Publicidade
Publicidade
02/04/2005
-
16h57
RICARDO FELTRIN
Enviado especial da Folha Online a Roma
Karol Josef Wojtyla, o papa Jo�o Paulo 2�, morreu neste s�bado, aos 84 anos em Roma, ap�s dois dias de agonia. Comunicado oficial do Vaticano informa que o sumo pont�fice morreu �s 21h37 [16h37 de Bras�lia] do dia 2 de abril de 2005 em seus aposentos no Pal�cio Apost�lico.
Sua morte encerra 26 anos do terceiro maior pontificado da hist�ria da Igreja Cat�lica Apost�lica Romana, per�odo marcado por intensa atua��o pol�tica, viagens aos cinco continentes, defesa da paz e dos direitos humanos, mas tamb�m de conservadorismo moral.
Jo�o Paulo 2� visitou 129 pa�ses, fez campanha contra a Guerra Fria, aproximou sua igreja de outras religi�es e culturas, desculpou-se pela inquisi��o, defendeu as liberdades individuais, mas condenou o uso de preservativos numa �poca que viu surgir a Aids.
Mesmo acometido pelo mal de Parkinson, o pont�fice pouco reduziu o ritmo das viagens e sempre procurou deixar clara a posi��o do Vaticano em rela��o aos principais acontecimentos internacionais. Somente o agravamento de seu estado de sa�de, no �ltimo m�s de fevereiro, parou o papa. Internado duas vezes, foi submetido a traqueostomia [interven��o cir�rgica para facilitar a respira��o] e praticamente perdeu a capacidade de falar. H� dois dias, seu estado foi declarado irrevers�vel, provocando como��o no mundo. Seguidores de todos os credos oraram por ele.
Pontificado
Nascido na Pol�nia, Wojtyla foi considerado um militante anticomunista, que ajudou a derrotar as ditaduras socialistas do Leste Europeu e a esfriar a Guerra Fria.
Criticou as injusti�as e desigualdades promovidas pelo capitalismo. Pediu a paz no Oriente M�dio, condenou os atentados terroristas e op�s-se � invas�o do Iraque, classificando-a de "imoral e injusta".
Na tentativa de preparar uma velha igreja para chegar ao terceiro mil�nio, Jo�o Paulo 2� adotou uma postura progressista socialmente, mas ao mesmo tempo conservadora religiosamente.
Ao mesmo tempo em que defendia de forma veemente os direitos humanos, criticando por exemplo a globaliza��o como instrumento de acentua��o da desigualdade social e concentra��o de renda, era um inflex�vel moralista quanto � biotecnologia e � sexualidade.
Na enc�clica "Sollcitudo Rei Socialis" (Preocupa��o com a Realidade Social), de 30 de dezembro de 1987, propunha uma nova ordem social, enfatizando problemas de distribui��o de renda e pol�ticas financeiras dos governos.
Por�m a oposi��o ao homossexualismo, ao aborto ou qualquer pr�tica contraceptiva (mesmo para o caso de preven��o � Aids), � fecunda��o artificial, � manipula��o gen�tica e � eutan�sia lhe custou severas cr�ticas de diversos setores da sociedade.
A virada do mil�nio foi uma esp�cie de obsess�o para o papa. Uma de suas primeiras declara��es ao assumir o posto teria sido: "Tive medo de receber esta nomea��o". A afirma��o n�o decorria de inseguran�a pessoal, mas da consci�ncia de que a igreja deveria enfrentar desafios apocal�pticos na fronteira do mil�nio.
Essa preocupa��o estava presente em sua pen�ltima enc�clica (carta papal), "Fides et Ratio" (F� e Raz�o), de 14 de setembro de 1998, em que criticou a separa��o entre teologia e filosofia, que afirmava ser a marca do s�culo 20.
A principal meta pessoal do Santo Padre foi manter a grande disciplina e o consenso diretivo de toda a institui��o eclesi�stica. Por uma igreja forte e coesa diante da cultura fragmentada e neoliberal, n�o permitia o dissenso teol�gico e exigiu cuidado redobrado quanto �s liturgias inculturadas e sincr�ticas.
Em todo o mundo, as principais dioceses passaram a ser orientados por conservadores. Chegou a polemizar ao apoiar grupos de extrema direita, como a Opus Dei. No Brasil, por exemplo, reprimiu a Teologia da Liberta��o e tirou o vigor das CEBs (Comunidades Eclesi�sticas de Base).
Como resultado, assistiu � queda do n�mero de casamentos civis e religiosos, � fuga de fi�is para religi�es h�bridas e ao afastamento da juventude e dos acad�micos universit�rios, que se aproximaram do secularismo, do ate�smo pragm�tico ou do neopaganismo emergentes.
