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16/10/2003
-
09h15
da BBC, em S�o Paulo
O papado de Jo�o Paulo 2�, que completa 25 anos hoje, � marcado por posturas contradit�rias dentro e fora da Igreja, na avalia��o do te�logo Fernando Altemeyer J�nior, professor de Teologia da Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo (PUC-SP).
"Fora da igreja ele foi uma personalidade de vanguarda, um gigante. J� dentro da Igreja, paradoxalmente, foi um homem conservador, que prop�s a volta a uma grande disciplina, um centralismo forte e o cerceamento de muitos que pensavam de maneira mais liberal", afirma Altemeyer.
Como exemplos de vanguardismo, ele cita a atua��o pol�tica do papa, que visitou dezenas de pa�ses e � considerado um dos respons�veis pelo fim da Guerra Fria, que dividiu e amea�ou o mundo p�s-Segunda Guerra at� o fim dos anos 80, e sua atua��o em casos mais recentes, como a condena��o � guerra do Iraque.
Mas � o seu conservadorismo que � respons�vel pelas posturas mais pol�micas da igreja --como a condena��o ao uso do preservativos em rela��es sexuais, mesmo com o crescimento de casos de contamina��o da Aids-- e a cr�tica ao envolvimento da Igreja em quest�es sociais, como o pregado pela Teologia da Liberta��o.
A Teologia da Liberta��o � uma corrente mais liberal da Igreja cat�lica seguida por muitos padres na Am�rica Latina, especialmente do Brasil, a partir dos anos 60.
"Esquizofrenia"
Um exemplo da intoler�ncia do papa, na opin�o de Altemeyer, p�de ser vista no Brasil.
O frei Leonardo Boff, por exemplo, foi punido duas vezes por sua atua��o social, e acabou deixando a igreja.
Altemeyer, que j� foi padre e � partid�rio da Teologia da Liberta��o, n�o acha, no entanto, que o conservadorismo do papa Jo�o Paulo 2� � levado ao p� da letra pelos padres ou fi�is brasileiros.
E lembra que poucas mulheres seguem a orienta��o da Igreja em rela��o a planejamento familiar e ao uso de m�todos naturais de contracep��o.
"H� uma certa esquizofrenia, sim", afirma Altemeyer. "Os brasileiros aplaudem o discurso do Vaticano, mas dentro de casa o que se segue � outra coisa", afirma.
A mesma postura � adotada por muitos dos padres brasileiros. "Eles seguem a orienta��o do Vaticano de uma maneira geral, mas, quando se est� na frente de um fiel, � preciso adequar a estrutura moral � realidade humana", afirma Altemeyer.
A postura da Igreja brasileira diante da Aids � um bom exemplo, na avalia��o do t�ologo, que considera a orienta��o do Vaticano sobre o assunto "d�bia e equivocada".
Ao mesmo tempo em que o Vaticano condena o uso de preservativos e ignora a destrui��o que a epidemia de Aids est� causando na �frica, alguns padres e movimentos de leigos religiosos s�o respons�veis por muitos trabalhos volunt�rios de assist�ncia a doentes e trabalhos de conscientiza��o e preven��o no pa�s.
"Na teoria, l� nos postos centrais, o discurso � conservador e at� fora da realidade. Mas aqui na base, junto do portador, o discurso � de solidariedade e compreens�o", afirma.
O te�logo n�o se arrisca a dizer, no entanto, se foi a postura mais conservadora adotada pelo Vaticano durante o papado de Jo�o Paulo 2� a respons�vel pela perda de seguidores da Igreja cat�lica para outras igrejas.
"Tem um pouco a ver com o conservadorismo da igreja em rela��o a quest�es sexuais, morais e de liturgia, mas n�o � s� isso", afirma.
"O pentecostalismo � um fen�meno de 40 anos e � o maior fen�meno do cristianismo depois da reforma de Lutero", diz Altemeyer.
Nos seus 25 anos de papado, o papa Jo�o Paulo 2� esteve no Brasil tr�s vezes: em 1980, em 1991 e 1997.
Entre a primeira e a terceira visita do papa ao pa�s, os n�meros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) mostram que a propor��o dos que se dizem cat�licos caiu de 89% da popula��o para 76%.
