Jovem, Macron personifica o sistema que deseja mudar
Eric Fefeberg - 23.abr.2017/AFP | ||
Emmanuel Macron, favorito na elei��o da Fran�a |
"Ele parece um pouco estranho", disse certa feita Michel Houellebecq sobre o candidato centrista Emmanuel Macron, favorito �s elei��es francesas deste domingo (7).
O autor de "Submiss�o" confessava sua fascina��o por um personagem que, nunca antes eleito a um cargo p�blico, pode ser o pr�ximo presidente da Fran�a.
Macron � uma das figuras mais mutantes –outro termo usado por Houellebecq– que surgiram na pol�tica francesa recente, personificando ao mesmo tempo o sistema e o desejo de mud�-lo. Essa � uma das contradi��es que fortalecem sua candidatura.
Ele foi ministro da Economia do governo socialista de Fran�ois Hollande, que deixou em 2016 para lan�ar seu movimento. A plataforma, Em Frente!, agregou eleitores desgostosos com a pol�tica.
O centrista convence, em especial, com sua vis�o de uma Fran�a cada vez mais integrada � Uni�o Europeia, raz�o pela qual recebeu o apoio de gigantes como a chanceler alem�, Angela Merkel, e o ex-presidente americano Barack Obama.
Macron nasceu em 1977 em Amiens, no norte da Fran�a, onde cresceu cercado de mimos e aten��o. Uma biografia escrita por Anne Fulda afirma que "ele foi sempre o escolhido, reconhecido como o melhor". A constante admira��o por sua intelig�ncia lhe dotou, diz a jornalista, de "um impercept�vel sentimento de superioridade, uma inabalada cren�a em seu destino".
� a convic��o que pode lev�-lo ao Pal�cio do Eliseu neste domingo aos 39 anos de idade.
A juventude � um de seus trunfos, assim como o porte de gal�, com amplo sorriso e os dentes da frente separados � la Madonna, lhe dando a qualidade magn�tica que nem todos os pol�ticos t�m.
A revista gay "Gar�on" publicou em sua edi��o de maio uma pesquisa sobre com que candidato os eleitores iriam � cama. Macron teve 68% dos votos. O segundo lugar, o socialista Beno�t Hamon, encalhou em 17%.
Ao contr�rio de alguns de seus rivais, Macron defendeu em sua campanha propostas socialmente liberais. O conservador Fran�ois Fillon foi apoiado por uma organiza��o homof�bica.
Outro trunfo � sua intelectualidade vers�til. Ele estudou filosofia e administra��o e fez mestrado em gest�o p�blica. Em suas entrevistas, cita pensadores como Arist�teles e Immanuel Kant.
Antes da pol�tica, ele tentou a literatura, escrevendo em sua juventude o �pico "Babil�nia, Babil�nia", sobre a conquista do imp�rio asteca. O texto segue in�dito.
APOSTA
Apesar de significar uma certa renova��o do panorama pol�tico –seria a primeira elei��o de um candidato independente–, Macron � uma aposta de reforma limitada. Ele recebeu o apoio dos grandes partidos e precisar� contar com o aparato de governo preexistente se tiver a chance de operar o pa�s. Seu movimento tem apenas um ano de vida e � movido por ativistas sem experi�ncia.
Macron defende tamb�m propostas que podem ser dif�ceis de implementar. O candidato quer rever a jornada de 35 horas semanais e facilitar demiss�es. Os sindicatos j� preparam seus protestos.
Outro de seus atritos com o eleitorado � sua dificuldade em se apresentar como um representante do povo, tendo trabalhado para o banco Rothschild –recebeu 2,8 milh�es de euros (R$ 10 milh�es) de 2008 a 2012.
Al�m disso, Macron foi formado em uma institui��o que � s�mbolo da elite: a ENA (Escola Nacional de Administra��o), por onde passaram os presidentes Jacques Chirac e Fran�ois Hollande.
"Mas ele me inspirou com sua vis�o e com seu desejo de tomar riscos", afirma � Folha o professor americano Lex Paulson, radicado em Paris e um dos consultores da campanha. "Ele quer inovar o sistema pol�tico, como Obama. � uma aposta enorme."
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis