Visita de presidente chin�s a Trump demarcar� rela��o entre pot�ncias
Para o encontro com o presidente chin�s, Xi Jinping, que promete ser o mais complicado desde que assumiu o poder, Donald Trump escolheu um lugar em que se sente � vontade: o resort de Mar-a-Lago, na Fl�rida.
O conforto e o clima mais descontra�do de que desfrutar�o a partir desta quinta (6), no entanto, n�o s�o garantia de uma conversa amistosa, pontuada por temas como Coreia do Norte e o enorme deficit americano com Pequim.
Diante da complexa agenda entre as duas maiores economias mundiais, que somam 40% do PIB global, e da posi��o de dois l�deres dispostos a projetar poder para seus p�blicos internos, a expectativa � que o encontro de dois dias termine sem grandes concess�es e an�ncios.
Rela��o EUA X China - Balan�a comercial, em US$ bilh�es
A Coreia do Norte, ao lan�ar um m�ssil bal�stico sobre o Mar do Jap�o nas v�speras da reuni�o, estabeleceu o programa nuclear do seu pa�s como tema principal da conversa entre Trump e Xi.
Nesta quarta (5), o presidente americano disse que o regime de Pyongyang � um "grande problema" para os dois pa�ses. "Vou me reunir com o presidente da China em breve, e essa � uma responsabilidade que temos, chamada Coreia do Norte."
Antes, Trump dissera em entrevista ao "Financial Times" que se a China n�o "resolvesse" a quest�o norte-coreana, os EUA resolveriam.
Segundo o Departamento de Estado, os EUA querem que a China aplique san��es a empresas chinesas que negociarem com o pa�s.
"Precisamos fazer algo para mudar a situa��o e obter resultados. Esperamos que os chineses se envolvam nisso", disse Susan Thornton, secret�ria de Estado assistente para �sia Oriental.
O diretor de Estudos de China da Universidade Johns Hopkins, David Lampton, aposta que os dois l�deres manifestar�o preocupa��o com a escalada norte-coreana, mas s�. "Duvido que a China mude sua relut�ncia em dar passos que alterariam a determina��o da Coreia do Norte de obter um robusto arsenal nuclear", disse � Folha.
O pr�prio Trump tentou reduzir as expectativas para o encontro ao tuitar, na sexta (31), que a conversa com o chin�s ser� "muito dif�cil".
Um alto diplomata americano disse a jornalistas que o "esp�rito" da visita de Xi n�o � chegar a "grandes resultados", mas "desenvolver uma rela��o" entre os l�deres.
O pesquisador David Dollar, do centro sobre China do Instituto Brookings, destaca que o fato de o encontro se realizar de forma t�o precipitada –quando ainda o governo Trump n�o definiu sua estrat�gia para Pequim– tamb�m deve ser um obst�culo.
"N�o houve tempo para estabelecer uma base de trabalho para nenhum acordo que estabele�a avan�os", diz. "Mas ainda � uma boa ideia que os dois presidentes se re�nam para esclarecer suas prioridades na rela��o."
Li Tao/Xinhua | ||
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O presidente chin�s, Xi Jinping, durante evento em novembro de 2016 |
FARPAS
O encontro tamb�m pode servir para acalmar os �nimos ap�s a s�rie de ataques de Trump a Pequim durante a campanha eleitoral e de seu telefonema � presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, ap�s sua elei��o, indicando que poderia rever o apoio americano � pol�tica da "China �nica" (Pequim considera a ilha um territ�rio rebelde).
Em fevereiro, por�m, Trump telefonou a Xi para dizer que mantinha o compromisso de n�o reconhecer a independ�ncia de Taiwan.
O telefonema ocorreu ap�s gest�es do genro e assessor de Trump, Jared Kushner, cuja fam�lia negociava um acordo de US$ 400 milh�es com uma firma chinesa ligada a l�deres do governo para uma constru��o em Nova York.
Os dois lados desistiram do neg�cio ap�s acusa��es de conflito de interesses.
Rela��o EUA X China - Como os americanos veem a China
"Trump usou a China como saco de pancadas durante sua campanha, e agora tem o desafio de permanecer cr�vel em sua base pol�tica enquanto se move em dire��o uma pol�tica mais realista com Pequim", diz Lampton.
Trump, entre outras coisas, acusou o governo em Pequim de manipular o c�mbio de sua moeda, de manter rela��es comerciais abusivas com os EUA e de "roubar" empregos americanos.
Na �ltima sexta (31), o republicano assinou um decreto orientando o Departamento do Com�rcio a listar pa�ses que usavam pr�ticas unilaterais injustas contra os americanos, num recado � China, que tem um superavit de US$ 347 bilh�es na balan�a.
Trump, contudo, descumpriu a promessa de declarar a China "manipuladora do c�mbio" t�o logo chegasse � Casa Branca, no que pode ser lido como um aceno t�mido ou um recuo realista diante de poss�veis consequ�ncias.
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TEMAS ESPINHOSOS
Coreia do Norte
�s v�speras da visita, Pyongyang disparou um m�ssil bal�stico sobre o Mar do Jap�o; Trump quer compromisso de Pequim para pressionar o regime norte-coreano -o que dificilmente ocorrer�
C�mbio
Durante a campanha, Trump disse que declararia a China como manipuladora cambial, assim que assumisse o poder. Ainda n�o cumpriu a promessa, que abriria espa�o para poss�vel san��o ao pa�s
Deficit
Trump assinou um decreto para identificar rela��es comerciais "abusivas", num recado a Pequim, que tem superavit de US$ 347 bi com os EUA. Na campanha, prometeu taxar em 45% a importa��o de itens chineses
Mar do Sul da China
Na campanha, Trump criticou a constru��o de ilhas artificiais no estrat�gico Mar do Sul da China, reivindicado por v�rios pa�ses; � dif�cil que haja alguma declara��o dos dois sobre o tema
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