Ribeirão Preto, Quarta-feira, 16 de Junho de 2010

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Polícia ocupa o Fórum para "barrar" grevistas

Diretoria da instituição chama a PM para permitir que serviços funcionem

Para funcionários, fato intimida, mas deve fortalecer a greve; ocupação pode seguir nos próximos dias

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

Cerca de 20 policiais militares ocuparam o prédio do Fórum de Ribeirão Preto na manhã de ontem para impedir que os servidores em greve atrapalhassem os atendimentos. A presença da polícia foi pedida pelo diretor do Fórum, João Gandini, segundo ele, por determinação do TJ (Tribunal de Justiça).
Os servidores da Justiça estão em greve desde o dia 28 de abril e pedem reajuste salarial de 20,16%, por perdas da inflação. O objetivo da ocupação da polícia, segundo a diretoria, foi garantir que os cartórios de distribuição e protocolo permanecessem funcionando.
Anteontem, os manifestantes colocaram tapumes em frente aos dois setores e impediram a sua abertura. Na sexta-feira, 700 dos 1.600 funcionários cruzaram os braços e conseguiram bloquear as entradas dos setores, o que ocasionou a suspensão de cerca de cem audiências das 25 varas.
"Sem esses serviços, o andamento dos processos fica muito prejudicado. O principal problema é a suspensão dos prazos, o que atrasa as ações e traz muitos danos à população", disse Gandini.
O diretor afirmou que entrou em contato com o comando da PM e solicitou o apoio. Na manhã de ontem, cerca de 15 carros de polícia chegaram ao Fórum e ficaram em frente ao estacionamento principal. Em seguida, os PMs ocuparam a parte térrea do prédio, enquanto os grevistas faziam piquete na rua em frente ao local.
De acordo com o tenente Ricardo Costacurta, os carros da PM foram deslocadas ao Fórum por volta das 8h e os policiais permaneceram no local até o fim do expediente -14h, por causa da Copa.
"Fomos chamados para garantir o direito de ir e vir dos funcionários que querem trabalhar e dos advogados e promotores que precisam dos serviços do Fórum."
Segundo Margarida Alice Falcão Coletta, representante da Assetj (Associação dos Servidores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo), a presença da polícia tem como objetivo enfraquecer o movimento dos grevistas.
"Não vamos desistir da nossa luta e do nosso direito de greve. Nada que o tribunal ou o diretor do Fórum façam vai mudar o nosso engajamento. Pelo contrário, porque muitos não gostaram da ação de hoje [ontem]."

REVOLTA
A ocupação revoltou funcionários. Segundo uma oficial de justiça, que não quis se identificar, a presença dos policiais intimidou alguns grevistas. "São tantos policiais que parece que eles estão concentrados para uma guerra. Somos trabalhadores e não precisávamos passar por essa situação", disse.
Para o escrevente Luciano Roberto Romualdo, a ação é uma maneira de colocar a população e demais profissionais do Fórum contra a categoria grevista.
"Tentam colocar essas pessoas contra nós, porque quem precisa do atendimento acaba não entendendo a nossa necessidade para a greve", afirmou o escrevente.
De acordo com Gandini, a orientação do TJ é que, se a greve continuar, a Polícia Militar também permanecerá no Fórum nos próximos dias. Segundo os manifestantes, a adesão à greve é de 60%, mas Gandini afirmou que 32% dos trabalhadores estão de braços cruzados.


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