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O candidato Pinochet
Golpe liderado pelo general chileno morto em 2006 faz 40 anos hoje, e seu governo terminou h� 23, mas sua sombra � tema de campanha presidencial
Quatro d�cadas ap�s um golpe militar que conduziu Augusto Pinochet ao poder no Chile, o debate sobre seu longo per�odo de dom�nio est� causando abalos na elei��o presidencial, marcada para novembro, e alguns l�deres de direita sofrem ataques por seu passado de apoio ao ditador.
O general s� deixou o poder em 1990 e morreu em 2006, mas seu legado voltou a dominar a pol�tica chilena.
A coaliz�o direitista Alian�a j� tinha chances pequenas de vit�ria no pleito e foi ainda mais prejudicada pela uni�o com a UDI, partido de direita ainda mais extremo e de v�rios la�os com Pinochet.
Muitos pol�ticos da UDI apoiaram o general e continuam a justificar a tomada do poder pelos militares, mencionando o caos dos anos de Salvador Allende, o socialista eleito democraticamente cujo governo terminou em 11 de setembro de 1973, com seu suic�dio e o golpe.
Os partidos de esquerda aproveitaram a oportunidade. "H� fatos que n�o s�o conhecidos, justi�a que n�o foi feita, dores e feridas que n�o foram curadas. E h� pessoas que n�o reconhecem nem se arrependem do que fizeram e n�o fizeram", declarou a ex-presidente Michelle Bachelet, l�der nas pesquisas, em um evento de campanha na semana passada.
Bachelet foi diretamente afetada pelo governo de Pinochet. Seu pai, um general da Aeron�utica, manteve a lealdade a Allende depois do golpe e foi aprisionado. Ele morreu de um ataque do cora��o na cadeia, depois de meses de tortura. Bachelet tamb�m foi detida e torturada, e terminou exilada.
Mais de 3.000 pessoas "desapareceram" --presumivelmente assassinadas pelo regime-- durante os anos Pinochet. Milhares de outras foram for�adas a se exilar ou ficaram detidas em campos clandestinos, onde a tortura era atividade rotineira.
Do outro lado da disputa eleitoral est� Evelyn Matthei, da coaliz�o Alian�a.
O pai de Matthei tamb�m era general da For�a A�rea, mas se alinhou a Pinochet. Ela defendeu o "sim" em um referendo de 1988 sobre a manuten��o de Pinochet por mais oito anos. A derrota levou � sua ren�ncia, em 1990.
Aos esquerdistas Matthei defende seu hist�rico pessoal. "Tinha 20 anos quando aconteceu o golpe. N�o deveria ter de pedir desculpas."
O atual presidente, Sebasti�n Pi�era, um direitista moderado cuja oposi��o � ditadura foi crucial para seu sucesso eleitoral, disse que o Chile ainda tem muito a avan�ar rumo � reconcilia��o.
"Verdade e justi�a s�o dois imperativos morais para qualquer sociedade que tenha vivido tempos traum�ticos como aqueles", disse a jornalistas em um encontro no pal�cio presidencial de La Moneda. "Verdade e justi�a ainda nos faltam".
Cerca de 75% dos chilenos acreditam que restam tra�os da ditadura militar ainda hoje, de acordo com pesquisa do instituto Cerc.