Leia mais
Leia perfil do papa Jo�o Paulo 2�
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Veja os papados mais longos da hist�ria do Vaticano
Conhe�a a cronologia do papa Jo�o Paulo 2�
Papado de Jo�o Paulo 2� � contradit�rio, diz te�logo
DENIZE BACOCCINAda BBC, em S�o Paulo
O papado de Jo�o Paulo 2�, que completa 25 anos hoje, � marcado por posturas contradit�rias dentro e fora da Igreja, na avalia��o do te�logo Fernando Altemeyer J�nior, professor de Teologia da Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo (PUC-SP).
"Fora da igreja ele foi uma personalidade de vanguarda, um gigante. J� dentro da Igreja, paradoxalmente, foi um homem conservador, que prop�s a volta a uma grande disciplina, um centralismo forte e o cerceamento de muitos que pensavam de maneira mais liberal", afirma Altemeyer.
Como exemplos de vanguardismo, ele cita a atua��o pol�tica do papa, que visitou dezenas de pa�ses e � considerado um dos respons�veis pelo fim da Guerra Fria, que dividiu e amea�ou o mundo p�s-Segunda Guerra at� o fim dos anos 80, e sua atua��o em casos mais recentes, como a condena��o � guerra do Iraque.
Mas � o seu conservadorismo que � respons�vel pelas posturas mais pol�micas da igreja --como a condena��o ao uso do preservativos em rela��es sexuais, mesmo com o crescimento de casos de contamina��o da Aids-- e a cr�tica ao envolvimento da Igreja em quest�es sociais, como o pregado pela Teologia da Liberta��o.
A Teologia da Liberta��o � uma corrente mais liberal da Igreja cat�lica seguida por muitos padres na Am�rica Latina, especialmente do Brasil, a partir dos anos 60.
"Esquizofrenia"
Um exemplo da intoler�ncia do papa, na opin�o de Altemeyer, p�de ser vista no Brasil.
O frei Leonardo Boff, por exemplo, foi punido duas vezes por sua atua��o social, e acabou deixando a igreja.
Altemeyer, que j� foi padre e � partid�rio da Teologia da Liberta��o, n�o acha, no entanto, que o conservadorismo do papa Jo�o Paulo 2� � levado ao p� da letra pelos padres ou fi�is brasileiros.
E lembra que poucas mulheres seguem a orienta��o da Igreja em rela��o a planejamento familiar e ao uso de m�todos naturais de contracep��o.
"H� uma certa esquizofrenia, sim", afirma Altemeyer. "Os brasileiros aplaudem o discurso do Vaticano, mas dentro de casa o que se segue � outra coisa", afirma.
A mesma postura � adotada por muitos dos padres brasileiros. "Eles seguem a orienta��o do Vaticano de uma maneira geral, mas, quando se est� na frente de um fiel, � preciso adequar a estrutura moral � realidade humana", afirma Altemeyer.
A postura da Igreja brasileira diante da Aids � um bom exemplo, na avalia��o do t�ologo, que considera a orienta��o do Vaticano sobre o assunto "d�bia e equivocada".
Ao mesmo tempo em que o Vaticano condena o uso de preservativos e ignora a destrui��o que a epidemia de Aids est� causando na �frica, alguns padres e movimentos de leigos religiosos s�o respons�veis por muitos trabalhos volunt�rios de assist�ncia a doentes e trabalhos de conscientiza��o e preven��o no pa�s.
"Na teoria, l� nos postos centrais, o discurso � conservador e at� fora da realidade. Mas aqui na base, junto do portador, o discurso � de solidariedade e compreens�o", afirma.
O te�logo n�o se arrisca a dizer, no entanto, se foi a postura mais conservadora adotada pelo Vaticano durante o papado de Jo�o Paulo 2� a respons�vel pela perda de seguidores da Igreja cat�lica para outras igrejas.
"Tem um pouco a ver com o conservadorismo da igreja em rela��o a quest�es sexuais, morais e de liturgia, mas n�o � s� isso", afirma.
"O pentecostalismo � um fen�meno de 40 anos e � o maior fen�meno do cristianismo depois da reforma de Lutero", diz Altemeyer.
Nos seus 25 anos de papado, o papa Jo�o Paulo 2� esteve no Brasil tr�s vezes: em 1980, em 1991 e 1997.
Entre a primeira e a terceira visita do papa ao pa�s, os n�meros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) mostram que a propor��o dos que se dizem cat�licos caiu de 89% da popula��o para 76%.
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