Procuradoria nos EUA conclui fase de acusa��o contra Jos� Maria Marin
Seth Wenig/Associated Press | ||
O ex-presidente da CBF Jos� Maria Marin chega � corte no Brooklyn, em Nova York, nesta quarta |
"Da boca do pr�prio Marin, voc�s podem ouvir que ele recebeu propina."
Kristin Mace, a procuradora americana que abriu as considera��es finais do julgamento do esc�ndalo de corrup��o da Fifa, lembrou a grava��o de uma conversa do ex-presidente da CBF com o empres�rio J. Hawilla como prova cabal dos crimes de que o cartola � acusado em Nova York.
Jos� Maria Marin, um dos r�us do caso que ainda se declaram inocentes, � suspeito de cometer sete crimes, entre eles corrup��o, lavagem de dinheiro e crimes financeiros em rela��o a contratos da Copa Am�rica, da Copa Libertadores e da Copa do Brasil ao longo dos �ltimos cinco anos.
Na reta final do julgamento, procuradores apontaram a Fifa como maior v�tima do esquema e relembraram a conversa do cartola com o dono da Traffic, detalhes de e-mails e planilhas de pagamentos secretos de um executivo da Torneos y Competencias, a firma argentina de marketing esportivo no centro do esquema, al�m de extratos banc�rios de Marin.
Ele teria movimentado at� US$ 200 mil por m�s de uma conta do banco nova-iorquino Morgan Stanley no nome da Firelli, uma empresa de sua propriedade, para fazer compras em lojas de luxo em Nova York, Paris e Las Vegas -ele deixou, por exemplo, US$ 50 mil na Bulgari, US$ 28 mil na Dior, US$ 22 mil na Valentino, entre outros gastos.
Muitos desses mimos de grife tinham sua mulher, Neusa, como prov�vel destino. No dia das considera��es finais do julgamento, ela foi com o marido at� o tribunal.
Desde o in�cio do julgamento, no entanto, ela preferiu n�o ver os relatos das testemunhas e ficou no apartamento do casal na Trump Tower, torre de luxo em Manhattan onde Marin cumpre pris�o domiciliar h� dois anos.
Segundo a Justi�a americana, o ex-presidente da CBF recebeu no total US$ 6,55 milh�es em propina desde que assumiu o comando do �rg�o, em 2012, quando entrou no lugar de Ricardo Teixeira, cartola "expulso do futebol em meio a esc�ndalos", nas palavras da procuradora.
Na grava��o lembrada por Mace, Marin diz a J. Hawilla que "j� est� na hora disso chegar pro nosso lado". Ele fala sobre pagamentos de propina que Teixeira ainda recebia pela Copa do Brasil, mas reclamava que s� ele e Marco Polo Del Nero, ent�o representante do Brasil na Fifa e na Conmebol, deveriam estar recebendo os valores.
Mace ainda deu detalhes de como o dinheiro pago por empresas de marketing esportivo, entre elas Traffic, Torneos, Full Play e Klefer, chegava �s m�os de Marin por meio de transfer�ncias a empresas de fachada criadas por Wagner Abrah�o, dono da ag�ncia de viagens Stella Barros que tamb�m prestava servi�os de log�stica para a CBF.
Na mesma conversa em que foi flagrado discutindo propina com Hawilla, Marin diz ter "enfrentado a Fifa sozinho" em defesa de Abrah�o, o que, segundo os procuradores, deixa bem claro o seu v�nculo com esse empres�rio.
Duas firmas no nome de Abrah�o, a Support Travel e a Expertise, recebiam transfer�ncias de offshores das firmas de marketing e repassavam esses valores � conta da Firelli, a empresa de Marin sediada nos Estados Unidos.
Em julho de 2013, por exemplo, uma remessa de US$ 3 milh�es partiu da Support para a Firelli. Outros tr�s pagamentos, cada um no valor de US$ 500 mil, foram transferidos da Expertise � firma de fachada do cartola.
"O caminho do dinheiro at� Marin era complicado", disse Mace aos jurados na Corte de Justi�a do Brooklyn. "Mas essa era mesmo a ideia. � uma forma de esconder e disfar�ar o dinheiro il�cito."
Os 12 jurados, que n�o tiveram os nomes divulgados e n�o podem falar sobre o caso, devem chegar a um veredicto por unanimidade. Eles come�am a deliberar sobre o destino de Marin e outros dois r�us, o paraguaio Juan Angel Napout e o peruano Manuel Burga, no fim desta semana.
A defesa de Jos� Maria Marin afirma que s� se pronunciar� ap�s a conclus�o do julgamento nos EUA. O empres�rio Wagner Abrah�o n�o foi encontrado pela Folha at� o fechamento desta edi��o.
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