'O Rio de Janeiro est� na vanguarda do atraso', diz S�rgio Rodrigues na Flip
Marcus Leoni/Folhapress | ||
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S�rgio Rodrigues, em palestra na Casa Folha, na Flip 2017 |
O encontro entre o escritor S�rgio Rodrigues e a roteirista Mariliz Pereira Jorge, na manh� desta quinta-feira (27), na Casa Folha, na Flip foi marcado por cr�ticas � situa��o pol�tica do Rio de Janeiro.
Com media��o de S�rgio D�vila, editor-executivo do jornal, os dois colunistas da Folha falaram para uma plateia lotada.
"O Rio de Janeiro est� na vanguarda do atraso", disse Rodrigues em resposta a um pedido do mediador para que explicasse a situa��o do Estado.
Para o autor de "Viva a L�ngua Brasileira" (Companhia das Letras), o Rio vive um momento de "esgar�amento" de suas rela��es sociais –e a desigualdade passou a se manifestar de forma mais aguda.
"N�o � muito diferente do que � o Brasil inteiro. Talvez esteja s� uns anos na frente", afirmou, acrescentando que o momentodo estado serve de alerta para o resto do pa�s.
Para o escritor, tais problemas s�o fruto de uma sociedade escravagista que se acostumou � desigualdade.
J� a roteirista lembrou uma coluna que escreveu, intitulada "A Vida � Muito Curta para Morar no Rio". O texto era uma cr�tica � classe m�dia alta que mora na zona sul da capital fluminense.
"Minha cr�tica era a quem olha a paisagem maravilhosa e se esquece de todos os defeitos, a quem esquecia a quantidade de gente que morre nos morros", disse ela.
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O Rio n�o foi o �nico assunto do debate entre os dois, que se reuniram para discutir o livro "Como Escrever Bem", manual de escrita de William Zinsser, lan�ado pela Tr�s Estrelas, selo editorial do Grupo Folha.
Rodrigues recomendou que se cultive a avers�o ao clich� na hora da escrita.
"Todo texto tem uma puls�o de morte, que � a puls�o do clich�, do que j� foi dito milh�es de vezes", afirmou. "Existe uma medida de originalidade e espanto que tem que ser buscada em todo texto."
Pereira Jorge, por sua vez, acredita que para escrever � preciso coragem – e n�o pensar muito no p�blico alvo.
"Acho que a gente consegue ser mais sincero e honesto quando fala para si mesmo", disse ela.
A discuss�o, em dado momento, caminhou para a dificuldade de muitos leitores em compreenderem o uso da ironia —para a import�ncia da educa��o para formar pessoas que saibam ler.
"Acho que esse � nosso problema mais profundo, de onde deveria partir uma solu��o, que n�o est� no horizonte", afirmou o autor, lembrando apenas que � poss�vel usar os lugares-comuns subvertendo-os, como faz o escritor Andr� Sant'Anna.
Como costuma falar algumas vezes, Rodrigues ainda criticou o jeito como se ensina literatura no pa�s. O jornalista acha um erro, por exemplo, dar Jos� de Alencar para alunos muitos jovens lerem — como se o ensino da literatura devesse seguir uma ordem cronol�gica do que foi produzido no Brasil.
"� uma estupidez. Dar um autor contempor�neo, que dialogue com a linguagem dese menino, vai ser mais eficiente. Assim a gente salga a terra. N�o s� n�o formamos leitores, como evitamos que eles se formem por si", afirmou.
Para quem quer escrever, acrescenta, a �nica solu��o � ler muito. Para aprender estilos, selecionar uma influ�ncia aqui e outra ali —e construir a sua pr�pria voz.
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