Malala conta com estrutura cinco estrelas de assessores e consultores
N�o h� amadores por tr�s dos movimentos da jovem paquistanesa Malala Yousafzai, 16, baleada pelo Taleban por causa do ativismo pelo direito de educa��o �s garotas.
Admirada no mundo todo, a garota que hoje vive em Birmingham (Inglaterra) virou uma marca forte e o centro de uma teia de assessores, consultores e organiza��es.
Em um ano, surgiram a autobiografia "Eu sou Malala", o "Malala Press Office", o "Malala Fund" e um document�rio a ser lan�ado em 2014 para disputar o Oscar.
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A Edelman, maior empresa de rela��es p�blicas do mundo, � quem cuida da agenda e das entrevistas dela, com um equipe dirigida por cinco pessoas.
Outros clientes da empresa s�o, por exemplo, os gigantes Adidas, Microsoft, Samsung e Starbucks.
� disposi��o de Malala est� um dos diretores mais importantes da Edelman, Jamie Lundie, h�bil especialista em discursos pol�ticos.
O segundo maior conglomerado editorial de livros do mundo, o grupo Hachette, lan�ou a autobiografia h� duas semanas. A estimativa � que o contrato tenha ficado na casa dos US$ 3 milh�es, algo em torno de R$ 6,6 milh�es. No Brasil, o livro foi editado pela Companhia das Letras.
A tarefa de dirigir o "Malala Fund", criado para arrecadar recursos para a educa��o de garotas, caiu nas m�os da reputada consultoria McKinsey & Company, que cedeu uma funcion�ria, Shiza Shahid, para presidi-lo. O fundo foi montado com apoio da Vital Voices, entidade criada por Hillary Clinton.
A movimenta��o do staff de Malala n�o foi intensificada em outubro � toa. A meta era o Nobel da Paz, anunciado no dia 11 de outubro.
Nos dias que antecederam a divulga��o, ela esteve � disposi��o das principais redes de TV dos EUA e do Reino Unido, entre elas CNN e BBC.
Para o dia do an�ncio foi marcada uma visita ao presidente Barack Obama.
Mas o Nobel n�o veio. Foi para a Opaq (Organiza��o de Proibi��o para as Armas Qu�micas). A decep��o veio junto com cr�ticas de setores isl�micos de que Malala, de origem mu�ulmana, havia virado pe�a do Ocidente.
A garota tem negado ser um fantoche: "As pessoas do Paquist�o t�m me apoiado. N�o pensam em mim como Ocidente. Sou filha do Paquist�o e me orgulho disso".
Para blind�-la, o "Malala Press Office" (Departamento de Imprensa de Malala) divulgou um comunicado dizendo que Malala havia alertado Obama de sua preocupa��o em rela��o ao uso de drones (avi�es n�o tripulados) no Paquist�o, que frequentemente resultam na morte de civis e s�o extremamente impopulares no pa�s asi�tico.
CONTROLE
"J� procurou a Edelman"?, perguntou � Folha Annelle Rowlands, diretora da Edgbaston High School, um col�gio s� para garotas em Birmingham, segunda maior cidade do Reino Unido.
� para essa cidade que Malala se mudou com a fam�lia (pai, m�e e dois irm�os) ap�s o ataque sofrido do Taleban. "N�o podemos fazer nada. N�o podemos dar detalhes sobre ela", disse a diretora, ao receber a reportagem.
A jovem teve de faltar �s aulas pelo menos nas duas �ltimas semanas por causa de compromissos marcados por sua assessoria.
"Algumas vezes ela est� fora, como semana passada, quando n�o estava no pa�s", diz a diretora.
Respons�vel pelo tratamento de Malala pelos tiros que levou do Taleban, o hospital Rainha Elizabeth, em Birmingham, tamb�m informou que n�o pode se manifestar mais sobre a jovem paquistanesa. E a diretora Fiona Alexander avisa, sem ser perguntada: "Qualquer pedido de entrevista com algu�m que n�o seja do hospital por favor contate pressenquiries@edelman.com".
O "cerco" do mundo dos neg�cios a Malala come�ou dias depois do ataque que sofreu no Paquist�o, em 9 de outubro de 2012. Transferida para Birmingham, um dos centros de tratamento para casos como o dela, a jovem ganhou na hora um tutor de prest�gio: o ex-premi� brit�nico Gordon Brown, emiss�rio da ONU para educa��o.
Brown virou conselheiro direto do pai de Malala, Ziauddin Yousafzai, dono de uma escola no Paquist�o e que ganhou um emprego no consulado do seu pa�s em Birmingham. � ele quem gerencia a carreira de Malala, que j� disse querer um dia ser primeira-ministra do Paquist�o.
Assim que come�aram os contatos do seu pai com Brown, a Edelman assumiu as rela��es p�blicas dela.
Questionada pela reportagem, a empresa informou que presta esse servi�o gratuitamente. "N�s ajudamos a fam�lia a lidar com os grandes meios de comunica��o e o interesse p�blico na campanha de Malala", disse.
A Folha pediu entrevista com a jovem, mas a resposta foi de que a agenda dela est� lotada at� dezembro. O pedido s� ser� avaliado em 2014.
Malala j� topou virar um document�rio dirigido por Davis Guggenheim, vencedor do Oscar em 2006 com o trabalho "Uma Verdade Inconveniente". O objetivo � lan��-lo em 2014. E a luta pelo Nobel vai continuar.
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