Festival de Cannes come�a com filme franc�s 'embrulhado em bacon falso'
Divulga��o | ||
Marion Cotillard e Charlotte Gainsbourg em cena de 'Les Fant�mes d'Isma�l', de Arnaud Desplechin |
Numa safra com poucos nom�es americanos —nada de um Woody Allen ou de um Spielberg, como no ano passado— a 70� edi��o do Festival de Cannes� abriu sua programa��o nesta quarta (17) abra�ando a francofilia. A recep��o foi para l� de morna.
"Les Fant�mes D'Ismael" (os fantasmas de Ismael), de Arnaud Desplechin, tem como maior atrativo um elenco repleto de medalh�es do primeiro time franc�s: Marion Cotillard, Mathieu Amalric, Louis Garrel e Charlotte Gainsbourg —que, embora inglesa de nascen�a, carrega o sobrenome do pai, o frances�ssimo Serge Gainsbourg. Um roteiro sem brilho e um final frustrante, contudo, comprometeram a recep��o.
Na entrevista coletiva seguinte � apresenta��o do filme, uma jornalista do Kuwait fez a pergunta impertinente que estava entalada: Por que n�o abrir a programa��o com um longa como a cinebiografia "Redoutable", de Michel Hazanavicius, que faz parte da competi��o e tem Garrel no papel do cineasta Jean-Luc Godard? Teria ao menos soado como uma homenagem � produ��o francesa numa data que � redonda.
A organiza��o n�o respondeu.
Os fantasmas do filme de Desplechin s�o as assombra��es do passado do personagem-t�tulo, vivido por Amalric, um cineasta tresloucado que recebe a visita de Carlotta (Cotillard), a ex-mulher que era tida como desaparecida. Gainsbourg vive a atual companheira de Ismael. E Garrel faz Ivan, personagem principal do thriller de espionagem cujo roteiro o protagonista est� escrevendo.
"N�o pensei em fazer um filme por causa das estrelas que h� nele", disse Desplechin, de "Reis e Rainha" (2004) e "Um Conto de Natal" (2008). Em seguida, enumerou as raz�es pelas quais havia escalado os seus atores: Amalric, porque "era a pessoa perfeita para um tipo doido"; Cotillard, "pela capacidade de se reinventar"; e Gainsbourg, porque "aceita esc�ndalos".
Na entrevista coletiva em que boa parte dos jornalistas parecia mais preocupada em tirar a foto perfeita dos atores sentados � mesa do que em elaborar perguntas, Louis Garrel demonstrava cara de enfado e dava baforadas no cigarro eletr�nico, um pouco clich� de si mesmo.
"Sem cabelo eu n�o sou nada", disse o ator sobre o seu personagem, que tem a cabe�a raspada no filme. No dia anterior, a reportagem deparou com Garrel numa cal�ada de Cannes —com blazer amarrotado e um copo de bebida nas m�os, entrava em uma Mercedes com motorista.
Marion Cotillard falou sobre o trabalho com Charlotte Gainsbourg. "Ela me fez querer ser atriz", disse e pausou, arregalando os olhos. "Foi um pouco intimidador no come�o, mas foi �timo".
Em cena, Marion chora no chuveiro e dan�a ao som de "It Ain't Me Babe", de Bob Dylan. Aparece um tanto viva para uma personagem "fantasma".
Desplechin diz que n�o costuma ler o que a imprensa escreve a respeito de seus filmes —jornalistas franceses, disse, tendem a ser particularmente duros. Caso lesse, poderia ter uma indigest�o com a compara��o gastron�mica feita pela revista "Variety":
"Se 'Les Fant�mes D'Ismael' fosse uma refei��o, seria um enorme naco sem gosto de uma alternativa de carne embrulhada em bacon falso, cozinhado em margarina e recoberto por uma imita��o de queijo sem lactose".
O jornalista GUILHERME GENESTRETI se hospeda a convite do Festival de Cannes
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