Pilar del R�o exalta a mem�ria de Saramago e o feminismo na Flip
Bruno Santos/Folhapress | ||
![]() |
||
A escritora Pilar del R�o na Flip |
Jornalista, tradutora, ativista, anarquista, humanista. Multifacetada.
Pilar del R�o, 67, companheira de vida do Nobel portugu�s, Jos� Saramago, foi apresentada pelo mediador Alexandre Vidal Porto nesta sexta-feira, na Flip, como "uma institui��o".
Foi logo dizendo que institui��es n�o respondem perguntas e que, portanto, ela era apenas Pilar. E falaria em espanhol, sua l�ngua-m�e, porque "os idiomas t�m de ser respeitados".
Ela subiu ao palco da Igreja Matriz sem a companhia prevista da arque�loga Ni�de Guidon, que n�o p�de vir a Paraty (RJ) por quest�es de sa�de.
L�pida, falou sobre crescer num mundo ditado pelos homens. "A ditadura espanhola era feita por homens. A Igreja, tamb�m. A �nica mulher importante era virgem e m�e", disse, referindo-se � Virgem Maria, sentada no altar da igreja que abrigou parte da festa liter�ria deste ano. "E eu logo comecei a questionar porque, para ser valorizada, a mulher precisava ser m�e, e ter concebido sem ter desfrutado de seu corpo."
Respons�vel pela Funda��o Jos� Saramago, ela defendeu o uso do termo presidenta para descrever seu cargo e o de todas as mulheres nessa posi��o. "N�o us�vamos esse termo porque n�o havia mulheres presidentas. A presidente � uma incorre��o, � uma falta. Se eu fosse professora e algu�m falasse presidente a uma mulher, seria reprovado."
Pilar destacou, entre os trabalhos da funda��o de seu companheiro, a promo��o da "Declara��o Universal dos Deveres Humanos", concebida por Saramago e apresentada no ato de aceita��o do Nobel, ocasi�o em que era celebrado o anivers�rio de 50 anos da "Declara��o Universal dos Direitos Humanos".
"Nestes 50 anos, n�o parece que os governos tenham feito pelos direitos humanos tudo aquilo a que, moralmente, quando n�o por for�a da lei, estavam obrigados. As injusti�as multiplicam-se no mundo, as desigualdades agravam-se, a ignor�ncia cresce, a mis�ria alastra", disse o escritor portugu�s no trecho lido durante a mesa.
"Somos n�s os protagonistas de nosso tempo e n�o ser�o os representantes em quem votamos que abrir�o caminhos para n�s –mas eles certamente podem fech�-los", comentou Pilar. "Portanto temos o dever de nos instruirmos, de sermos conscientes, de n�o sermos manipul�veis, de sermos cidad�os com alto conte�do c�vico que n�o nos adorme�am com contos."
Segundo a jornalista, ser um cidad�o ativo d� trabalho e que a passividade nos mata e mata as sociedades. "E temos de ser cidad�os e n�o consumidores. Como consumidores somos facilmente prescind�veis: no dia em que n�o podemos mais consumir, nos tornamos descart�veis. E n�o queremos ser descart�veis."
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade