Indicado a oito Oscar, 'Moonlight' � o �nico real concorrente de 'La La Land'
At� setembro do ano passado, "Moonlight - Sob a Luz do Luar" n�o estava no radar de Hollywood. O pequeno filme de US$ 5 milh�es sobre a inf�ncia, adolesc�ncia e vida adulta de um negro gay em Miami n�o entrava em nenhuma lista de prov�veis concorrentes ao Oscar 2017.
Mas no Festival de Toronto, o longa de Barry Jenkins virou "o filme que todos tinham que ver". Dezenas de jornalistas e cr�ticos ficaram de fora da sess�o no evento, e a organiza��o precisou programar sess�es extras.
Em tr�s meses, "Moonlight" tornou-se o grande filme americano do ano ao lado de "La La Land". Levou o Globo de Ouro de melhor filme dram�tico, enquanto o de Damien Chazelle papou o de melhor com�dia ou musical.
Agora, com oito indica��es ao Oscar, � a �nica produ��o com for�a suficiente para colocar �gua no chope de "La La Land" no domingo (26).
N�o � uma tarefa f�cil. "N�o poder�amos pedir mais para esse projeto, a n�o ser ganhar todos os pr�mios para os quais concorremos. Mas isso n�o um pedido realista, n�o �?", reconhece o ator Mahershala Ali, favorito na categoria de ator coadjuvante, entre desejo e brincadeira.
"Honestamente, pr�mios � parte, j� estamos felizes demais com a repercuss�o e pelo fato de que as pessoas, gays ou heterossexuais, tenham acesso � essa hist�ria".
A trajet�ria de Ali se parece � de "Moonlight". Apesar de ter feito dezenas de filmes, ficou um pouco conhecido como o lobista Remy Danton na s�rie "House of Cards", logo depois virando um vil�o da Marvel em "Luke Cage".
Agora, aos 43, ganhou o pr�mio de melhor ator coadjuvante do Sindicato dos Atores e est� indicado ao Oscar pelo papel de Juan, traficante que acolhe e protege um menino negro (Alex Hibbert) com problemas na escola.
A hist�ria baseada na pe�a "In Moonlight Black Boys Look Blue", de Tarell Alvin McCraney, adaptada pelo dramaturgo e por Barry Jenkins, tem personagens complexos como poucas vezes o cinema americano produziu nos �ltimos anos.
"Juan � amor, � uma masculinidade necess�ria, uma figura protetora", diz Ali sobre seu personagem.
"� preciso entender de onde v�m essas pessoas. H� criminosos de colarinho branco mais daninhos que caras com pequenos neg�cios de crack. Cidades inteiras s�o afetadas por �gua envenenada gra�as a contratos il�citos, mas n�s julgamos rapidamente algu�m vendendo drogas porque � isso que nos ensinam."
Criado numa �rea pac�fica da violenta e pobre Bay Area, na regi�o de San Francisco, Ali cresceu vendo pessoas normais apelando ao tr�fico como forma de sustento. Teve amigos mortos e presos.
Filho de uma jovem pregadora crist� e de um dan�arino, diz que "nunca quis ser traficante", mas, de novo, n�o julga os que est�o nesse contexto. "Se as mesmas pessoas tivessem oportunidades, dinheiro e educa��o e, ainda assim, decidissem traficar, eu teria muitos problemas".
Mahershala Ali se converteu ao islamismo aos 25 anos ao visitar uma mesquita na Filad�lfia. "� como uma dieta", resume. "Voc� est� acostumado a comer de uma maneira e, quando amadurece, sente que � hora de mudar para algo mais alinhado com quem voc� se tornou."
Apesar de n�o se mostrar feliz com as medidas do presidente Donald Trump, n�o fala sobre pol�tica. Ironicamente, muitos comparam o novo governo com as tramas de "House of Cards".
Ali diz que n�o volta mais � s�rie, porque acredita que seu arco se completou. Mas deseja "boa sorte" aos criadores na quinta temporada, que come�a em 30/5.
"N�o sei o que v�o fazer para entreter o p�blico neste ano", conta ele. "O que est� acontecendo na realidade � t�o inacredit�vel que vai ser dif�cil superar na fic��o."
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