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10/09/2005 - 09h01

"A pior coisa do mundo � a inveja, o despeito", diz Severino

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FERNANDO RODRIGUES
da Folha de S.Paulo

O presidente da C�mara, Severino Cavalcanti (PP-PE), disse ontem, pouco antes de viajar dos Estados Unidos para o Brasil, que n�o pedir� licen�a se isso significar que n�o poder� retornar ao cargo. "Se a licen�a for o princ�pio de ren�ncia, eu n�o renunciarei absolutamente", afirmou, em entrevista � Folha, por telefone, de seu quarto de hotel em Nova York.

Bombardeado pelas acusa��es de ter recebido propina, Severino afirma que � falso um documento no qual aparece sua assinatura prorrogando a concess�o do espa�o para um restaurante dentro da C�mara. "Aquilo � um neg�cio forjado", diz.

E o cheque que teria sido dado a um motorista seu? Responde Severino: "Esse empres�rio tem um restaurante. Tem liga��o com todos esses motoristas. Com todo esse pessoal que � funcion�rio da Casa. Numa hip�tese absurda, esse motorista de que fala, poderia ter estado com ele. Ou ele ter usado o nome do motorista para fazer um favor. Dar cem, duzentos, trezentos cruzeiros para o rapaz fazer um servi�o para ele. Mas n�o para mim".

Na semana que vem, Severino estar� de novo presidindo a C�mara. � quando pode ser colocado em vota��o o processo de cassa��o do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). "Estarei em pleno exerc�cio da presid�ncia. Vou colocar tudo em vota��o. Irei presidir a sess�o."

Para o presidente da C�mara, as acusa��es atuais teriam origem na a��o de seus inimigos pol�ticos. Filosofa sobre como essas for�as se formaram: "H� frustra��o de muitos que queriam chegar neste lugar. Ou interesse de grupos de tirar o governo ou do governo de me tirar. Eu n�o sei". E conclui: "A pior coisa do mundo � a inveja, o despeito".

Folha - O sr. vai ou n�o vai se licenciar do cargo de presidente da C�mara?

Severino Cavalcanti - Eu n�o disse que iria tirar licen�a coisa nenhuma. O que disse � que tenho de estar a� [em Bras�lia] para tomar uma posi��o. N�o posso tomar uma posi��o unilateral.

Folha - Mas quando o sr. diz que vai falar com seus assessores, qualquer um pode ent�o entender que o sr. cogita tirar uma licen�a da cargo. Existe essa hip�tese?

Severino - N�o existe.

Folha - Nos pr�ximos dias poder� aparecer a c�pia do cheque que o empres�rio Sebasti�o Buani diz ter dado a um motorista seu. Esse cheque n�o complica a sua situa��o?

Severino - Mas esse empres�rio, Sebasti�o Buani, tem um restaurante. Tem liga��o com todos esses motoristas. Com todo esse pessoal que � funcion�rio da Casa. Numa hip�tese absurda, esse motorista de que ele fala, poderia ter estado com ele. Ou ele ter usado o nome do motorista para fazer um favor. Dar cem, duzentos, trezentos cruzeiros para o rapaz fazer um servi�o para ele [Buani]. Mas n�o para mim. Ele n�o tem nenhum cheque assinado por mim nem por ningu�m meu.

Folha - Mas digamos que apare�a o cheque com o nome do motorista que servia ao sr. O sr. n�o considera isso grave?

Severino - Mas o que eu tenho a ver com o cheque? Digamos que tenha acontecido isso --o que n�o acredito-- acho que � uma fantasia dele [Buani]. O que eu tenho a ver com esse cheque, pelo amor de Deus? Posso mostrar o extrato de minha conta em qualquer data que ele cita.

Folha - E o papel com a sua assinatura? O que � aquilo?

Severino - � um neg�cio forjado, preparado por ele [Buani]. Pegaram um documento meu, tiraram a assinatura e montaram no outro documento. Ele n�o tem documento original, nenhum, nem existe esse documento.

Folha - Se � tudo mentira, falso, por que est� acontecendo tudo isso? Qual � a sua melhor hip�tese?

Severino - S�o v�rios deputados que t�m interesse no meu lugar. A inveja � muito grande. H� frustra��o de muitos que queriam chegar neste lugar. Ou interesse de grupos de tirar o governo ou do governo de me tirar. Eu n�o sei.

Folha - V�rios partidos v�o apresentar um pedido de abertura de processo contra o sr. Est�o certos?

Severino - O PPS � do [deputado federal] Roberto Freire [PE], que � um despeitado comigo. � um homem que a vida inteira n�o conseguiu chegar onde eu cheguei. A pior coisa do mundo � a inveja, o despeito.

Folha - Quem mais est� nesse grupo de deputados?

Severino - Outro � o [deputado federal Raul] Jungmann [PPS-PE], que est� nessa linha.

Folha - E o presidente Lula?

Severino - O pessoal da oposi��o acha que ele [Lula] est� querendo o meu afastamento. N�o sei. N�o posso adivinhar. Depois que surgiu isso, n�o falei com ele. Tenho um bom relacionamento com ele. Aqui [em Nova York], tenho defendido a posi��o econ�mica do governo dele.

Folha - E quem disse ao sr. que o presidente Lula deseja o seu afastamento?

Severino - Esse pessoal ligado ao grupo do Aleluia [deputado Jos� Carlos Aleluia, do PFL-BA].

Folha - De volta � sua poss�vel licen�a. Qual � exatamente a sua posi��o?

Severino - Eu tenho advogados e vou escut�-los. N�o posso decidir uma coisa s� por mim. Uma coisa que n�o fa�o de maneira nenhuma � renunciar ao mandato de presidente da C�mara.

Folha - Correligion�rios seus dizem que uma eventual licen�a seria para o sr. nunca mais voltar ao cargo. O que o sr. acha?

Severino - Ent�o jamais eu poderei fazer isso. Porque eu n�o renunciarei ao mandato. Se a licen�a for o princ�pio de ren�ncia, eu n�o renunciarei absolutamente.

Folha - Teria de ser na condi��o de o sr. poder voltar?

Severino - A �nica posi��o definitiva que tenho � que n�o renunciarei ao meu mandato de presidente e nem de deputado.

Folha - E se a licen�a representar o in�cio de um processo de ren�ncia, o sr. faz o qu�?

Severino - N�o existe. N�o existe isso. Para mim, n�o vai existir. Ao chegar a� [em Bras�lia] vou acabar com toda essa hist�ria.

Folha - Se o sr. n�o se licenciar da presid�ncia da C�mara, muitos deputados dizem que n�o v�o dar andamento a nenhum dos outros processos contra os acusados de envolvimento no "mensal�o".

Severino - Nenhum processo ficar� encostado.

Folha - Mas o processo do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) pode ir a plen�rio na semana que vem. O sr. vai presidir essa sess�o?

Severino - Na segunda-feira estarei a� [em Bras�lia] e estarei em pleno exerc�cio da presid�ncia. Vou colocar tudo em vota��o. Irei presidir a sess�o.

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