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02/12/2000
-
04h44
EDSON FRANCO, editor do TV Folha
Quem, motivado pelo filme hom�nimo, foi anteontem � casa paulistana Via Funchal para ver o show do grupo cubano Buena Vista Social Club p�de constatar que uma cole��o de m�sicas vale por mil imagens. Muito mais do que assistir a um grupo da terceira idade mostrando ainda ser capaz de entreter, o que se viu foi um tipo de m�sica irresist�vel executado por quem melhor o faz.
Foram duas horas e meia que passaram sem se deixar notar. Para isso contribuiu a configura��o do show. A impress�o � que a plat�ia pagou -na porta, cambistas pediam R$ 300 pelo ingresso- para ver uma apresenta��o e acabou presenteada com quatro.
Tudo come�ou �s 22h13, quando, ainda sem nenhuma das maiores estrelas, o grupo tocou uma pe�a livre, capitaneada por um solo no contrabaixo de Orlando "Cacha�to" Lopez.
S� por entrar no palco amparado, o pianista Rub�n Gonz�lez provocou a primeira catarse, pequena, se comparada �quela que ele proporcionou quando come�ou a tocar seu fraseado inquieto, baseado em exerc�cios de piano cl�ssico. Essa primeira parte do show foi mais instrumental. A descarga (tipo de improvisa��o cubana) deu o mote e chegou ao paroxismo em "Chanchullo".
�s 22h50, o pianista deixou o palco, que foi reconfigurado para abrigar um naipe de metais. Foi ent�o que aconteceu o �nico momento dispens�vel, uma vers�o melosa do standard "Somewhere Over the Rainbow".
A recompensa veio a seguir. Omara Portuondo entrou cantando "D�nde Estabas T�?", e teve in�cio o melhor quarto do show. Com o olhar perdido em um ponto qualquer do horizonte, ela extraiu toda a dor de boleros e guajiras, at� o fecho com o cl�ssico "Quiz�s, Quiz�s". Omara deixou o palco �s 23h25 e foi substitu�da pelo cantor Ibrah�m Ferrer.
Como um time que j� entra em campo com o jogo ganho, ele conquistou a plat�ia com o son dan�ante "Marieta". Apesar de rechear a sua parte do show com boleros, o cantor conseguiu manter a Via Funchal concentrada.
O bis se fez inevit�vel ap�s a sa�da de Ferrer, � 0h15. A banda, liderada por ele e Gonz�lez, executou uma vers�o arrebatadora de "Dos Gardenias". Depois, Omara voltou para o inevit�vel dueto com Ferrer em "Silencio", aquela em que ela chora no filme.
Terminado o show, � 0h37, ficou a certeza de que essa turma setuagen�ria de m�sicos cubanos descobriu o elixir da juventude. Eis a f�rmula: ouvir a m�sica que eles produzem estimula a vontade de viver um pouco mais.
Buena Vista � melhor no palco que no cinema
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Quem, motivado pelo filme hom�nimo, foi anteontem � casa paulistana Via Funchal para ver o show do grupo cubano Buena Vista Social Club p�de constatar que uma cole��o de m�sicas vale por mil imagens. Muito mais do que assistir a um grupo da terceira idade mostrando ainda ser capaz de entreter, o que se viu foi um tipo de m�sica irresist�vel executado por quem melhor o faz.
Foram duas horas e meia que passaram sem se deixar notar. Para isso contribuiu a configura��o do show. A impress�o � que a plat�ia pagou -na porta, cambistas pediam R$ 300 pelo ingresso- para ver uma apresenta��o e acabou presenteada com quatro.
Tudo come�ou �s 22h13, quando, ainda sem nenhuma das maiores estrelas, o grupo tocou uma pe�a livre, capitaneada por um solo no contrabaixo de Orlando "Cacha�to" Lopez.
S� por entrar no palco amparado, o pianista Rub�n Gonz�lez provocou a primeira catarse, pequena, se comparada �quela que ele proporcionou quando come�ou a tocar seu fraseado inquieto, baseado em exerc�cios de piano cl�ssico. Essa primeira parte do show foi mais instrumental. A descarga (tipo de improvisa��o cubana) deu o mote e chegou ao paroxismo em "Chanchullo".
�s 22h50, o pianista deixou o palco, que foi reconfigurado para abrigar um naipe de metais. Foi ent�o que aconteceu o �nico momento dispens�vel, uma vers�o melosa do standard "Somewhere Over the Rainbow".
A recompensa veio a seguir. Omara Portuondo entrou cantando "D�nde Estabas T�?", e teve in�cio o melhor quarto do show. Com o olhar perdido em um ponto qualquer do horizonte, ela extraiu toda a dor de boleros e guajiras, at� o fecho com o cl�ssico "Quiz�s, Quiz�s". Omara deixou o palco �s 23h25 e foi substitu�da pelo cantor Ibrah�m Ferrer.
Como um time que j� entra em campo com o jogo ganho, ele conquistou a plat�ia com o son dan�ante "Marieta". Apesar de rechear a sua parte do show com boleros, o cantor conseguiu manter a Via Funchal concentrada.
O bis se fez inevit�vel ap�s a sa�da de Ferrer, � 0h15. A banda, liderada por ele e Gonz�lez, executou uma vers�o arrebatadora de "Dos Gardenias". Depois, Omara voltou para o inevit�vel dueto com Ferrer em "Silencio", aquela em que ela chora no filme.
Terminado o show, � 0h37, ficou a certeza de que essa turma setuagen�ria de m�sicos cubanos descobriu o elixir da juventude. Eis a f�rmula: ouvir a m�sica que eles produzem estimula a vontade de viver um pouco mais.
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