Com ag�ncias internacionais
Leia mais
Erramos: Papa Jo�o Paulo 2� morre aos 84 anos em Roma
Erramos: Papa Jo�o Paulo 2� morre aos 84 anos em Roma
Fi�is se dirigem � Pra�a de S�o Pedro
Conhe�a os principais cotados na sucess�o do papa
Especial
Leia mais na especial sobre o papa Jo�o Paulo 2�
Leia o que j� foi publicado sobre o papa Jo�o Paulo 2�
Papa Jo�o Paulo 2� morre aos 84 anos em Roma
Publicidade
Enviado especial da Folha Online a Roma
Karol Josef Wojtyla, o papa Jo�o Paulo 2�, morreu neste s�bado, aos 84 anos em Roma, ap�s dois dias de agonia. Comunicado oficial do Vaticano informa que o sumo pont�fice morreu �s 21h37 [16h37 de Bras�lia] do dia 2 de abril de 2005 em seus aposentos no Pal�cio Apost�lico.
Reuters |
![]() |
Karol Josef Wojtyla, ap�s a primeira comunh�o |
Jo�o Paulo 2� visitou 129 pa�ses, fez campanha contra a Guerra Fria, aproximou sua igreja de outras religi�es e culturas, desculpou-se pela inquisi��o, defendeu as liberdades individuais, mas condenou o uso de preservativos numa �poca que viu surgir a Aids.
Mesmo acometido pelo mal de Parkinson, o pont�fice pouco reduziu o ritmo das viagens e sempre procurou deixar clara a posi��o do Vaticano em rela��o aos principais acontecimentos internacionais. Somente o agravamento de seu estado de sa�de, no �ltimo m�s de fevereiro, parou o papa. Internado duas vezes, foi submetido a traqueostomia [interven��o cir�rgica para facilitar a respira��o] e praticamente perdeu a capacidade de falar. H� dois dias, seu estado foi declarado irrevers�vel, provocando como��o no mundo. Seguidores de todos os credos oraram por ele.
Pontificado
Nascido na Pol�nia, Wojtyla foi considerado um militante anticomunista, que ajudou a derrotar as ditaduras socialistas do Leste Europeu e a esfriar a Guerra Fria.
AP |
![]() |
Wojtyla (centro), aos 19 anos, na constru��o de um campo militar na Pol�nia, com amigos |
Na tentativa de preparar uma velha igreja para chegar ao terceiro mil�nio, Jo�o Paulo 2� adotou uma postura progressista socialmente, mas ao mesmo tempo conservadora religiosamente.
Ao mesmo tempo em que defendia de forma veemente os direitos humanos, criticando por exemplo a globaliza��o como instrumento de acentua��o da desigualdade social e concentra��o de renda, era um inflex�vel moralista quanto � biotecnologia e � sexualidade.
Na enc�clica "Sollcitudo Rei Socialis" (Preocupa��o com a Realidade Social), de 30 de dezembro de 1987, propunha uma nova ordem social, enfatizando problemas de distribui��o de renda e pol�ticas financeiras dos governos.
Por�m a oposi��o ao homossexualismo, ao aborto ou qualquer pr�tica contraceptiva (mesmo para o caso de preven��o � Aids), � fecunda��o artificial, � manipula��o gen�tica e � eutan�sia lhe custou severas cr�ticas de diversos setores da sociedade.
A virada do mil�nio foi uma esp�cie de obsess�o para o papa. Uma de suas primeiras declara��es ao assumir o posto teria sido: "Tive medo de receber esta nomea��o". A afirma��o n�o decorria de inseguran�a pessoal, mas da consci�ncia de que a igreja deveria enfrentar desafios apocal�pticos na fronteira do mil�nio.
Essa preocupa��o estava presente em sua pen�ltima enc�clica (carta papal), "Fides et Ratio" (F� e Raz�o), de 14 de setembro de 1998, em que criticou a separa��o entre teologia e filosofia, que afirmava ser a marca do s�culo 20.
11.jul.1983/AP |
![]() |
Jo�o Paulo 2� acena para fi�is no castelo Gandolfo, onde passava suas f�rias |
Em todo o mundo, as principais dioceses passaram a ser orientados por conservadores. Chegou a polemizar ao apoiar grupos de extrema direita, como a Opus Dei. No Brasil, por exemplo, reprimiu a Teologia da Liberta��o e tirou o vigor das CEBs (Comunidades Eclesi�sticas de Base).
Como resultado, assistiu � queda do n�mero de casamentos civis e religiosos, � fuga de fi�is para religi�es h�bridas e ao afastamento da juventude e dos acad�micos universit�rios, que se aproximaram do secularismo, do ate�smo pragm�tico ou do neopaganismo emergentes.
Com ag�ncias internacionais
Leia mais
Especial
Publicidade
As �ltimas que Voc� n�o Leu
Publicidade
+ Lidas�ndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta � vida de filho do presidente
- Fac��es terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposi��o do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganist�o mata 19 e fere 41
- Regime s�rio enforcou at� 13 mil oponentes em pris�o, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjord�nia
- Ap�s difama��o por foto com Merkel, refugiado s�rio processa Facebook
+ Enviadas�ndice