Manifesta��o na pra�a da S� deu in�cio � onda dos grandes com�cios
H� 30 anos, S�o Paulo escreveu um novo cap�tulo de sua hist�ria na pra�a da S�, quando cerca de 200 mil pessoas protagonizaram a maior manifesta��o pol�tica do Brasil at� ent�o. Come�ava, no marco zero e durante o 430� anivers�rio da maior cidade do pa�s, a onda dos grandes com�cios pelas Diretas-J�.
Apesar da mobiliza��o nacional in�dita nas semanas seguintes, o sonho de escolher pelas urnas o sucessor do �ltimo presidente militar, Jo�o Baptista Figueiredo (1979-85), terminou na sess�o do dia 25 de abril (que se estendeu at� a madrugada do dia 26), num Congresso cercado por tropas militares.
Foram 298 deputados favor�veis � emenda Dante de Oliveira (1952-2006), que estabelecia a elei��o presidencial direta imediata, contra 181 contr�rios, ausentes ou que se abstiveram. Faltaram 22 votos para a emenda ir ao Senado.
Naquela tarde de 25 de janeiro de 1984, por�m, a vit�ria das Diretas-J� parecia mais palp�vel do que nunca.
Sob forte chuva, a multid�o que tomou a pra�a se espremia para ouvir –ou ao menos tentar, dado o sistema de som insuficiente– quatro horas de discurso dos principais opositores da �poca.
No ato, lado a lado, lideran�as que dominariam o cen�rio pol�tico brasileiro nas d�cadas seguintes: o presidente nacional do PT, Luiz In�cio Lula da Silva, 38, e o senador Fernando Henrique Cardoso (PMDB), 52.
O palanque, t�o apertado como a pra�a, sustentava ainda outros pesos-pesados, como o presidente do PMDB, Ulysses Guimar�es (1916-1992), o "Senhor Diretas", o governador do Rio, Leonel Brizola (1922-2004), do PDT, e o prefeito da cidade, M�rio Covas (1931-2001), do PMDB.
Os tr�s acima, al�m de Lula, seriam candidatos a presidente em 1989, na primeira elei��o direta ap�s a ditadura militar. Perderam para o alagoano Fernando Collor.
O grande ausente foi o governador mineiro, Tancredo Neves (1910-1985), do PMDB. Conciliador, preferiu ciceronear Figueiredo no seu Estado. Um ano depois, foi eleito presidente de forma indireta, pondo fim ao regime militar.
O mais ovacionado do dia foi Lula, segundo relato da Folha no dia seguinte. No discurso, pediu aos petistas que n�o vaiassem outros pol�ticos, que inclu�am at� um deputado do governista PDS.
"Se algu�m tiver de ser vaiado, que seja eu. Vamos trabalhar de forma unit�ria. S� assim vamos poder dizer: o povo, na pra�a, conquistou as elei��es diretas para a Presid�ncia da Rep�blica."
O discurso mais c�lebre do dia veio do governador paulista, Franco Montoro (1916-1999): "H� pouco me perguntaram quantas pessoas est�o nesta pra�a. Trezentos mil? Quatrocentos mil? Aqui est�o 130 milh�es de brasileiros".
Na �poca, jornalistas da Folha estimaram o p�blico em 300 mil pessoas, sem medi��o cient�fica. C�lculo recente do Instituto Datafolha baseado em fotos a�reas indica que o ato atraiu 224 mil pessoas.
� bem prov�vel que a maioria delas n�o tenha ouvido os discursos, o locutor esportivo Osmar Santos, que agiu como mestre de cerim�nias, ou as can��es de artistas como Chico Buarque, Moraes Moreira e Faf� de Bel�m.
"Foi maravilhoso, sem d�vida! Mas a esmagadora maioria dos que compareceram ao com�cio da S� n�o viu nem ouviu nada do que se passou no palanque", disse, em carta publicada na Folha uma semana mais tarde, o leitor Frederico Bussinger, na �poca diretor de opera��es do Metr�. "Ser� que a organiza��o n�o acreditava que viriam mais de 50 mil pessoas?"
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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