Saltar para o conte�do principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ombudsman

Ombudsman

Edi��o Frankenstein

Repleto de an�ncios, jornal de s�bado est� bagun�ado, com assuntos esticados e acabamento ruim

Quem pega um exemplar de s�bado da Folha come�a a duvidar de que o jornalismo impresso esteja mesmo em crise. S�o cadernos que n�o acabam mais, suplementos extras, reportagens especiais, que deveriam fazer a del�cia do leitor, mas t�m provocado muita reclama��o.

"� irritante ter de organizar os cadernos 1, 2, 3 de cada assunto, todos com an�ncios enormes. N�o quero ser obrigado a folhear todo o jornal para achar o que me interessa", diz Jos� Luiz Dias, 62, gerente de vendas em S�o Paulo.

De fato, os cadernos chegam fora de ordem. "Poder 2" aparece depois de "Esporte", "Cotidiano 2" est� a l�guas de dist�ncia do "Cotidiano 1" e deveria ganhar um pirulito de recompensa quem consegue encontrar a "Folhinha".

O encarte dos cadernos tem rela��o com os hor�rios de fechamento. N�o h� capacidade na gr�fica para rodar todo o jornal � noite. A "Ilustrada" e os suplementos s�o impressos no come�o da tarde -� por isso que, se um artista morre �s 16h, seu obitu�rio sai em "Cotidiano" ou em "Mundo".

"Primeiro Caderno", "Mercado", "Cotidiano" e "Esporte" s�o os produtos quentes, fechados no hor�rio final (�s 21h para a edi��o nacional, � meia-noite para a S�o Paulo), e neles � poss�vel trocar not�cias at� a madrugada. S� que h� um limite de p�ginas para a �ltima rodagem. Quando o volume de publicidade � grande, criam-se os cadernos 2, que s�o impressos �s 19h.

A montagem do exemplar � manual: "Mercado 2", "Cotidiano 2", "Mundo 2", impressos em conjunto, formam um bloco. Colocar cada um na sequ�ncia ideal, ou seja, depois de "Mercado 1", "Cotidiano 1", "Mundo 1", respectivamente, atrasaria demais a entrega do jornal.

Al�m de dificultar a leitura, a divis�o artificial de assuntos propicia erros de edi��o. Temas correlatos, que deveriam estar na mesma p�gina, v�o parar em cadernos diferentes. Acontece tamb�m de assuntos menores serem esticados para preencher as p�ginas que fecham cedo, enquanto not�cias mais importantes s�o subestimadas.

Para o leitor, resta ainda a dificuldade de encontrar os textos num mar de publicidade. Contando apenas os an�ncios que ocupam p�ginas inteiras, havia, no �ltimo dia 26, 82 p�ginas de propaganda de um total de 154 (53%, sem contar o "Guia de Livros"). No "Primeiro Caderno", definido por um leitor como a "alma do jornal", havia 17 an�ncios inteiros em apenas 24 p�ginas.

"A quantidade de propaganda est� abusiva, o que desmerece o jornal. Parece que est�o mais preocupados com o financeiro do que com o leitor. Falta bom senso", critica o m�dico H�lio Teixeira, 69, que recebe a Folha em Uberl�ndia (MG).

H�lio, como outros leitores, sugere que se concentre a publicidade de im�veis e ve�culos nos cadernos "Classificados", mas o fato � que os anunciantes buscam coloca��es que consideram mais nobres no chamado produto principal.

A edi��o de ontem estava menor por causa do feriado, mas a do s�bado retrasado era um bom exemplo de "jornal Frankenstein", que, gigantesco e mal-acabado, pode virar um problema para o seu criador.

As reportagens de economia se espalhavam por tr�s cadernos. Apesar de um deles ser dedicado � China, a not�cia de que as exporta��es do pa�s estavam se recuperando ficou em outro caderno. Uma fotografia enorme, de uma ciclista solit�ria em Guangzhou, ilustrava o texto, embora a venda de bicicletas n�o fosse citada no texto.

"Mundo 2" tinha grandes reportagens sobre temas irrelevantes, como fabricantes de manequins da Venezuela apostando em vers�es com mais curvas, os problemas dos criadores de cavalos em Fukushima e a For�a A�rea do Peru reativando pesquisas sobre �vnis.

"Poder 2" fez um levantamento sobre o programa Luz para Todos, repetindo praticamente tudo o que havia sido publicado em mar�o.

� ing�nuo imaginar que um jornal v� recusar publicidade num momento em que o futuro do impresso � t�o sombrio. Mas � necess�rio discutir alguns limites e, ao mesmo tempo, investir na Reda��o a fim de lhe dar f�lego para melhorar a qualidade dos "monstrinhos" produzidos aos s�bados.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da p�gina