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A postura da China e da Ucr�nia � um desrespeito, diz presidente do CPB

Sem o Brasil conseguir atingir a meta de ficar entre os cinco melhores pa�ses no ranking de medalhas da Paraolimp�ada do Rio, que termina na noite deste domingo (18), o representante m�ximo da organiza��o da delega��o nacional, Andrew Parsons, 39, presidente do CPB (Comit� Paraol�mpico Brasileiro), fez ataques a posturas que considera duvidosas de competitividade dos times da China e da Ucr�nia.

O dirigente cobrou mais rigor em triagens de doping e ressaltou o avan�o do pa�s em conseguir medalhas em 12 modalidades paraol�mpicas.

Ele questiona ainda a estrat�gia de alguns pa�ses de "esconderem" seus principais nomes de competi��es internacionais e causarem surpresas com recordes nos jogos paraol�mpicos.

"A postura da China e da Ucr�nia causaram desconforto na nata��o. � um desrespeito aos atletas dos outros pa�ses. Vejo um problema do ponto de vista �tico nisso."

Formado em jornalismo e torcedor do Corinthians, o dirigente falou com exclusividade � Folha sobre o futuro do esporte paraol�mpico no Brasil, os resultados gerados no Rio e os Jogos do Jap�o, em 2020.

Parsons tamb�m respondeu quest�es sobre as investiga��es em torno de sua gest�o feita pelo Tribunal de Contas da Uni�o e sobre o sucesso do evento no Rio.

Zanone Fraissat/Folhapress
RIO DE JANEIRO/RJ BRASIL. 16/09/2016 - Andrew Parsons, presidente do Comit� Paral�mpico Brasileiro.(foto: Zanone Fraissat/FOLHAPRESS, ESPORTE)***EXCLUSIVO***
Andrew Parsons, presidente do Comit� Paral�mpico Brasileiro

Folha - O que deu errado para o Brasil n�o terminar a Paraolimp�ada dentro da meta de ficar entre os cinco melhores?

Andrew Parsons - N�o acho que algo tenha sa�do errado. Devemos fechar em s�timo lugar, com mais de 60 medalhas, um crescimento muito grande. Faltaram ouros, sim. Ficar em quinto era uma possibilidade, era uma meta muito agressiva. A Alemanha veio muito forte e, ao mesmo tempo, tivemos essa postura question�vel da China e da Ucr�nia de n�o trazer seus melhores atletas para grandes competi��es durante o ciclo ol�mpico ou de fazer a classifica��o [funcional, que determina em que grupo de pessoas com defici�ncia o atleta ir� competir] no �ltimo momento. Classifica��es muito question�veis. Nos tirou p�dios que ach�vamos que ganhar�amos. A nata��o foi a mais prejudicada com isso, mas tamb�m tivemos perdas em esportes que avali�vamos que trariam o ouro, como o goalball masculino, que foi campe�o mundial.

Voc� avalia que houve pa�ses que burlaram regras paraol�mpicas?

Questionamos muito essa atitude de alguns pa�ses de n�o participarem do clico e causarem surpresas nos jogos. Atletas escondidos n�o est�o sob controle antidoping eficiente, n�o est�o no radar das ag�ncias de fiscaliza��o e n�o s�o reavaliados nas classifica��es funcionais.

Que pa�ses fizeram isso?

Falo da postura da China e da Ucr�nia, que causaram desconforto na nata��o [atletas desses pa�ses quebraram recordes mundiais e ultrapassaram marcas favoritas de brasileiros]. � um desrespeito aos atletas dos outros pa�ses. Vejo um problema do ponto de vista �tico nisso.

E a Gr�-Bretanha, que dobrou o n�mero de ouros em rela��o a Londres e ficou em segundo no quadro de medalhas?

� uma situa��o completamente diferente. A Gr�-Bretanha vem crescendo h� alguns ciclos e faz um trabalho de intelig�ncia de dom�nio de modalidades, notadamente o ciclismo, mas � forte em v�rias. � um modelo a ser seguido no Ol�mpico e no Paral�mpico. Vamos intensificar os contatos com os organizadores dos esportes de l� para entender mais esse sucesso.

N�o faltou tamb�m mais dos atletas multimedalhistas e dos atletas mais consagrados?

