Direita nacionalista fala em 'nova era' ao estrear no Parlamento alem�o
Odd Andersen/AFP | ||
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A chanceler alem�, Angela Merkel (de costas), � observada pelos l�deres da AfD, Alice Weidel e Alexander Gauland, no Bundestag, em Berlim |
A direita nacionalista alem� prometeu uma "nova era" no pa�s em sua estreia, nesta ter�a-feira (24), na c�mara baixa do Parlamento em Berlim, onde pretende dificultar a vida da chanceler Angela Merkel sobre quest�es como a imigra��o e o euro.
"O povo decidiu, uma nova era est� come�ando agora", declarou Bernd Baumann, um dos representantes dos 92 deputados do partido anti-imigra��o Alternativa para a Alemanha (AfD), na reuni�o inaugural do novo Bundestag, ap�s as elei��es de 24 de setembro.
Nunca na hist�ria p�s-guerra da Alemanha o Parlamento contou com tantos representantes da direita nacionalista.
Durante a sess�o inaugural, o AfD se apresentou como v�tima da ostraciza��o dos outros partidos.
Baumann denunciou "as manobras" para evitar que um deputado do AfD discursasse. Esta tarefa deveria caber ao decano da assembleia, neste caso um deputado do partido, Wolfgang von Gottfried, de 77 anos.
Mas este homem chamou o Holocausto de "mito". O Bundestag manobrou e mudou as regras: agora o decano j� n�o � o mais velho em idade, mas o eleito h� mais tempo, neste caso Hermann-Otto Solms, um liberal de 76 anos.
O AfD chegou a comparar o seu tratamento com o reservado pelos nazistas aos seus advers�rios no Parlamento em 1933. "Desde 1848, a tradi��o � que a sess�o inaugural � aberta pelo parlamentar mais velho (...) houve apenas uma exce��o", quando, em 1933, o dignit�rio nazista "Hermann G�ring quebrou essa regra porque queria desconsiderar advers�rios pol�ticos", afirmou Baumann.
Ao se comparar �s v�timas de G�ring, "voc� excedeu os limites do bom senso", retrucou Marco Buschmann, do partido liberal FDP.
O AfD "n�o teve vergonha de se colocar no mesmo n�vel do que as v�timas do nacional-socialismo", ressaltou o deputado ecologista J�rgen Trittin.
A irrup��o da direita nacionalista anuncia uma mudan�a na vida pol�tica alem�, acostumada h� d�cadas com debates mais frequentemente policiados entre os partidos que, ao mesmo tempo, governaram em coaliz�es, tornadas necess�rias pelo modo de vota��o proporcional.
Apesar de vitoriosa com seu partido conservador nas legislativas, Angela Merkel est� em uma posi��o enfraquecida para seu quarto mandato, pelo pior resultado de sua fam�lia pol�tica desde 1949.
TERCEIRA FOR�A
O AfD � a terceira for�a pol�tica do novo Bundestag. Com 12,6%, conseguiu uma pontua��o in�dita para um partido deste tipo na hist�ria p�s-guerra, aproveitando-se da insatisfa��o dos eleitores com a chegada de mais de um milh�o de requerentes de asilo.
A primeira sess�o do novo Bundestag tamb�m foi a ocasi�o de eleger o seu novo presidente, o ex-ministro das Finan�as conservador Wolfgang Sch�uble, de 75 anos, que goza de um amplo apoio entre os partidos e ser� encarregado de supervisionar os acalorados debates futuros.
"Ningu�m representa o povo sozinho", lan�ou ao AfD. Ele tamb�m pediu aos deputados "que evitem brigas, inclusive verbais".
O dia tamb�m deve ser marcado por outra troca de farpas com o AfD em torno da elei��o dos vice-presidentes.
Como grupo parlamentar, o AfD tem direito a um desses postos. Mas os outros partidos se op�em ao candidato proposto, Albrecht Glaser, devido � sua posi��o sobre o Isl�: ele qualificou a religi�o como uma "ideologia" que n�o respeita a liberdade de religi�o garantida pela Constitui��o.
A chegada do partido no Parlamento constitui um choque para uma grande parte da opini�o alem� ainda assombrada pela mem�ria do nazismo.
Um dos dois l�deres do AfD no Bundestag, Alexander Gauland, prometeu uma "ca�a � Angela Merkel". Sua alter ego, Alice Weidel, quer criar uma comiss�o de investiga��o parlamentar sobre a acolhida de refugiados.
De imediato, a c�mara n�o ter� muito o que fazer, porque o governo atual de Merkel entra oficialmente nesta ter�a-feira em fase "de assuntos correntes" at� que o novo deja formado.
Dif�ceis negocia��es come��o entre tr�s forma��es pol�ticas: os conservadores da chanceler, os liberais do FDP e os ecologistas. Elas devem durar at� o final do ano, ou mesmo se estender em 2018.
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