Trump anuncia que est� 'cancelando' acordo de Obama com Cuba
Joe Raedle/Getty Images/AFP | ||
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Donald Trump discursa em Miami sobre o "cancelamento" do acordo de aproxima��o com Cuba |
Em discurso com fortes ecos da Guerra Fria, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse estar "cancelando" o acordo de aproxima��o com Cuba firmado por seu antecessor, Barack Obama, e afirmou que os EUA n�o v�o ficar quietos diante da "opress�o comunista".
"Estou cancelando completamente o acordo de Obama com Cuba", disse Trump a uma plateia cheia de exilados cubanos, em Miami (Fl�rida, sul dos EUA). "Ao facilitar as viagens e o com�rcio com Cuba, o acordo do governo anterior n�o ajuda o povo cubano, s� enriquece o governo, porque os lucros v�o diretamente para os militares. O resultado � mais repress�o", disse o republicano.
No discurso, Trump abordou algumas das medidas queforam adiantadas por funcion�rios da Casa Branca na quinta-feira. A Casa Branca baixou restri��es para viagens de americanos a Cuba e a proibi��o de transa��es comerciais entre empresas americanas e entidades militares cubanas.
Por entidades militares cubanas entende-se todas as empresas parcialmente controladas ou com participa��o da Gaesa, que pertence �s For�as Armadas Revolucion�rias e � presidida pelo genro de Ra�l Castro.
Segundo estimativas conservadoras, a Gaesa controla mais de 60% da economia cubana –incluindo 57 hot�is e o porto de Mariel, em associa��o com a Odebrecht, supermercados, casas de c�mbio, bancos, construtoras, lojas de roupas e outros.
Al�m disso, deve ficar mais dif�cil para cidad�os americanos viajarem para Cuba. Com Obama, foram criadas 12 categorias que permitiam a n�o cubano-americanos visitar a ilha, entre elas visitas familiares, pesquisa profissional e atividades educacionais. Os pr�prios viajantes tinham de descrever o prop�sito de sua viagem.
Com a mudan�a, o Departamento do Tesouro ir� verificar se os viajantes realmente se enquadram em alguma das 12 categorias autorizadas. Haver� maiores restri��es para os chamados "interc�mbios pessoa a pessoa".
Segundo o memorando publicado pela Casa Branca, os departamentos do Tesouro e do Com�rcio v�o iniciar o processo de publica��o das novas regulamenta��es dentro de 30 dias. As mudan�as n�o v�o entrar em vigor at� que as regulamenta��es sejam conclu�das por Tesouro e Com�rcio.
O governo cubano criticou a "ret�rica hostil" de Trump ao anunciar as medidas, mas insistiu em sua vontade de continuar o di�logo "respeitoso" com Washington.
Em nota, o Minist�rio das Rela��es Exteriores declarou que "Cuba denuncia as novas medidas de endurecimento do bloqueio, que est�o destinadas a fracassar", mas "reitera sua vontade de continuar o di�logo respeitoso e a coopera��o em temas de interesse m�tuo".
EMBAIXADAS ABERTAS
No entanto, a maior parte do acordo de Obama, firmado em dezembro de 2014, ficou intacta. As rela��es diplom�ticas entre os dois pa�ses ser�o mantidas. As embaixadas em Washington e Havana seguir�o abertas, e os EUA continuar�o a ter apenas um encarregado de neg�cios, e n�o um embaixador, em Cuba.
As remessas e viagens de cubano-americanos tampouco ser�o afetadas.
No discurso, Trump chamou v�rios exilados cubanos e agradeceu a ajuda do senador republicano Marco Rubio, cubano-americano que foi seu rival na campanha presidencial, e o deputado Mario Diaz-Balart, representante do lobby anti-Castro.
Tamb�m agradeceu a Berta Soler, l�der do grupo dissidente Damas de Branco, dizendo que ela foi impedida de comparecer pelo regime cubano.
Agressivo, o presidente americano chamou o governo de Ra�l Castro de "brutal" e disse que o regime "comete crimes a servi�o de uma ideologia depravada".
"Exilados testemunharam como o comunismo destr�i uma na��o. O comunismo destruiu todos os pa�ses onde esteve. N�o ficaremos quietos diante da opress�o comunista."
Trump disse que quer ter paz em "nosso hemisf�rio" e acusou Cuba de semear o caos na Venezuela e de enviar armas para a Coreia do Norte, al�m de apoiar tr�fico de pessoas e de drogas.
O presidente afirmou ainda que as san��es contra Cuba n�o ser�o retiradas at� que todos os prisioneiros pol�ticos da Ilha sejam libertados, todos os partidos pol�ticos sejam legalizados e que sejam marcadas elei��es livres e com supervis�o internacional.
"Vamos restringir fortemente o fluxo de d�lares para os militares cubanos e fazer valer o embargo e o veto a turismo ", disse o republicano.
"Desafiamos o governo de Cuba a se sentar � mesa de negocia��o e apresentar um novo acordo", acrescentou.
Em dezembro de 2014, Obama anunciou o acordo de reaproxima��o entre Cuba e EUA, 53 anos ap�s os dois pa�ses terem rompido rela��es diplom�ticas. Oito meses depois, foi reaberta a embaixada americana em Havana, e no final de 2016, pousou na capital cubana o primeiro voo comercial regular entre os dois pa�ses.
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