Imagem negativa � maior rival de Hillary em disputa pela Casa Branca
Hillary Clinton costuma dizer que n�o teme uma guerra de lama com Donald Trump num confronto direto pela Presid�ncia dos EUA porque 40 anos na vida p�blica a tornaram imune a qualquer ataque. Enquanto o prov�vel duelo se aproxima, analistas divergem sobre um aspecto central de sua biografia: qual a origem da hist�rica percep��o negativa de Hillary?
Mesmo com trunfos consider�veis, como a experi�ncia e o apoio do presidente Barack Obama, e diante de um rival com �ndices de rejei��o ainda maiores, a imagem de mau car�ter a persegue. Dois ter�os do p�blico n�o consideram Hillary confi�vel, dizem as pesquisas; "desonesta" � a palavra preferida para descrev�-la.
Hillary � a maior inimiga de Hillary, diz o analista David Bernstein, do site "Politico". Ap�s super�-la nas pesquisas pela primeira vez, Trump parece ter um claro caminho at� a Casa Branca, pavimentado pela rejei��o � rival e uma conjun��o de fatores favor�veis.
O quadro se inverteu, lembra Bernstein: enquanto os caciques republicanos come�am a se mobilizar em torno de Trump, Hillary n�o consegue unir os democratas.
Segundo levantamento do instituto YouGov, s� 55% dos simpatizantes de Bernie Sanders, que disputa a candidatura democrata com Hillary, est�o dispostos a votar nela.
HILLARY CLINTON, 68 - DEMOCRATA - 43,8% nas pesquisas
Alguns v�o al�m. Simpatizante do movimento "Nunca Hillary", a antrop�loga Adrienne Pine, da American University, est� "aterrorizada" com a possibilidade de Trump chegar � Presid�ncia, mas o considera um mal menor.
"As prioridades dela est�o alinhadas com a elite branca dos EUA e n�o com as pessoas que ela apoia s� nos discursos, como mulheres, pobres e a comunidade LGBT. Suas a��es no passado contradizem o que fala", disse � Folha, citando como exemplo o casamento gay. "Era contra e s� o apoiou quando isso se tornou popular."
A antrop�loga tamb�m acha que Hillary na Presid�ncia � pren�ncio de uma pol�tica externa intervencionista na Am�rica Latina. Pine � particularmente cr�tica ao apoio de Hillary ao golpe que em 2009 derrubou o presidente eleito de Honduras, Manuel Zelaya. "Ela ajudou a delinear o modelo de golpe parlamentar que depois seria usado no Paraguai, em 2012, e agora no Brasil", disse.
E-MAILS POL�MICOS
Um trope�o mais conhecido em pol�tica externa, e que hoje Hillary admite ter sido um erro, foi seu apoio � invas�o do Iraque. Ap�s 14 anos e 250 mil mortos, o voto favor�vel � guerra � hoje lembrado por Sanders como um exemplo de que n�o basta ter experi�ncia, � preciso saber tomar a decis�o certa.
Um erro mais recente admitido por Hillary ainda promete lhe dar muitas dores de cabe�a nessa campanha, quando ela for confirmada como a candidata democrata. O uso de um servidor privado para enviar mensagens oficiais quando era chanceler virou alvo de investiga��o do FBI e de duras cr�ticas de uma auditoria aut�noma do governo. O desvio serve de muni��o para os ataques de Trump e potencializa o apelido que tem usado para descrev�-la: "Hillary trapaceira".
David Brooks, colunista do "New York Times", arrisca que a impopularidade de Hillary n�o � fruto de seu car�ter duvidoso, mas da sisudez. "Algu�m sabe o que ela faz para se divertir?", indaga, sugerindo que o foco excessivo em trabalho n�o ajuda a atrair simpatia. "Para quem v� de fora � dif�cil ver uma pessoa. Ela � um cargo."
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