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5� Flip
Oz e Gordimer "rasgam seda" na Flip
Escritores debateram peso da história de seus países nos romances que assinam; público aplaudiu efusivamente
Autora disse que paciência
dos negros evitou confronto
mais grave na África do Sul;
Oz evitou comparações com
situação atual de Israel
EDUARDO SIMÕES
SYLVIA COLOMBO
MARCOS STRECKER
ENVIADOS ESPECIAIS A PARATY
A última mesa da noite de ontem da Festa Literária Internacional de Paraty reuniu o israelense Amós Oz e a sul-africana
Nadine Gordimer, num encontro em que a rasgação de seda
foi intensa e elegante.
Antes de começar o debate,
Oz disse ao mediador que ficasse tranqüilo porque ele conhecia Gordimer há dez anos e que
ambos "dançariam lindamente". Dito e feito: os dois trocaram elogios mútuos tanto pelo
seu engajamento político
quanto pela qualidade literária
de suas obras. O público aplaudiu-os efusivamente.
A escritora disse que o apartheid acabou na África do Sul
porque os negros tiveram paciência e não deixaram que o
país fosse levado a um confronto que poderia ter sido terrível.
Oz ponderou que a situação
em Israel não poderia ser comparada ao apartheid sul-africano, pois cada caso é um caso. O
escritor defende a idéia de dois
estados num mesmo país.
Os dois também reclamaram
do fato de que as pessoas costumam entender tudo o que escrevem como alegoria política,
e que sua ficção deveria ser vista de modo mais amplo.
Violência
Um pouco mais cedo, o roteirista mexicano Guillermo Arriaga e o autor de livros policiais norte-americano Dennis
Lehane enfrentaram-se ao discutir a presença da violência na
literatura e no cinema.
Arriaga disse que viver na Cidade do México, Bogotá ou Rio
de Janeiro faz com que seja
possível tratar a violência de
modo mais frontal e realista e
que isso não acontecia nos
EUA, onde esta surge mais como uma caricatura.
Lehane rebateu, dizendo
que, em seu país, a violência
fornece elementos tão reais
quanto a América Latina para a
ficção, e citou como exemplos
Baltimore e o Bronx.
Ambos contaram que "usam"
seus amigos ou pessoas que os
rodeiam como inspiração para
construir seus personagens.
Lehane disse que, entre suas
fontes, estão as pessoas com
quem cresceu, e que teme que
isso acabe as constrangendo
em algum momento.
Já Arriaga contou que utiliza
os amigos e também pessoas
simples e "generosas" do campo, com quem costuma se encontrar em seus passeios pelo
deserto e suas caçadas.
Risadas
No começo da tarde, um debate entre escritores de língua
portuguesa reuniu o moçambicano Mia Couto, o brasileiro
Antonio Torres e o angolano
José Eduardo Agualusa, que fez
a mediação. O clima foi de cordialidade e piadinhas, que fizeram com que o auditório, cheio,
desse risadas.
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