Sean Spicer renuncia ao cargo de porta-voz da Casa Branca
Mandel Ngan - 8.mai.2017/AFP | ||
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O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, em maio |
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, renunciou na manh� desta sexta-feira (21). Segundo o "New York Times", Spicer "discordou veementemente" da indica��o do gestor de fundos de investimento, Anthony Scaramucci, para diretor de comunica��o.
Cerca de uma hora depois de a imprensa noticiar sua decis�o, Spicer escreveu em sua conta no Twitter que permanecer� no cargo at� agosto.
"Foi uma honra e um privil�gio servir @POTUS @realDonalTrump [os dois perfis do presidente Trump no Twitter] e esse pa�s incr�vel. Vou continuar com meu trabalho at� agosto", disse.
Trump ofereceu o posto de diretor de comunica��o, vago desde 30 de maio, a Scaramucci por volta das 10h da manh�, e ele j� teria aceito, segundo a CNN. De acordo com o "Times", Spicer considerou a decis�o "um grande erro".
No �ltimo m�s, Spicer n�o estava mais t�o presente nos briefings di�rios, que agora raramente podem ser transmitidos pela TV.
O porta-voz deixa a Casa Branca ap�s seis meses e um dia de governo Trump. E ele foi, desde o primeiro dia deste governo, um de seus integrantes mais pol�micos.
No dia seguinte � posse de Trump, ele teve seu primeiro confronto com a imprensa, questionando a cobertura "vergonhosa e errada" e as imagens divulgadas da cerim�nia, que mostravam um p�blico bem menor que o que compareceu � posse de Barack Obama em 2008.
Na ocasi�o, Spicer disse que as fotos da cerim�nia tinha sido "enquadradas intencionalmente para minimizar o enorme apoio" que Trump teve durante a posse, no National Mall. "Foi a maior audi�ncia j� testemunhada em uma posse, ponto", afirmou.
As respostas atravessadas aos jornalistas viraram uma boa fonte de piadas para os programas humor�sticos –em especial, para o "Saturday Night Live", com a famosa interpreta��o de Spicer pela comediante Melissa McCarthy.
O porta-voz cometeu tamb�m diversas gafes, como quando chegou a sugerir que o regime s�rio era pior do que o de Adolf Hitler, porque o ex-l�der nazista "n�o teria usado armas qu�micas". Spicer depois se retratou em frente �s c�meras.
No tumultuado in�cio do governo Trump, as entrevistas coletivas de Spicer eram transmitidas praticamente todos os dias e chegaram a bater em audi�ncia, em fevereiro, a programa��o vespertina de redes como ABC e CBS, segundo o instituto Nielsen.
Mas, em maio, come�aram as especula��es de que Spicer poderia sair diante da insatisfa��o de Trump com seu trabalho –apesar da defesa inequ�voca feita pelo porta-voz, mesmo diante de vers�es contradit�rias das falas do presidente.
Na �poca, a vice-porta-voz, Sarah Sanders, come�ou a dividir com Spicer os briefings di�rios com jornalistas na Casa Branca e foi ela quem enfrentou as c�meras no dia seguinte � demiss�o, por Trump, do diretor do FBI, James Comey, em 10 de maio.
Durante a visita de Trump ao Vaticano, tamb�m naquele m�s, assessores teriam se surpreendido com o fato de o presidente cortar, na �ltima hora, o porta-voz –o �nico cat�lico praticante de sua equipe– do encontro com o papa Francisco.
'PIOR TRABALHO DA CIDADE'
Ficar na linha de frente da guerra entre Trump e a imprensa americana n�o � trabalho simples. Antes mesmo da posse, a conservadora Jennifer Rubin, colunista do "New York Times", descreveu a fun��o de Spicer como o "pior trabalho da cidade".
"Ele tem a tarefa desagrad�vel de explicar o que seu chefe diz –antes de ser cortado pelo pr�ximo tu�te de Trump ou de outra confus�o", escreveu, em janeiro.
Mike Dubke, que deixou o cargo de diretor de comunica��o em maio, s� aguentou tr�s meses no posto –e nem enfrentava os jornalistas diariamente. Na aus�ncia de um diretor de comunica��o nos outros tr�s meses do governo Trump, foi Spicer quem acumulou as fun��es.
O diretor de comunica��o � respons�vel por coordenar a estrat�gia de comunica��o da Casa Branca e est� acima do porta-voz.
"� mais dif�cil assumir essa fun��o [de comunica��o] sob Trump porque ele � totalmente indisciplinado em sua pr�pria comunica��o, em geral se contradiz e faz acusa��es que n�o podem ser comprovadas", disse Robert Entman, professor de Comunica��o Pol�tica da George Washington University, � Folha em maio.
Entman ainda observa que Trump n�o estabeleceu uma clara hierarquia na �rea, com outros assessores –como Kellyanne Conway– muitas vezes assumindo a fun��o de responder, de forma desastrada, � imprensa.
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