O nadador s�rio Ibrahim Al Hussein, 27, n�o consegue nem imaginar o que passar� por sua cabe�a no momento em que entrar no Maracan� empunhando a bandeira da delega��o de refugiados paraol�mpicos, durante a cerim�nia de abertura dos Jogos, na noite desta quarta (7).

Assim como na Olimp�ada, a Paraolimp�ada tamb�m ter� uma delega��o independente de refugiados que competir�o sob a bandeira ol�mpica.

O outro atleta da delega��o � o iraniano Shahrad Nasajpour, que hoje vive como asilado nos Estados Unidos, mas ainda n�o � considerado refugiado. Ele tem paralisia cerebral e competir� no arremesso de disco, na classe esportiva F37.

Al Hussein vai competir nos 50 metros e 100 metros de nado livre na classe S10.

Em 2012, Al Hussein foi ferido na guerra civil em seu pa�s, que, em quatro anos, matou 250 mil s�rios e desalojou 11 milh�es. Perdeu uma perna tentando salvar um amigo que fora atingido por uma bomba.

"Ele gritou o meu nome e de outros amigos. Corremos para socorr�-lo. Essa � uma t�tica comum do ex�rcito s�rio –bombardear �reas onde h� um grupo de pessoas. Quando tentamos tirar ele da rua, fomos atingidos. Alguns dos amigos que estavam comigo morreram", disse Al Hussein, em uma breve conversa com a imprensa, do lado de fora da Vila Paraol�mpica.

	Achilleas Zavallis/Reuters
	Ibrahim al-Hussein, 27, em um clube de Atenas, na Gr�cia

O amigo que ele tentara socorrer est� vivo –"pelo menos at� onde eu sei", diz Al Hussein.

No ano seguinte, conseguiu fugir para a Turquia. De l�, seguiu de barco para a Gr�cia, onde se tornou refugiado. Deixou para tr�s os pais e treze irm�os, alguns dos quais ele consegue falar de vez em quando; de outros, n�o tem not�cias.

Hussein passa doze horas do dia trabalhando em um caf�. Dedica outras quatro ao treino de nata��o.

Sempre fora atl�tico, e sonhava em competir numa Olimp�ada. Filho de um treinador de nata��o, come�ou a praticar o esporte quando era crian�a. Tamb�m lutava jud�. Depois que perdeu a perna, sentiu que n�o poderia mais praticar a luta, ent�o se concentrou na nata��o assim que chegou � Gr�cia. "A piscina � a minha casa", diz ele.

Hussein carregou a tocha ol�mpica por um campo de refugiados no revezamento que aconteceu na Gr�cia. Se pudesse escolher um pa�s para representar nos Jogos, n�o sabe qual seria. "Estou orgulhoso de ser um representante refugiado".

Cuidadoso com o que fala sobre a guerra s�ria, diz que n�o defende nem o lado do governo, nem o dos rebeldes.

"S� quero que acabe. A mensagem que quero passar � �fa�am o poss�vel para que isso tudo acabe.'"

	Achilleas Zavallis/Reuters
	Ibrahim al-Hussein nada tr�s vezes por semana em um clube de Atenas