As medalhas acabaram n�o vindo da gera��o bem-sucedida de Londres [2012], mas at� isso mostra um caminho positivo porque as premia��es vieram de um novo grupo de atletas. Tivemos medalhas no halterofilismo [prata], no ciclismo [bronze], no hipismo [bronze], as primeiras medalhas no individual do t�nis de mesa [prata e bronze]. Mas os tempos dos multimedalhistas foram muito bons. O desconforto veio de marcas muito fora do padr�o dos atletas de outros pa�ses. O Comit� Paraol�mpico Internacional ter� de rever muitas coisas.

O que se destaca como ponto mais forte e mais fraco da delega��o brasileira?

Ter medalhas em tantas modalidades diferentes [12 at� agora] � algo muito positivo, � sinal de trabalho bem realizado. Os esportes que mais receberam apoio financeiros de patrocinadores foram os que fizeram a diferen�a. Com recurso, a gente chega. O sabor amargo que fica � da nata��o, pelas circunst�ncias que j� falei. O Brasil tamb�m foi afetado no atletismo por causa da postura escandalosa de alguns atletas guia [que auxiliam corredores cegos] que puxaram os corredores e infringem as normas.

Vai haver esvaziamento dos apoios e dos recursos para os atletas paraol�mpicos a partir de agora?

Vamos ter mais recursos durante o ciclo do Jap�o e vamos ter um centro de treinamento [em S�o Paulo] de ponta durante quatro anos de prepara��o. Com a nova lei de loterias [Agnelo Piva, que aumentou o percentual de recursos repassado ao comit�], vamos ter um impacto grande. Vamos gerir bem o centro, comprar materiais e investir em atletas. Devemos ter algo por volta de R$ 170 milh�es ou R$ 180 milh�es por ano, caso renovemos nossos contratos de patroc�nio [o clico do Rio foi de cerca de R$ 100 milh�es por ano]. N�o vejo possibilidade de haver esvaziamento. As perspectivas s�o muito boas para o futuro, mas � claro que queremos mais apoios.

Voc� � cotado para ser o novo presidente do Comit� Internacional Paraol�mpico. Caso se confirme, o que espera fazer no Jap�o-2020?

Vamos ter mais tranquilidade para a entrega dos jogos e n�o v�o faltar recursos financeiros. N�o temos esses receios e vamos ter tempo para trabalhar mais a presen�a de p�blico. O Rio foi sensacional, mas passamos um sufoco. Faltou um trabalho anterior. Os Jogos do Jap�o tamb�m ser�o marcados pelo poder tecnol�gico do pa�s e por novidades em exibi��o de imagens, entretenimento. O que ainda ser� preciso trabalhar � a delega��o japonesa, que no Rio n�o teve bom desempenho. Mas ainda h� uma elei��o a ser disputada.

O Tribunal de Contas da Uni�o fez questionamentos em torno de gastos de sua gest�o. Como pretende respond�-los?

Temos um prazo at� outubro e vamos responder sem problema nenhum. � �timo sermos fiscalizados, e o Tribunal tem mesmo que ir a fundo. O que lamento � a forma como alguns t�cnicos do TCU fazem seus apontamentos. �s vezes, parece que n�o se vai a fundo ou n�o se pergunta a raz�o de alguns gastos como viagens internacionais. Sou presidente do Comit� Paral�mpico Brasileiro e tenho fun��es de representa��o institucional. A exposi��o foi desnecess�ria e injusta. As portas est�o abertas para o tribunal sempre. Estou muito tranquilo, mas me incomodou a exposi��o, o vazamento de informa��es ainda em apura��o para jornalistas. A auditoria poderia ter sido mais zelosa.

O Comit� Rio-2016 admite que demorou em acreditar que os jogos cairiam no gosto popular. Voc� se ofendeu com isso? No final foi mesmo um sucesso?

Acho muito bom o comit� ter feito um mea-culpa. Houve uma falta de entendimento sobre o que � o esporte paral�mpico no Brasil e o quanto o brasileiro se orgulha dos atletas paral�mpicos e quer assisti-los. Mas, no final, deu certo. Poderia ter sido de uma forma mais tranquila e planejada. Tentamos muito criar uma din�mica diferente da promo��o dos jogos. O que os atletas representam para o pa�s e o despertam no brasileiro � que fez o sucesso.

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