Comiss�o aponta 17 centros clandestinos usados na ditadura
A Comiss�o Nacional da Verdade apresentou nesta seginda-feira (7) um estudo que aponta 17 centros clandestinos utilizados em todo o pa�s pelas For�as Armadas na ditadura (1964-85) para torturar presos e desaparecer com os corpos dos militantes executados.
Elaborado pela historiadora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Helo�sa Starling, assessora do grupo, o relat�rio, ainda preliminar, afirma que a cria��o e o funcionamento desses centros faziam parte da pol�tica de enfrentamento dos militares contra os opositores.
Eles eram montados em casas, apartamentos, s�tios e fazendas com a participa��o de militares e, em alguns casos, policiais que atuavam na repress�o. A maioria dos im�veis era emprestada por empres�rios amigos do regime.
De acordo com o organograma apresentado pela comiss�o, todos os centros clandestinos eram de conhecimento dos comandantes do Ex�rcito, Marinha e Aeron�utica. Al�m dos presos que morreram nos locais, o relat�rio identifica os agentes da repress�o que atuaram em cada um deles.
"Os centros n�o eram aut�nomos, subterr�neos ou controlados por paramilitares, como podem sugerir alguns, mas faziam parte da estrutura de intelig�ncia e repress�o da ditadura", afirmou Helo�sa Starling.
O centro mais famoso foi a Casa da Morte, em Petr�polis (RJ), que operou entre 1971 e 74. Pelo menos 14 militantes morreram no local. A �nica sobrevivente � In�s Etienne Romeu, que passou por l� entre maio e agosto de 1971.
Na zona sul de S�o Paulo, a Fazenda 31 de Mar�o era mantida por militares e policiais. Na propriedade, em 1970, morreu sob tortura Joaquim C�mara Ferreira, � �poca o mais importante nome da esquerda armada.
No Par�, durante a campanha do Ex�rcito no combate � guerrilha do Araguaia, pelo menos 24 guerrilheiros foram executados, depois de presos, na Casa Azul. Os restos mortais deles nunca foram encontrados.
Al�m de ocultar a pris�o de opositores, os centros eram usados para sess�es de tortura, execu��es e esquartejamentos, forma de tentar impedir a identifica��o futura dos corpos, conforme relatou � comiss�o um ex-militar.
Mas as casas clandestinas tamb�m eram usadas para cooptar militantes de esquerda e transform�-los em infiltrados dentro das pr�prias organiza��es. O relat�rio aponta uma casa no bairro do Ipiranga, em S�o Paulo, e um apartamento na �rea central de Bras�lia montados com essa finalidade.
De acordo com o estudo, os informantes da esquerda (chamados de "cachorros") frequentavam os centros para passar informa��es, receber instru��es dos agentes e apanhar o dinheiro que recebiam pelos servi�os.
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