Aung San Suu Kyi rompe sil�ncio sobre persegui��o de minoria rohingya
A l�der de fato do Mianmar, Aung San Suu Kyi, rompeu o sil�ncio sobre a situa��o da minoria mu�ulmana rohingya no pa�s.
Em seu primeiro discurso nacional desde o in�cio da mais recente onda de viol�ncia, Suu Kyi afirmou que a "grande maioria" dos mu�ulmanos que moravam na regi�o dos embates n�o deixou seus lares e que "mais de 50% dos vilarejos est�o intactos".
Ela convidou diplomatas a visitarem �reas afetadas e disse que o Mianmar n�o teme o escrut�nio internacional.
Aproximadamente 421 mil rohingyas cruzaram a fronteira para Bangladesh desde o final de agosto, segundo a ONU, fugindo de uma campanha de repress�o do Ex�rcito birman�s em resposta a ataques de rebeldes da minoria mu�ulmana.
Referindo-se �s �ltimas duas semanas, Suu Kyi afirmou que "n�o houve nenhum confronto armado e nenhuma opera��o de remo��o foi realizada". "De toda forma, estamos preocupados com o n�mero de mu�ulmanos que est�o fugindo para Bangledesh", declarou.
"Queremos entender por que esse �xodo est� acontecendo. Gostar�amos de conversar com aqueles que fugiram e tamb�m com aqueles ficaram [em Mianmar]", disse.
Durante seu discurso na capital Naypyitaw, a l�der de fato buscou tranquilizar diplomatas estrangeiros. Ela os assegurou de que as pessoas que fugiram para Bangladesh seriam autorizadas a regressar ao Mianmar, desde que passassem um teste de "verifica��o".
O fundador da ONG Arakan Project (antigo nome do Estado de Rakhine), Chris Lewa, disse que as regras do governo para verificar a nacionalidade dos rohingya s�o muito r�gidas, e exigem documentos emitidos h� d�cadas.
"Muitas pessoas j� perderam seus documentos nos inc�ndios e muitas crian�as nunca foram registradas", disse.
Desde 1982 os rohingyas n�o s�o reconhecidos como cidad�os de Mianmar.
Majoritariamente budistas, muitos birmaneses alegam que os rohingyas s�o uma etnia implantada durante a coloniza��o brit�nica, que trouxe milhares de trabalhadores mu�ulmanos de Bangladesh.
Em entrevistas realizadas em Bangladesh pelo Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), rohingyas contaram que casas queimadas, estupros, torturas, assassinatos, deten��es ilegais e desapari��es for�adas s�o pr�ticas recorrentes das for�as armadas birmanesas.
Imagens de sat�lite divulgadas pela ONG Human Rights Watch mostram que 700 constru��es foram queimadas em 17 vilarejos no Estado de Rakhine, que abriga a minoria, na primeira semana do conflito com o Ex�rcito, no fim de agosto.
O diretor regional da ONG Anistia Internacional chamou as declara��es de Suu Kyi de "uma mistura de inverdades e culpabiliza��o das v�timas".
"H� provas fartas de que as for�as de seguran�a est�o engajadas em uma campanha de limpeza �tnica", afirmou Gomes. "Embora tenho sido positivo saber que Aung San Suu Kyi condena as viola��es de direitos humanos no Estado de Rakhine, ela continuar sem se pronunciar sobre o papel das for�as de seguran�a", disse.
No campo de refugiados de Kutupalong, Abdul Hafiz contou que os rohingyas confiaram mais em Suu Kyi do que nos militares que, al�m de terem governado o pa�s por mais de cinco d�cadas, mantiveram Suu Kyi em pris�o dom�stica por muitos anos.
Depois do ocorrido nas �ltimas semanas, ele a chama de "mentirosa" e diz que os rohingyas est�o sofrendo mais do que nunca.
Suu Kyi recentemente cancelou sua ida � Assembleia Geral da ONU –uma decis�o vista como uma tentativa de evitar as cr�ticas internacionais que vem sofrendo desde o in�cio da onda de viol�ncia contra a minoria.
Tanto o secret�rio-geral, Antonio Guterres, quanto o alto comiss�rio da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, haviam denunciado que o tratamento de Mianmar aos rohingyas correspondia a uma limpeza �tnica.
Vencedora do pr�mio Nobel da Paz de 1991 por sua resist�ncia pac�fica contra o regime ditadorial em Mianmar, Suu Kyi tem enfretado cr�ticas da comunidade internacional.
No ano passado, v�rios laureados com o Nobel –incluindo Malala Yousafzai, Desmond Tutu e 11 outros– assinaram carta aberta "alertando sobre o potencial genoc�dio" dos rohingyas.
Cr�ticos de Suu Kyi a culparam pela crise e pediram que seu pr�mio Nobel fosse revogado.
O governo de Bangladesh recentemente anunciou que construir� 14 mil novos abrigos para receber os milhares de rohingyas rec�m-chegados.
Antes da escalada da viol�ncia, o pa�s j� contava com dois campos de refugiados que abrigavam cerca de 400 mil refugiados de Mianmar.
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