
Mais do que isso, Azambuja resistiu a um bombardeio do advers�rio, que comparou suas biografias, rememorou den�ncias contra o tucano e fez acusa��es no hor�rio eleitoral que renderam quase duas horas de direito de resposta. O PT chegou a reclamar de parcialidade da Justi�a.
Enquanto Delc�dio, senador h� doze anos, expansivo e articulado, ia para o ataque, Azambuja, com jeito s�rio e reservado, rebatia com parcim�nia e acusava o advers�rio de desespero.
"Ele tem esse jeito manso, de bom mo�o. Funcionou", diz o analista pol�tico Eron Brum, doutor em comunica��o e ex-professor da UFMS.
Para al�m do discurso, Azambuja tamb�m mostrou ser forte politicamente, especialmente com um advers�rio como Delc�dio, um dos mais proeminentes pol�ticos do Estado e com forte atua��o no Senado.
O petista se preparava para ser candidato havia doze anos. Conversara com os principais partidos e tinha milh�es de reais em emendas parlamentares obtidas para os munic�pios.
O tucano, deputado federal em primeiro mandato, conseguiu articular sua candidatura com uma "caravana pol�tica", o Pensando MS, que percorreu todos os 79 munic�pios durante um ano, colhendo sugest�es e conversando com l�deres pol�ticos.
Numa das campanhas mais caras do pa�s, com previs�o de gastos de R$ 35 milh�es, Azambuja obteve o apoio da maioria dos prefeitos e conseguiu agregar nove partidos ao seu projeto no segundo turno –Delc�dio ficou com apenas dois.
O apoio do poderoso PMDB, por�m, quase foi seu calcanhar de Aquiles. O partido que hoje governa o Estado n�o apoiou o tucano oficialmente, j� que parte dele declarou neutralidade, inclusive o atual governador Andr� Puccinelli.
Mas Azambuja posou para foto e fez discurso ao lado da fam�lia Trad, uma das mais tradicionais da pol�tica estadual e cujo candidato, Nelsinho Trad, ficou em terceiro lugar na disputa.
Delc�dio partiu para cima. Acusou o tucano de ser "o candidato dos poderosos" e "duas caras", j� que falava de mudan�a e se aliou ao status quo. N�o foi suficiente.
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