'Esplendor' aborda poder do cinema por meio de hist�ria sobre cegos
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Cena do filme 'Esplendor' |
"Esplendor", de Naomi Kawase, � repleto de cenas de s�is ponentes. A luz alaranjada que se esvai � a met�fora perfeita para uma obra que trata da perda da vis�o e de tudo o que desaparece com ela.
A diretora japonesa conta que teve a ideia de filmar "Esplendor" quando topou com o material de audiodescri��o de um de seus longas anteriores e indagou como seria o trabalho de quem narra filmes para espectadores cegos.
Para um cineasta, que sempre se debru�a sobre a interpreta��o das imagens, a quest�o � um tanto mais aguda.
"Sempre me pergunto como elevar a imagina��o de quem assiste sem explicar demais ou de menos", diz a diretora a um pequeno grupo de jornalistas que incluiu a Folha, durante o �ltimo Festival de Cannes, em maio.
Depois de estrear na competi��o do festival franc�s, o filme integra a programa��o da 41� Mostra Internacional de Cinema de S�o Paulo, com a sua primeira exibi��o ocorrendo na noite desta quinta (19).
Kawase enreda a trama do filme em torno de Misako, jovem audiodescritora (Ayame Misaki), ainda tateando para achar equil�brio entre o tanto que deve ou n�o narrar para o p�blico cego. O mais duro entre os que julgam seu trabalho � Masaya (Masatoshi Nagase), veterano fot�grafo em vias de perder a vis�o.
"Cinema n�o � s� imagem", diz a cineasta. "Cegos tamb�m podem senti-lo, e at� entend�-lo melhor do que quem de fato pode enxergar."
A diretora usa uma alegoria cinematogr�fica para explicar seu ponto: "Para deficientes visuais, a experi�ncia passa do 2D para o 3D", diz.
Caminhando com sua Rolleiflex pendurada no pesco�o, Masaya trafega nessa esp�cie de limbo -ainda n�o est� completamente cego, mas j� n�o pode mais fotografar com desenvoltura.
Misako n�o esconde a curiosidade diante do sujeito fadado a perder seu maior talento. A ideia da perda tamb�m � forte nela: seu pai desapareceu e a m�e entrou num processo demencial.
Por meio dos embates entre Misako e Masaya, a diretora desafia o espectador a questionar o poder do cinema. E embrulha a reflex�o numa embalagem sentimental, que marca a sua filmografia com t�tulos delicados como "O Segredo das �guas" (2014), e "Sabor da Vida" (2015).
No meio de uma onda de filmes violentos e agressivos como a que marca a safra de 2017, "Esplendor" d� um pausa de suavidade ao espectador. "Se o filme te toca, ent�o n�o importa se ele � bruto ou gentil. Os meus s�o gentis"
ESPLENDOR
(HIKARI)
DIRE��O Naomi Kawase
ELENCO Ayame Misaki, Masatoshi Nagase, Tatsuya Fuji
PRODU��O Jap�o, Fran�a, 2017, classifica��o indicativa n�o informada
MOSTRA qui. (19), �s 22h10, no Reserva Cultural; sex. (20), �s 19h, no CineSesc; dom. (22), �s 13h30, no Espa�o Ita� Frei Caneca; ter. (31), �s 20h10, no Espa�o Ita� Frei Caneca.
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