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26/09/2003 - 09h31

Id�ias retr�gradas pontuam roteiro de "Irrevers�vel"

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PEDRO BUTCHER
cr�tico da Folha

O elemento mais chocante de "Irrevers�vel" n�o � a viol�ncia expl�cita, explorada pelo puro desejo do esc�ndalo. Chocante mesmo � ver um filme de id�ias t�o retr�gradas e preconceitos arraigados ser feito no s�culo 21. Duplamente chocante � saber que esse filme � franc�s.

A estrutura de "Irrevers�vel" � baseada em dois princ�pios. O primeiro � a total descren�a no ser humano. Ou, o que talvez seja pior, a cren�a profunda na bestialidade do homem (uma bestialidade "natural", inata e descontextualizada). O segundo � o fatalismo doutrin�rio, a id�ia de que o destino � irremedi�vel.

Filmando a golpes de marreta, o diretor Gaspar No� (de "Seul contre Tous") nega com veem�ncia o projeto humanista do cinema franc�s. A imagem mais emblem�tica surge nos primeiros minutos: um cr�nio � esmagado a golpes de um extintor de inc�ndio, sem cortes ou al�vio para o espectador. � o aniquilamento definitivo do projeto racional.

A sequ�ncia est� no princ�pio do filme, mas narra o final da hist�ria, j� que a estrutura do roteiro, como est� t�o em voga, prop�e uma narrativa "de tr�s para a frente". O espectador come�a vendo a vingan�a pessoal de Marcus (Vincent Cassel), que desce ao submundo gay para ca�ar o suposto estuprador de sua mulher (Monica Bellucci), e vai acompanhando o que se passou antes at� chegar ao momento que o autor determinou como o "princ�pio", um tempo id�lico e feliz que se deteriorou at� a podrid�o (porque o homem n�o presta; � o que est� impl�cito em cada fotograma).

"Irrevers�vel" foi exibido no Festival de Cannes de 2002 e causou esc�ndalo. Mas foi puro fogo de palha. Em poucos dias, esc�ndalo e filme foram esquecidos.

Avalia��o:

Irrevers�vel (Irr�versible)
Dire��o: Gaspar No�
Produ��o: Fran�a, 2001
Com: Monica Bellucci e Vincent Cassel
Quando: a partir de hoje no Espa�o Unibanco e no Cinearte
 

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