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12/01/2004 - 08h36

F�s "dinossauros" lembram o in�cio da mania no Brasil

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MARCOS D�VILA
free-lance para a Folha

Foi no r�dio de alta frequ�ncia do pai que o lojista Orlando Kiyoshi Oyama, 45, teve contato pela primeira vez com bandas "novas" como Black Sabbath, Led Zeppelin e Deep Purple, em pleno vapor na d�cada de 70. "Eu me lembro at� hoje de quando ouvi o lan�amento de "Fireball", do Deep Purple, na BBC de Londres. Nossa, n�o acreditei no som. Era demais", recorda Oyama, que na �poca tinha 13 anos e morava em Adamantina, no interior de S�o Paulo.

Como os lan�amentos em LP nunca chegavam � sua cidade, Oyama dependia de um amigo lojista que comprava mensalmente as �ltimas novidades do rock na capital e levava para Adamantina. "Quando ele chegava, era uma festa. Eu tinha de gravar fitas cassete para todos os meus amigos com sele��es do tipo "as dez mais'", afirma o f� de rock.

Hoje, Oyama � dono da loja de CDs Mega Rock, na Galeria do Rock, em S�o Paulo, e tem acesso a todos os lan�amentos do metal. Mesmo assim, o lojista segue fiel aos grupos das d�cadas de 70 e 80 e n�o se interessa muito pelas novidades do g�nero. "As bandas novas usam muitos sintetizadores e voc� n�o consegue identificar os timbres das guitarras", diz.

Pai de dois filhos que, segundo ele, s� gostam de MPB e tecno, o lojista ganhou recentemente uma netinha. "Quando minha neta vir me visitar s� vai ouvir heavy metal", brinca.

Da mesma forma pensa o vendedor Rene Carlos Esquerdo, 37, que trabalha na loja de discos Catedral Rock Machine, na mesma galeria. "Naquela �poca [nos anos 70 e 80] voc� pegava dez bandas novas e todas eram boas e diferentes. Hoje, se voc� ouvir 50 grupos novos com sorte voc� pin�a um. O heavy metal foi muito descaracterizado e tem muitos subg�neros", diz o metaleiro que, ali�s, detesta este termo. "Essa hist�ria de metaleiro foi inventada pela Rede Globo na �poca do primeiro Rock in Rio. Antes a gente costumava se chamar de "headbanger'", afirma o vendedor enquanto se atrapalha para dar informa��es sobre um CD do Jamiroquai a um cliente da loja. "Voc� v�? Eu fico meio perdido com essas bandas novas. A outra loja que eu trabalhava s� vendia discos de heavy metal", diz.

Com um in�cio de calv�cie, Esquerdo lembra dos seus 17 anos, �poca em que ostentava uma bela cabeleira e todo final de semana "era uma aventura". Ao ser questionado sobre sua lembran�a mais marcante da �poca, o "headbanger" n�o titubeia, abaixa a cabe�a e mostra uma enorme cicatriz no lado direito do cr�nio. "Essa foi uma machadada que eu tomei numa briga com skinheads numa linha de trem no Tatuap�. Levei sete pontos", conta.

Segundo ele, naquela �poca os metaleiros eram mais radicais e viviam em conflito com os punks.

Outro t�pico dinossauro, o instalador de som automotivo Alexandre dos Santos, 35, tamb�m recorda de "batalhas hist�ricas" com os skinheads. "Eu fazia parte de uma gangue chamada Necr�fagos. Uma vez, brigamos com 15 punks dentro de um vag�o do metr�. Era paulada, coturnada e fivelada pra todo lado. Terminamos tomando um ch� de cadeira na delegacia at� de manh�", lembra Santos, que frequentou todos os shows de heavy metal da �poca, como o Kiss em 87, no Pacaembu, o Venom em 85, no gin�sio do Corinthians, e o primeiro Rock in Rio tamb�m em 85, com Judas Priest, Iron Maiden, AC/DC e Scorpions. "Nunca vou esquecer a bunda do guitarrista Angus Young, que abaixou as cal�as no show do Rock in Rio. Ficou na hist�ria", lembra. At� hoje, essas mesmas bandas n�o saem do aparelho de som de Santos, que afirma gostar apenas de um grupo novo de heavy metal. "� aquele... Hum... Como � mesmo o nome?".

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