Chico diz que sa�da de Temer '� pouco' e ironiza 'pessoas finas' que o xingam
Leo Aversa/Divulga��o | ||
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Chico Buarque no ensaio geral em Belo Horizonte |
N�o havia muita d�vida de que o momento viria, e aconteceu, ironicamente, logo antes de "Gota d'�gua" ("Deixe em paz meu cora��o / que ele � um pote at� aqui de m�goa"): o p�blico que lotou o Pal�cio das Artes, em Belo Horizonte, para assistir � estreia do novo show de Chico Buarque, na noite desta quarta (13), irrompeu num grande coro de "fora, Temer".
O cantor, que n�o havia ouvido direito os primeiros gritos, deu corda a seus f�s: "E � pouco", disse em resposta ao coro, � medida que os pedidos pela sa�da do presidente se avolumavam. "Eu n�o tava ouvindo bem porque a gente canta com esses fones enfiados no ouvido, agora eu ouvi bem o 'fora, Temer'", disse, ap�s tirar os fones.
Aproveitando o momento, que aconteceu no trecho final do show e foi, de longe, o mais relaxado e informal da sempre tensa noite de estreia, Chico ironizou seus antagonistas da elite carioca, que, segundo ele, o xingam durante suas caminhadas pelo cal�ad�o da praia.
"Acho que agora eu vou passar a usar esses fones permanentemente, porque l� no Rio, nos bairros chiques onde eu ando, volta e meia passam aquelas pessoas finas nos seus carros grandes e gritam 'viado, filho da puta!', 'viado, vai pra Cuba', 'vai pra Paris, viado'. O �nico consenso � o 'viado'", disse, rindo e fazendo a plateia rir.
A rea��o de Chico aos "haters" veio tamb�m em forma de m�sica, em certos pontos do show, um deles logo no in�cio. Ap�s um breve problema t�cnico que retardou a abertura das cortinas, o artista come�ou a apresenta��o com uma dobradinha de sambas, emendando o cl�ssico "Minha Embaixada Chegou" (de Assis Valente) com seu "Mambembe".
A eles seguiu-se uma vers�o mais jazz�stica de "Partido Alto", com a estrofe final sendo declamada pelo cantor, em tom pausado, forte, quase sem som instrumental, como quem d� um aviso: "Deus me fez um cara fraco / desdentado e feio / Pele e osso simplesmente / quase sem recheio / Mas se algu�m me desafia / e bota a m�e no meio / Dou pernada a tr�s por quatro / e nem me despenteio / Que eu j� estou de saco cheio".
Foi a senha para uma das muitas explos�es de palmas que se ouviram ao longo das 29 m�sicas do roteiro, que incluiu as nove can��es de "Caravanas", o �lbum lan�ado em agosto e que serve de gancho para a turn�.
Outro trecho de, digamos, "acerto de contas", foi a sequ�ncia que teve a recente "Desaforos" ("Algu�m me disse / Que tu n�o me queres
/ E que at� proferes / desaforos pro meu lado") e o sucesso "Injuriado" ("E agora n�o h� francamente / Motivo pra voc� me injuriar assim").
Saudoso do �dolo, que n�o fazia shows individuais h� cinco anos, o p�blico que lotou os cerca de 1.600 lugares do teatro mineiro gritou elogios e juras de amor nos intervalos das can��es e relevou os n�o poucos problemas t�cnicos e as falhas do cantor –que, por exemplo, esqueceu-se da letra de "Sabi�", uma de suas duas parcerias com Tom Jobim presentes no roteiro (a outra foi "Retrato em Branco e Preto", in�dita em shows de Chico).
SAUDA��ES AOS PARCEIROS
O espet�culo foi dividido em blocos tem�ticos e g�neros musicais, abarcando a variedade da obra buarquiana, dos sambas (como "A Volta do Malandro" e "Homenagem ao Malandro") aos blues (a nova "Blues pra Bia" e "A Hist�ria de Lily Braun", emendada com "A Bela e a Fera", ambas parcerias com Edu Lobo para "O Grande Circo M�stico"), passando pelos boleros –com a popular�ssima vers�o de "Iolanda", do cubano Pablo Milan�s, seguida pela nova "Casualmente", parceria com o baixista Jorge Helder, com letra bil�ngue falando de Havana e composta para a cubana Omara Portuondo.
