Philip Roth reflete sobre decl�nio do romance e sobre "Nemesis"
O escritor norte-americano Philip Roth n�o gosta de e-books e das influ�ncias da tecnologia moderna que desviam a aten��o das pessoas, que, para ele, reduzem a capacidade das pessoas de apreciar a beleza e a experi�ncia est�tica da leitura de livros em papel.
C�lebre por romances como "A Marca Humana", Roth acha que n�o h� nada que ningu�m possa fazer a respeito disso. No entanto, ao mesmo tempo em que ele transmite o que pensa das novas tecnologias, � dif�cil n�o considerar que, ao escrever livros mais curtos --coisa que ele vem fazendo regularmente desde seu primeiro livro, "Adeus, Columbus", de 1959 --o pr�prio Roth est� � frente de seu tempo h� anos.
"� uma pena. Mas � o que est� acontecendo, e n�o h� nada que se possa fazer", disse Roth, de 77 anos, � Reuters, discutindo a paisagem editorial em transforma��o na era digital durante entrevista concedida para falar de seu novo livro, "Nemesis", lan�ado nos EUA e Gr�-Bretanha nesta ter�a-feira (5).
"A concentra��o, o foco, a solid�o, o sil�ncio, tudo o que � necess�rio para a leitura s�ria, n�o est�o mais ao alcance das pessoas."
Come�ando com o cinema, no s�culo 20, e continuando com a televis�o, os computadores e, mais recentemente, redes sociais como o Facebook, o leitor hoje tem sua aten��o totalmente distra�da, disse ele.
"Hoje vivemos entre telas m�ltiplas, e n�o h� como concorrer com elas", disse Roth.
Gilberto Tadday/Folha Imagem | ||
O escritor americano Philip Roth, em seu apartamento, no bairro de Upper West Side, em Manhattan |
Ele n�o pretende comprar nenhum tipo de aparelho de leitura, como o Kindle da Amazon. "N�o vejo utilidade nisso, para mim", explicou. "Gosto de ler na cama, � noite, e gosto de ler livros. N�o suporto mudan�as."
Em meio � discuss�o no mundo editorial sobre a poss�vel morte iminente do romance popular mais longo e o crescimento das novelas (romances curtos), gra�as aos e-books, "Nemesis", com 56 mil palavras, � o mais recente de um ciclo de novelas de Roth.
Mas o formato econ�mico do livro, que trata da luta interna de um jovem diretor de playground no momento em que sua comunidade sofre uma epidemia de p�lio, surgiu h� cerca de oito anos.
"Eu estava curioso para ver se conseguiria condensar, reduzir e mesmo assim escrever algo contundente", explicou Roth.
Ele � conhecido sobretudo por romances em formato longo, como seu controverso "O Complexo de Portnoy", de 1969, e o premiado com o Pulitzer "Pastoral Americana".
Publicado pela Houghton Mifflin Harcourt, "Nemesis" � ambientado em 1944, na cidade natal do autor --Newark, Nova Jersey--, um lugar que fascina Roth devido a seu decl�nio.
O tema da poliomielite surgiu porque Roth, visto como mestre em captar a identidade e a ang�stia americanas, fez uma lista de acontecimentos americanos que testemunhou em sua vida e sobre os quais nunca havia escrito.
O livro � repleto de tradi��es americanas aparentemente inocentes, como a de servir limonada fresca, mas a sombra da 2 Guerra Mundial se ergue amea�adora sobre a hist�ria. E o p�nico que as comunidades demonstram diante da p�lio lembra ao leitor que "Nemesis" poderia ser uma hist�ria moderna sobre o medo de doen�as como a Aids, disse Roth.
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