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Ex-vendedor de picol�, Robson Concei��o cobi�a medalha no boxe

Na Olimp�ada de Pequim, em 2008, ele caiu fora na primeira luta. Em Londres-2012, repetiu o fracasso precoce. Agora, j� classificado para os Jogos do Rio, que come�am em agosto, o boxeador baiano Robson Concei��o, 27, pretende chegar mais longe, bem mais longe.

Espera, enfim, obter uma medalha ol�mpica.

O sonho do ex-vendedor de picol� e ex-ajudante de cozinha de Salvador n�o � sem fundamento.

Em 2013, ele foi prata no Mundial no Cazaquist�o. No ano passado, completou mais de 12 meses como primeiro no ranking mundial em sua categoria (at� 60 kg) e se tornou o primeiro brasileiro da modalidade a conseguir a vaga ol�mpica, gra�as ao bronze no �ltimo Mundial, no Qatar.

Vida de atleta - Robson Concei��o

Entre os esportes de luta, o boxe brasileiro n�o tem a for�a do jud� no que diz respeito ao potencial de medalhas. H� poucos com chances reais e, dentro desse grupo restrito, Robson se destaca.

"Estou mais forte e tamb�m melhorando na parte t�cnica", diz � Folha.

Para alcan�ar seu objetivo, Robson se aprimora t�cnica e fisicamente em uma rotina di�ria de treinos ora em Salvador ora em S�o Paulo.

A capital baiana � sua base, onde vive com sua mulher, a tamb�m lutadora Erika Mattos, e a filha do casal, Sophia, de um ano e oito meses.

Na capital paulista, fica o centro de treinamento da sele��o brasileira de boxe.

Os treinos sempre come�am de manh�. Em S�o Paulo, a primeira atividade acontece por volta de 8h. J� em Salvador, h� mais tempo para dormir, j� que os trabalhos s� come�am �s 10h30.

"Em S�o Paulo, n�o h� nada para fazer, fico em casa, na internet. Em Salvador, brinco um pouco com a minha filha e vou dormir um pouco antes do segundo treino", afirma o pugilista.

Outra atividade que Robson faz exclusivamente quando est� na capital baiana � participar de projeto social no bairro de Boa Vista de S�o Caetano, onde nasceu e foi criado. L� ele d� aula de boxe para crian�as e adolescentes.

"Quando faltarem dois meses para Olimp�ada, vou parar de ir ao projeto social para me dedicar mais ao treinos."

A partir deste m�s, devido �s atividades da sele��o, Robson deve come�ar a ficar mais tempo em S�o Paulo, longe da rotina de Salvador.

Nesta semana, ele viajou com a equipe para a S�rvia para disputar o campeonato Belgrado Winner, entre os dias 19 e 27 de abril.

Em seguida, ele volta para S�o Paulo, mas j� viaja alguns dias depois a Cuba, onde disputa o torneio Cordova Cardin, em Havana, entre 26 de maio e 2 de junho.

Passadas essas viagens, ele intensifica a prepara��o em S�o Paulo, onde deve fazer alguns trabalhos de sparring com lutadores de clubes paulistas.

Que esporte � esse? - Olimp�ada - Folha de S.Paulo

DA FEIRA AO RINGUE

Robson sabe como o esporte pode mudar vidas. � gra�as ao boxe que ele consegue dar a sua filha uma vida mais confort�vel que a sua.

"Na minha inf�ncia, eu passava o maior tempo com minha av�. Ela trabalhava em feira, vendendo frutas e legumes. Eu acordava com ela �s 4h para ir � feira, que era em S�o Joaquim, a feira mais conhecida de Salvador. Voltava para o bairro de Boa Vista de S�o Caetano para armar a barraca, deixar tudo pronto para ela. Ia para a escola de manh�, ficava na barraca � tarde e � noite ia treinar."

O "treinador" era um amigo, Luiz, que frequentava uma academia de boxe do bairro. "N�o tem como voc� me ensinar o que voc� aprendeu na aula hoje?", pediu Robson, e a casa do amigo virou um ringue improvisado.

Curiosamente, hoje outro Luiz orienta os golpes de Robson. � Luiz D�rea, que j� trabalhou com Acelino "Pop�" Freitas, campe�o mundial de boxe profissional. Ele acompanha o pugilista nos treinos em Salvador.

Na �poca de menino, Robson enfaixava as m�os com ataduras, e um amigo protegia as dele usando sand�lias de borracha. E l� come�a a troca de golpes.

At� que o garoto, que usava as li��es aprendidas com o amigo em brigas na escola, conseguiu vaga em uma academia, gra�as a um projeto de inclus�o social.

Ele n�o pagava pelas aulas, mas precisava de dinheiro para comer, se vestir, se deslocar pela cidade.

"Continuei trabalhando, vendia picol� na praia, lim�o na sinaleira, trabalhei como ajudante de cozinha, carregando compras tamb�m, j� fiz mil e uma coisas. Com 17 anos, fui campe�o brasileiro. Lutei com homem de 25,
30 anos e fui campe�o."

O GIGANTE CUBANO

Ele n�o deixou que eventuais lutas perdidas abalassem a confian�a que construiu nos �ltimos anos. Ao contr�rio.

Algumas derrotas tiveram grande peso na trajet�ria dele, como a que Robson sofreu em sua primeira viagem internacional.

"Em 2008, fui convocado para a sele��o para disputar um torneio na Rep�blica Dominicana. Ganhei a primeira luta. Na segunda, ca� com o maior lutador daquela �poca, o Guillermo Rigondeaux, de Cuba. Era considerado o melhor atleta peso por peso, duas vezes campe�o ol�mpico, duas vezes campe�o mundial, nunca tinha perdido uma luta na vida dele. Ele nocauteava todos os atletas no primeiro, segundo round", conta o boxeador.

E continua: "Eu consegui lutar com ele e perdi por apenas quatro pontos. Lutei os quatro rounds com ele. Da� em diante come�aram a me olhar com outros olhos e, de l� para c�, eu tenho evolu�do bastante."

Os t�tulos vieram, a carreira decolou, a situa��o financeira melhorou.

"Trabalhar desde pequeno me ajudou porque aprendi que era preciso correr atr�s, tanto no boxe como fora dele. Eu n�o ficava esperando que ningu�m fizesse nada por mim. N�o espero que ningu�m venha me chamar para treinar ou mandem treinar. Eu treino porque eu amo o que eu fa�o", afirma.

N�o foi s� vender picol�. Tamb�m ajudar a minha av�, acordar cedo, ir para a escola, fazer outros trabalhos. Isso eu vou levar comigo para a vida inteira."

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