'Festival � plataforma para empoderar pessoas criativas', diz diretor do SXSW
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Diretor de produ��o do festiva SXSW, Hugh Forrest |
"Mantenha Austin esquisita". O slogan da capital do Texas d� as boas-vindas para quem chega � cidade, tamb�m conhecida como a capital da m�sica ao vivo e casa do maior e mais ecl�tico festival dos EUA, o South by Southwest, ou apenas SXSW, que come�ou sua 31� edi��o na sexta-feira,10, e segue at� o pr�ximo domingo, 19 de mar�o.
Originalmente dedicado apenas a m�sica, hoje o SXSW � considerado um dos mais importantes eventos de tecnologia e economia criativa do mundo, com n�meros que crescem a cada ano e credenciais que chegam a custar US$ 1.650 (R$ 5.270). Foi aqui que o Twitter e o Foursquare tiveram seus lan�amentos, no final dos anos 2000. H� tamb�m um festejado pr�mio anual, no qual neste ano 65 startups finalistas disputam em 13 categorias, que v�o de sa�de a seguran�a, a �udio e realidade virtual.
Dividido entre m�sica, cinema e tecnologia, o SXSW tem uma agenda que faz juz ao esquisitismo raiz de Austin, uma cidade de 885 mil habitantes bastante liberal no meio do bastante conservador Estado do Texas. O ex-vice-presidente Joe Biden falou [domingo 12/3] no mesmo palco em que a pop star Kesha e o roqueiro Krist Novoselic falam amanh� [ter�a, 14/3], al�m da cientista especialista em edi��o de genoma Jennifer Doudna e o cineasta Lee Daniels ("Preciosa - Uma Hist�ria de Esperan�a", 2009). H� tamb�m outras dez sess�es dedicadas a diversos aspectos da maconha, pulverizadas em outras milhares que acontecem no centro de conven��es e outros tr�s hot�is da cidade.
Sem contar as 2 mil bandas que se apresentam em cem bares e casas espalhadas pela regi�o central hist�rica de Austin todas as noites, a maioria grupos independentes vindos do mundo todo. O Brasil est� representado por nove artistas, sem contar outras 68 empresas de pequeno e m�dio porte de setores diversos como audiovisual, moda e m�sica, na maior delega��o do pa�s na hist�ria do evento.
Em 2016, as 36 empresas nacionais que participaram do SXSW fecharam US$ 16,6 milh�es em novos neg�cios, de acordo com Ag�ncia Brasileira de Promo��o de Exporta��es e Investimentos (Apex-Brasil). "O evento � uma plataforma de promo��o de imagem e re�ne gente importante da chamada economia criativa", disse Christiano Braga, um dos gerentes da ag�ncia.
A Folha conversou com o diretor de programa��o do SXSW Hugh Forrest, 53, envolvido com o festival desde sua terceira edi��o, em 1989, e respons�vel pela divis�o de tecnologia, hoje chamada Interactive (interativa), desde sua concep��o, em 1994. Formado em Letras, Forrest trabalhou com jornalismo durante muitos anos e criou a publica��o alternativa "The Austin Challenger" antes de se juntar � equipe do SXSW.
FOLHA - Como explicar o SXSW para algu�m que nunca ouviu falar do festival?
Hugh Forrest -O nome vem de uma brincadeira de um antigo filme de Alfred Hitchcock, "North by Northwest" [em portugu�s, o t�tulo ficou "Intriga Internacional", de 1959]. � muito dif�cil descrever o evento para quem nunca esteve aqui. � uma grande celebra��o da criatividade, mas estas palavras n�o fazem muita justi�a.
O que acontece que a m�sica do SXSW perdeu tanta aten��o para os eventos de tecnologia?
A parte Interactive do festival viveu um crescimento gigante entre 2004 e 2014. Em termos de participa��o da ind�stria, o Interactive passou o Music em 2008 ou 2009. Mas isto faz total sentido quando voc� olha para como o mundo evoluiu nos �ltimos dez anos. A tecnologia ocupou um espa�o imenso e � hoje a espinha dorsal para quase todos os setores da nossa sociedade. E o SXSW claramente reflete essa nova ordem mundial.
Quando voc� come�ou a trabalhar no festival, quase 30 anos atr�s, quais eram as empresas de tecnologia e as tend�ncias da ind�stria da �poca?