Cort�s como de h�bito, Chico saudou cada um dos muito parceiros cujas composi��es interpretou: Helder (o �nico presente, na banda), Jobim, Edu Lobo, Crist�v�o Bastos –as duas parcerias com este, a prop�sito, formaram o momento mais bonito e rom�ntico da noite: "Todo o Sentimento" e "Tua Cantiga".
O astro guardou suas maiores defer�ncias, no entanto, para dois trechos especiais. O primeiro, ao interpretar a valsa "Massarandupi�", "do meu parceiro mais amado, Chico Brown, meu neto Chiquinho", que estava presente, na plateia, ao lado da irm� Clara Buarque ("Que tamb�m canta no meu disco", como lembrou o av�).
O segundo foi ao apresentar a banda que lhe acompanha h� anos –o maestro, arranjador e violonista Luiz Claudio Ramos, Jo�o Rebou�as (piano), Bia Paes Leme (teclados e vocais), Chico Batera (percuss�o), Jorge Helder (contrabaixo), Marcelo Bernardes (flauta e sopros)–, quando lembrou da aus�ncia do veterano sambista e baterista Wilson das Neves, morto em agosto (Jurim Moreira assumiu as baquetas).
"Esse show � dedicado ao nosso companheiro de tantas viagens, tantos palcos, tantos camarins, tantos momentos felizes. A b�n��o, Wilson das Neves", disse, antes de vestir um chap�u Panam� (como os que caracterizavam o velho sambista) e arriscar inclusive uma sambadinha ao interpretar "Grande Hotel", parceria de ambos. "Sarav�, chefia!", gritou Chico ao fim.
J� se encaminhando para o fim do show, Chico viu sua voz falhar ao come�ar "As Caravanas", obrigando-o a reiniciar a m�sica –na qual a percuss�o de Chico Batera e o beatbox de Marcelo Bernardes deram um tom de pancad�o funk, como no disco.
"Esta��o Derradeira", uma de suas muitas homenagens � Mangueira, foi emendada com um trecho da can��o de abertura, fechando o c�rculo do roteiro: "Minha embaixada chegou / meu povo deixou passar / ela agradece a licen�a que o povo lhe deu para desacatar". No bis, com a plateia de p� e pr�xima ao palco, Chico cantou duas favoritas dos f�s, "Geni e o Zepelin" e "Futuros Amantes".
O show segue na capital mineira at� domingo (17) –com ingressos ainda dispon�veis apenas para o �ltimo dia. A turn� ser� retomada em janeiro, com temporada de cinco semanas no Rio (4 a 28/1 e 1 a 4/2), no Vivo Rio.
A turn� chega a S�o Paulo ap�s o Carnaval, com apresenta��es no Tom Brasil (1� a 11/3, 22/3 a 1�/4, 12 a 15/4 e 19 a 22/4). Os ingressos para o Rio est�o dispon�veis em www.vivorio.com.br e, para S�o Paulo, nos sites www.grupotombrasil.com.br e www.ingressorapido.com.br.
Segundo a assessoria de imprensa do artista, outras capitais, ainda n�o definidas, devem receber a turn� de "Caravanas" em 2018.
REPERT�RIO DO SHOW
"Minha Embaixada Chegou"
"Mambembe"
"Partido Alto"
"Iolanda"
"Casualmente"
"A Mo�a do Sonho"
"Retrato em Branco e Preto"
"Desaforos"
"Injuriado"
"Dueto"
"A Volta do Malandro"
"Homenagem ao Malandro"
"Palavra de Mulher"
"As Vitrines"
"Jogo de Bola"
"Massarandupi�"
"Outros Sonhos"
"Blues pra Bia"
"A Hist�ria de Lily Braun"
"A Bela e a Fera"
"Todo o Sentimento"
"Tua Cantiga"
"Sabi�"
"Grande Hotel"
"Gota d'�gua"
"As Caravanas"
"Esta��o Derradeira"/"Minha Embaixada Chegou"
BIS
"Geni e o Zepelin"
"Futuros Amantes"
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