L�deres ind�genas e quilombolas criticam desrespeito e discrimina��o
Bruno Santos/Folhapress | ||
�lvaro Tukano na mesa Z� Kleber, no Audit�rio da Pra�a |
O l�der ind�gena do Alto do Rio do Negro (AM) �lvaro Tukano criticou, durante debate ocorrido na Flip nesta quinta-feira (27), o desrespeito � demarca��o de terras ind�genas e a discrimina��o que sofrem os povos tradicionais. Segundo ele, o �ndio � tratado como um invasor que n�o tem direito � terra.
"Alguns acham que o �ndio tem muita terra. N�o tem. Quem tem � a Uni�o. Mas l� existe uma grande biodiversidade, e tem os povos ind�genas que sobrevivem da floresta. Os �ndios n�o s�o invasores. Quem s�o invasores s�o eles, do agroneg�cio, eles � que est�o desruindo tudo", afirmou Tukano.
Segundo ele, os homens brancos deveriam aprender com os povos tradicionais, que cuidam de seus territ�rios e se comprometem a educar as gera��es mais novas sobre a import�ncia da terra, das �guas e da preserva��o da cultura e das tradi��es. Para que a destrui��o acabe, segundo ele, � preciso que �ndios e n�o-�ndios se entendam e respeitem.
"Voc�s destru�ram os territ�rios de voc�s. N�s somos capazes de mudar isso, desde que voc�s possam nos compreender. � preciso acabar com a discrimina��o, dar fim � matan�a do nosso povo", disse Tukano durante sua fala de abertura na Mesa Z� Cl�ber.
A mesa, que come�ou com 15 minutos de atraso, teve como tema "Aldeia". Membros de comunidades ind�genas e quilombolas foram chamados para discutir amea�as � preserva��o ambiental, o respeito �s tradi��es, a educa��o dentro e fora das salas de aula e a perpetua��o da cultura de povos nativos.
O objetivo da mesa Z� Cl�ber, que ocorre na Flip desde 2005, � discutir temas que envolvem a realidade de Paraty, como problemas sociais, enfrentamento da viol�ncia e preserva��o cultural.
O nome � uma homenagem ao advogado e militante Jos� Cl�ber, que se refugiou em Paraty durante a ditadura e foi respons�vel pela produ��o de m�sicas que s�o "os hinos afetivos da cidade", de acordo com a mediadora da mesa, a jornalista Cl�udia Antunes.
Al�m de Tukano, participaram do debate a lideran�a quilombola da comunidade Campinho da Independ�ncia, territ�rio de 287 hectares que fica na regi�o de Paraty, Laura Maria dos Santos, e a l�der guarani Ivanildes Kerexu Pereira da Silva, que at� 20 dias atr�s morava na regi�o de Paraty, mas se mudou com a tribo para Itamanduca, pr�ximo de Ubatuba.
Laura complementou o racioc�nio de Tukano ao lembrar que a passagem do homem pela terra � tempor�ria, e que desperdi�ar recursos naturais ajuda a perpetuar a destrui��o da natureza que os povos nativos lutam para evitar que ocorra.
"Quando voc� estiver fazendo qualquer atividade, voc� vai estar ensinando, repassando para algu�m que estiver te observando. Se a gente quiser um mundo melhor, ainda d� tempo. Ainda d� tempo", disse.
Segundo os participantes, essa mudan�a de mentalidade s� pode acontecer por meio da educa��o, e refor�aram a import�ncia de cuidar da educa��o dos jovens -o que seria diferente de "escolarizar", de acordo com Ivanildes.
"A gente educa sendo educado, sendo correto. A gente educa as crian�as repassando bons h�bitos", afirmou Laura.
Ao concordar com as outras debatedoras, Tukano criticou os m�todos educacionais dos homens brancos, baseados no castigo. Levado quando jovem para estudar em um col�gio de padres, o ind�gena conta ter aprendido apenas "a competir, usar roupas e ter medo".
Esses m�todos did�ticos, conta, eram muito diferentes dos de seu pai e av�, que cantavam sobre a import�ncia das �guas e da preserva��o da natureza.
"O nosso deus nunca foi castigador. O deus dos crist�os � castigador. Se fizer algo errado, vai pro inferno. Nossa cultura n�o � assim".
No fim da mesa, Tukano pediu a todos que se levantassem, dessem as m�os e cantassem com ele. A maior parte do p�blico ficou de p� e acompanhou sua prece. "Sempre que voc�s quiserem muito algo, cantem e pe�am. Podem ter certeza que algu�m vai ouvir".
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