Quando o SXSW come�ou em 1987, a maioria das pessoas nem sabia o que era a internet. Em 1994, adicionamos o SXSW Multimedia e, nesse ponto, a tecnologia mais avan�ada era o CD-Rom. As coisas mudaram certamente de maneira muito intensa nos 25 anos desde ent�o. Se eu sinto falta dos velhos tempos? Um pouco. Mas, esse esp�rito de criatividade que usamos em 1987 ainda est� muito vivo no SXSW 2017. Ent�o, nesse sentido, nada mudou muito.
Como o SXSW mant�m o balan�o para garantir que a m�sica continue a ser a alma do festival?
O festival come�ou como um evento de m�sica e ainda � um componente vital de tudo o que fazemos em Austin. Sempre ser� uma parte forte do que fazemos, n�o importa o quanto o festival cres�a e abrace outras �reas. Isto porque m�sica � um exerc�cio de criatividade, e criatividade � o cora��o e a alma do SXSW. As bandas que querem participar do SXSW precisam fazer inscri��o online, um formul�rio que geralmente fica dispon�vel a partir de julho.
Qu�o grande � grande demais para o SXSW? Existe um limite para o quanto o festival pode crescer numa cidade relativamente t�o pequena?
Digo � minha equipe para sempre focar na qualidade da experi�ncia, em vez de quantidade de participantes. Se a gente tomar conta da qualidade, a quantidade e os n�meros tomam conta de si pr�prios. Neste momento, a nosso maior desafio � o tempo. Estamos de dedos cruzados que termos c�u azul e temperaturas amenas.
Qual foi o impacto da sa�da do Uber e Lyft de Austin em maio de 2016 [ap�s desaven�as com leis municipais]? Afetou a imagem de Austin como centro tecnol�gico ou a do festival, j� que celebra economias criativas?
Acredito que a cidade se recuperou bem rapidamente da perda destas duas grandes empresas. Sua sa�da levou ao r�pido lan�amento de algumas firmas pequenas de carona compartilhada em Austin [alguns s�o RideAustin, Fasten e Wingz].
Algum registro de artistas internacionais com problemas de visto para entrar nos EUA?
Ainda n�o. Mas saberemos mais ao longo do festival.
Quantas pessoas ajudam a organizar o SXSW e como funciona a sele��o?
Entre janeiro e mar�o, nossa equipe chega a cerca de 250 pessoas. Rola um lobby forte de muitas bandas que querem se apresentar, diretores que querem exibir seus filmes e palestrantes com suas ideias. Mas � �timo ter tanta gente criativa interessada em se envolver com o evento.
H� press�o para descobrir os novos Twitters e Foursquares da vez?
� muito legal ter lan�amentos de aplicativos de sucesso que ganham um monte de aten��o da m�dia. Por�m, n�o acho que o sucesso do evento deva ser medido por este par�metro. O festival � uma plataforma para empoderar pessoas criativas a alcan�ar seus objetivos. As pessoas usam o SXSW para fazer isto, e avan�ar suas carreiras, com ou sem um novo aplicativo que seja sucesso no 'mainstream'.
Como voc� consegue aproveitar o festival quando ele come�a de verdade?
Acho que consigo dormir mais durante o evento em si do que nos dias e semanas e meses que o antecedem. Mas eu n�o vivencio o festival da mesma maneira que a maioria dos participantes. Meu papel � tentar solucionar problemas o quanto eu puder. � desafiador e divertido, mas acho que n�o t�o divertido quanto ter uma credencial e apenas aproveitar tudo o que est� dispon�vel.
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SXSW EM N�MEROS
Funda��o: 1987
P�blico
Em 1987, 700 participantes;
Em 2016, 88 mil participantes, 22% vem de outros pa�ses. Brasil aparece em quinto lugar, atr�s do Canad�, Reino Unido, Alemanha e Jap�o
Ingresso
Em 1987, pulseira de entrada a US$ 10
Em 2017, credencial entre US$ 1.325 a US$1.650
Impacto na economia em Austin
US$ 325 milh�es
M�dia da di�ria de hotel
US$ 350 (mais cara da hist�ria do festival)
SXSW M�sica
2.224 bandas, incluindo 580 grupos de 67 pa�ses, em 103 palcos
SXSW Interactive
3.090 palestrantes em 1.370 pain�is, com 37 mil participantes vindos de 82 pa�ses
SXSW Film
462 palestrantes, 143 longas-metragens exibidos, 89 estreias mundiais.
Livraria da Folha
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