Bloco separatista obt�m maioria absoluta em elei��es na Catalunha
Yves Herman/Reuters | ||
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Ex-presidente da Catalunha Carles Puigdemont concede entrevista a jornalistas em Bruxelas, na B�lgica, na quinta (21) |
O bloco separatista conseguiu chegar � maioria absoluta dos assentos nas elei��es catal�s desta quinta-feira (21), e o ex-presidente, Carles Puigdemont, pode se reeleger em uma situa��o ins�lita —acusado por Madri por declarar a independ�ncia, ele est� em Bruxelas.
Com 87% dos votos apurados, o partido Juntos pela Catalunha, de Puigdemont, ter� 34 deputados. Seu aliado Esquerda Republicana ter� 32, enquanto a extrema esquerda da CUP (Candidatura de Unidade Popular) ter� 4. Com isso, eles somar�o 70 cadeiras, em um Parlamento com um total de 135.
A maior sigla, no entanto, ser� a for�a de centro-direita Cidad�os, que conquistou 36 assentos. O Partido Socialista da Catalunha obteve 17, e o conservador Partido Popular —que governa o pa�s, em Madri— angariou 4. Os Comuns, de esquerda, chegaram a 8 deputados.
O Parlamento deve ser formalmente constitu�do at� 23 de janeiro. A partir dessa data, h� uma s�rie de prazos para que legisladores elejam o presidente regional. Se nenhum candidato for aprovado pelos deputados at� 7 de abril, novas elei��es devem ser realizadas.
Apesar da vit�ria do bloco separatista, o governo em si depender� de alian�as, e ainda n�o se sabe como eles v�o lidar com as reivindica��es de independ�ncia —que levaram � dissolu��o do governo anterior e � sa�da de mais de 3.000 empresas da Catalunha nos �ltimos tr�s meses.
Agravando o incerteza, o pr�ximo Parlamento catal�o provavelmente ir� contar com cinco deputados fora do pa�s, incluindo o ex-presidente Carles Puigdemont, e tr�s detidos. N�o est� claro, por exemplo, como eles assumir�o seus assentos ou se poder�o de fato legislar.
Dos 5,5 milh�es de eleitores catal�es, 82% participaram do pleito de quinta, segundo as primeiras proje��es. A taxa � recorde. Em 2015, data da �ltima elei��o catal�, foram 74,9%.
PLEBISCITO
As elei��es foram convocadas pelo primeiro-ministro conservador espanhol, Mariano Rajoy, do Partido Popular, depois do plebiscito separatista de 1� de outubro —que teve a participa��o de 43% do eleitorado e 90% dos votos pelo "sim"— e da declara��o de independ�ncia catal�.
Apesar de toda a expectativa, n�o havia nenhuma movimenta��o excepcional nas ruas de Barcelona, em contraste com os protestos e embates que marcaram os epis�dios mais recentes da crise separatista catal�. Eram poucos os cartazes de campanha, por exemplo.
Nas filas dos locais de voto visitados pela reportagem, tampouco se repetiam as imagens de manifestantes enrolados em bandeiras separatistas ou entoando c�nticos pol�ticos.
As �nicas demonstra��es �bvias eram as fitinhas amarelas na lapela de separatistas, pedindo a liberdade dos pol�ticos detidos desde o referendo de 1� de outubro. "� impens�vel que eles tenham feito campanha sem estar livres", afirmou a eleitora Magnolia Alvarez.
A Catalunha j� possui uma autonomia relativa, com Parlamento pr�prio e uma pol�cia regional, os Mossos d'Esquadra, mas o movimento separatista pede a independ�ncia total.
A quest�o se tornou urgente quando catal�es votaram no plebiscito de 1� de outubro, considerado ilegal pela Justi�a espanhola. Houve embates entre eleitores e as for�as de seguran�a espanholas. O governo regional fala em quase 900 feridos, o que Madri contesta.
O Parlamento catal�o declarou sua independ�ncia de maneira unilateral em 27 de outubro. Em resposta, o governo de Mariano Rajoy destituiu o governo local, convocou as elei��es desta quinta-feira (21) e acusou a lideran�a catal� de crimes como subleva��o e rebeli�o.
Apesar de catal�es terem votado no Parlamento que em tese legislar� pelos pr�ximos quatro anos sobre temas que incluem sa�de e educa��o, o "monotema" –no jarg�o do pa�s– foi o independentismo que marcou as campanhas e a aten��o do p�blico na regi�o.
"Fomos pegos em uma armadilha", disse � Folha Carlos Pallarol, que votou em Barcelona. "O marco eleitoral se situou somente nesse eixo nacional e territorialista, e n�o houve debate sobre as quest�es p�blicas fundamentais, que ficaram relegadas ao segundo plano."
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