No pa�s do futebol, o brilho na canoagem de velocidade soa estranho, quase como uma aberra��o.
Se houvesse um pr�mio para o melhor atleta do Brasil na Olimp�ada, ele iria, f�cil, para o falante Isaquias Queiroz, 22, dono de tr�s medalhas na Rio-2016.
Um projeto social em sua cidade natal, Ubaitaba (a 170 km de Salvador), ofereceu-lhe a oportunidade de come�ar a remar. E Isaquias remou, e remou, e remou. At� chegar aonde chegou.
E o merecedor de um pr�mio de melhor atleta coadjuvante seria seu companheiro de canoa na conquista da medalha de n�mero 3, o sereno Erlon Souza, 25, baiano como Isaquias.
Temperamentos diferentes, eles fazem valer a m�xima "os opostos se atraem".
Os tr�s p�dios, surpreendentes para o grande p�blico (devido � emers�o repentina de um esporte cuja exposi��o na m�dia � quase nula), fizeram a canoagem obter em um intervalo de seis dias o que o hipismo demorou tr�s Olimp�adas (1996, 2000 e 2004), ou oito anos, para alcan�ar: os mesmos tr�s p�dios.
Nesse curt�ssimo per�odo, deixou para tr�s pentatlo moderno e taekwondo (uma medalha cada um) e se aproximou da badalada gin�stica art�stica e do tiro esportivo (quatro medalhas cada um).
Nesta Olimp�ada, a canoagem se igualou � j� citada gin�stica e ao n�o menos incensado jud� (tr�s medalhas cada um) e brilhou bem mais que os nobres atletismo (uma medalha) e nata��o (nenhuma), pela import�ncia ol�mpica, e que a sempre bem cotada vela (uma).
E ent�o v�m as perguntas.
A primeira, que surge sempre que um esporte d� as caras pela primeira vez, �: ser� que a canoagem veio para ficar?
Foi assim com o t�nis. N�o apareceu nenhum sucessor de Gustavo Kuerten, mesmo com todo o sucesso que o tricampe�o de Roland Garros fez, e ainda faz, apesar de j� aposentado h� anos.
A segunda �: ser� que Isaquias ter� o devido reconhecimento?
Pois as tr�s medalhas na Rio-2016 o tornam �nico. Ele superou nomes consagrados como os nadadores C�sar Cielo e Gustavo Borges e os pioneiros do tiro Guilherme Paraense e Afr�nio da Costa, todos donos de duas medalhas em uma mesma Olimp�ada.
Mas tratar�o os meios de comunica��o esse fen�meno brasileiro com a merecida exposi��o? Autoridades esportivas agir�o para que ele e Erlon n�o sejam exce��es, agulhas em um palheiro?
De hoje em diante, Isaquias e a canoagem aguardar�o, e em algum tempo saber�o, as respostas.