Mulher do presidente peruano, Nadine Heredia influencia governo do pa�s
Nas �ltimas semanas de mar�o, os jornais peruanos s� estampavam um tema em suas manchetes.
Por meio de supostas fontes diplom�ticas, jamais provadas, afirmavam que o presidente do pa�s, Ollanta Humala, havia tido um filho fora do casamento –acusa��o desmentida por ele.
Mais que pura fofoca, o fato, se confirmado, poderia definir os rumos da elei��o de 2016: sua mulher e principal aliada pol�tica, Nadine Heredia, est� impedida de disputar a Presid�ncia enquanto for casada com Humala. Um suposto filho ileg�timo poderia ser motivo para um div�rcio, e seu caminho estaria livre para alcan�ar o posto.
"Trata-se de um governo que perdeu a base de apoio pol�tico e agora tra�a estratagemas para fixar-se no poder. No caso do filho, n�o h� certeza de quem plantou a not�cia, mas os peruanos j� n�o acreditam em qualquer coisa que escutam. A popularidade de Nadine est� em queda radical", diz o editor da revista "Poder", David Rivera.
N�o � de hoje que Nadine � uma esp�cie de obsess�o nacional.
Soci�loga com s�lida forma��o acad�mica e passado de engajamento na esquerda nacionalista, int�rprete de can��es de protesto quando estudante, essa mulher de 37 anos e m�e dos tr�s filhos de Humala desde cedo sinalizava querer protagonismo no projeto do marido.
No governo, Nadine tornou-se a principal articuladora de Humala no Congresso. Esteve por tr�s de aprova��es de leis, mudan�as no minist�rio (cinco em dois anos) e "fritura" de ex-aliados.
Na �ltima troca de gabinete, o Congresso se revoltou contra a inger�ncia da primeira-dama e resolveu barrar a mudan�a; o veto s� foi suspenso ap�s a interven��o do escritor Mario Vargas Llosa, Nobel de Literatura peruano.
Vargas Llosa j� disse que apoiaria uma candidatura de Nadine, mas s� em 2021, quando ela poderia disputar sem ter de se divorciar: "Est� mais que na hora de o Peru ter uma presidente mulher". Por ora, a primeira-dama nega que queira se candidatar.
'M�E DOS POBRES'
Al�m da atua��o pol�tica, Nadine veste-se de ind�gena quando visita os bairros mais humildes, emociona-se com as crian�as, e posa, � sua maneira, como uma m�e dos pobres, aos moldes de Eva Per�n (1919-1952) na Argentina.
A compara��o com a Argentina move os duros ataques do ex-presidente Alan Garc�a. Ele acusa o casal de tentar a mesma t�tica dos argentinos N�stor (1950-2010) e Cristina Kirchner.
Para Nadine, os ataques s�o de machistas que n�o suportam ver uma mulher em outro papel que n�o o de dona de casa.
Segundo o instituto de pesquisa Ipsos, 66% dos peruanos acreditam que a primeira-dama esteja afetando o desempenho do governo.
"Ela supre a falta de apoio que Humala n�o consegue obter pela via democr�tica", diz � Folha o pesquisador de Harvard Steven Levitsky.
J� para Julio Carri�n, da Universidade de Delaware, o "Peru tem uma copresidente atualmente. Isso n�o ajuda a democracia. O presidente Humala � respons�vel diante de seu eleitorado e do Congresso; Nadine Heredia, n�o".
Devido �s acusa��es de acumular superpoderes, a aprova��o de Nadine caiu muito –ela chegou a at� 20 pontos de popularidade a mais que o marido, mas as pesquisas mais recentes d�o a ambos pouco mais de 30%.
Pessoas ouvidas pela Folha nas ruas da capital, Lima, dividem-se em rela��o � primeira-dama. Mulheres mais jovens –e n�o necessariamente de extra��o econ�mica mais baixa– a admiram.
"No meio universit�rio, ela � querida porque, apesar de seus discursos e atitude, n�o a vemos como algu�m autorit�rio, mas algu�m que vai ampliar os direitos da mulher", diz Elena Roque, estudante da Universidade Cat�lica.
"Ela d� apoio, mas tamb�m medo ao presidente, porque o faz lembrar-se de seu passado mais extremo", diz Levitsky.
Para eleger-se, em 2011, Humala teve de abrandar o discurso esquerdista e adotar uma linha pr�-mercado. Nadine, por�m, lembra Humala de que as bandeiras a que ele teve de renunciar seguem pedindo resposta.
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