Crise dificulta capta��o de recursos para projetos sustent�veis
Edilson Dantas/Folhapress | ||
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Polui��o emitida por ind�stria em Mau�, na Grande SP |
A pr�tica de capta��o de recursos por meio de t�tulos de d�vida verdes, os chamados "green bonds", para o financiamento de projetos sustent�veis (um dos grandes temas da COP21 em Paris) avan�ou exponencialmente no mundo nos �ltimos dois anos, mas, no Brasil, a crise j� atrapalha ao movimento.
Quase US$ 37 bilh�es em "green bonds" foram emitidos no mercado internacional em 2014 para financiar projetos que seguem crit�rios socioambientais, segundo dados apresentados em estudo do GVces (Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV) em parceria com a Febraban.
A principal diferen�a entre os t�tulos verdes e os t�tulos de d�vida tradicionais � o destino dos recursos. Sua capta��o deve financiar exclusivamente projetos sustent�veis, como implanta��o de f�bricas sustent�veis, projetos florestais, recupera��o de �reas degradadas e energias renov�veis, efici�ncia energ�tica e transporte de baixo carbono.
Os rendimentos oferecidos aos investidores s�o compat�veis com t�tulos tradicionais dispon�veis no mercado. N�o se trata de uma emiss�o com taxas mais baixas, ou seja, a principal motiva��o para a emiss�o de um "green bond" � o ganho de reputa��o, segundo especialistas.
"Vem crescendo muito fortemente na Europa e nos Estados Unidos. H� tr�s anos n�o existia praticamente nada de 'green bond' no mercado. S� em 2013 e 2014 explodiu para US$ 50 bilh�es. E este ano a estimativa � chegar entre US$ 80 bilh�es a US$ 100 bilh�es", segundo M�rio S�rgio Vasconcelos, diretor de rela��es institucionais da Febraban.
Dentre as companhias brasileiras, por�m, a primeira emiss�o relevante s� foi feita neste ano. No final de maio, a companhia aliment�cia BRF anunciou a capta��o de 500 milh�es de euros para projetos ligados � redu��o de emiss�o de gases de efeito estufa, uso de embalagens sustent�veis, gest�o de �gua, res�duos e mat�rias primas, entre outras iniciativas.
O destino do recursos eram projetos no Brasil, mas a venda dos t�tulos foi feita no exterior.
A atual crise brasileira atravanca o mercado de t�tulos de d�vida verdes. Diferentemente do Brasil, os pa�ses onde essa modalidade de capta��o prospera contam com caracter�sticas como taxas de juros baixas, menores incertezas macroecon�micas, menor risco de mercado, com t�tulos p�blicos que entregam n�veis mais baixos de remunera��o.
D�VIDA VERDE - Crescimento mundial das emiss�es de "green bonds", em US$ milh�es
"O momento econ�mico e pol�tico afeta a confian�a e a expectativa e faz com que a maioria dos emissores prefira esperar at� que o mercado melhore para fazer uma emiss�o de qualquer tipo, seja ela green ou n�o", afirma Denise Hills, superintendente de sustentabilidade do Ita� Unibanco.
De acordo com o estudo do GVces, al�m da crise conjuntural, no Brasil, o segmento de "green bonds" enfrenta dificuldades tamb�m ligadas a desafios estruturais de seu mercado de capitais na compara��o com o cen�rio internacional. A baixa liquidez do mercado secund�rio no Brasil prejudica o desenvolvimento do setor de t�tulos privados e o mercado de investidores local � muito concentrado, com baixa participa��o de pessoas f�sicas e estrangeiros.
Outro aspecto relacionado ao "green bond" que o diferencia dos t�tulos tradicionais e atravanca sua emiss�o no Brasil � a aus�ncia de um mercado de empresas de "second opinion". No ato da emiss�o � necess�rio apresentar a chamada "segunda opini�o" de uma institui��o independente que avalia e atesta as caracter�sticas de sustentabilidade do projeto financiado, dando detalhes sobre o desempenho do emissor para mitigar riscos e adicionar credibilidade ao processo.
Segundo o diretor da Febraban, a entidade est� procurando empresas que possam funcionar como 'second opinion' e identificando potenciais estrangeiras interessadas.
"Tamb�m pretendemos trabalhar com Minist�rio da Fazenda, Banco Central e CVM, n�o para criar novas regras, que n�o s�o necess�rias, mas para ampliar a divulga��o", diz Vasconcelos. "N�o h� dinheiro p�blico para isso. N�o podemos contar com incentivos fiscais. Precisamos desenvolver esse mercado e atrair capitais privados", afirma.
Para Mariana Nicolletti, do GVces, os "green bonds" aparecem como uma importante alternativa para um dos temas mais pol�micos da COP 21, o financiamento para os pa�ses pobres enfrentarem o aquecimento global e a decis�o de quem vai bancar a conta da batalha clim�tica.
"Seja pela discuss�o travada sobre o financiamento para que ocorra a transi��o para a economia de baixo carbono, seja porque os pa�ses desenvolvidos est�o muito longe de cumprir o prometido, os investimentos privados ganham papel central para o alcance dos compromissos nacionais de redu��o de emiss�es. Diferentes mecanismos precisar�o ser combinados para direcionar recursos financeiros para tecnologias, infraestrutura e processos produtivos de baixo carbono. E os 'green bonds' s�o um deles", diz Nicolletti.
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