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Polícia ocupa o Fórum para "barrar" grevistas
Diretoria da instituição chama a PM para permitir que serviços funcionem
Para funcionários, fato intimida, mas deve fortalecer a greve; ocupação pode seguir nos próximos dias
HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO
Cerca de 20 policiais militares ocuparam o prédio do
Fórum de Ribeirão Preto na
manhã de ontem para impedir que os servidores em greve atrapalhassem os atendimentos. A presença da polícia foi pedida pelo diretor do
Fórum, João Gandini, segundo ele, por determinação do
TJ (Tribunal de Justiça).
Os servidores da Justiça estão em greve desde o dia 28
de abril e pedem reajuste salarial de 20,16%, por perdas
da inflação. O objetivo da
ocupação da polícia, segundo a diretoria, foi garantir
que os cartórios de distribuição e protocolo permanecessem funcionando.
Anteontem, os manifestantes colocaram tapumes
em frente aos dois setores e
impediram a sua abertura.
Na sexta-feira, 700 dos 1.600
funcionários cruzaram os
braços e conseguiram bloquear as entradas dos setores, o que ocasionou a suspensão de cerca de cem audiências das 25 varas.
"Sem esses serviços, o andamento dos processos fica
muito prejudicado. O principal problema é a suspensão
dos prazos, o que atrasa as
ações e traz muitos danos à
população", disse Gandini.
O diretor afirmou que entrou em contato com o comando da PM e solicitou o
apoio. Na manhã de ontem,
cerca de 15 carros de polícia
chegaram ao Fórum e ficaram em frente ao estacionamento principal. Em seguida, os PMs ocuparam a parte
térrea do prédio, enquanto os
grevistas faziam piquete na
rua em frente ao local.
De acordo com o tenente
Ricardo Costacurta, os carros
da PM foram deslocadas ao
Fórum por volta das 8h e os
policiais permaneceram no
local até o fim do expediente
-14h, por causa da Copa.
"Fomos chamados para
garantir o direito de ir e vir
dos funcionários que querem
trabalhar e dos advogados e
promotores que precisam
dos serviços do Fórum."
Segundo Margarida Alice
Falcão Coletta, representante da Assetj (Associação dos
Servidores do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo), a presença da polícia tem
como objetivo enfraquecer o
movimento dos grevistas.
"Não vamos desistir da
nossa luta e do nosso direito
de greve. Nada que o tribunal
ou o diretor do Fórum façam
vai mudar o nosso engajamento. Pelo contrário, porque muitos não gostaram da
ação de hoje [ontem]."
REVOLTA
A ocupação revoltou funcionários. Segundo uma oficial de justiça, que não quis
se identificar, a presença dos
policiais intimidou alguns
grevistas. "São tantos policiais que parece que eles estão concentrados para uma
guerra. Somos trabalhadores
e não precisávamos passar
por essa situação", disse.
Para o escrevente Luciano
Roberto Romualdo, a ação é
uma maneira de colocar a população e demais profissionais do Fórum contra a categoria grevista.
"Tentam colocar essas
pessoas contra nós, porque
quem precisa do atendimento acaba não entendendo a
nossa necessidade para a
greve", afirmou o escrevente.
De acordo com Gandini, a
orientação do TJ é que, se a
greve continuar, a Polícia Militar também permanecerá
no Fórum nos próximos dias.
Segundo os manifestantes, a
adesão à greve é de 60%,
mas Gandini afirmou que
32% dos trabalhadores estão
de braços cruzados.
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