J. Hawilla diz que Teixeira recebeu propina para sele��o ter for�a m�xima
Alexandre Rezende - 22.nov.2011/Folhapress | ||
J.Hawilla, dono da empresa de marketing esportivo Traffic |
Uma das testemunhas mais aguardadas a depor no julgamento do esc�ndalo de corrup��o da Fifa, o brasileiro Jos� Hawilla, dono da empresa de marketing esportivo Traffic, revelou em Nova York que pagou propina a uma s�rie de cartolas latino-americanos, entre eles Ricardo Teixeira, ao longo de d�cadas.
O ex-presidente da CBF teria recebido pelo menos US$ 10 milh�es, segundo o empres�rio, que chegou � Corte de Justi�a do Brooklyn com dificuldade para respirar e usando um tanque de oxig�nio.
Hawilla disse que o acordo com Teixeira, que chamou de "uma das vozes e presen�as mais importantes nas decis�es" da Conmebol, visava garantir a que a sele��o brasileira disputasse as partidas da Copa Am�rica com "os seus melhores jogadores".
Numa grava��o que fez a pedido dos promotores americanos, com quem fechou um acordo de dela��o premiada, Hawilla conversa com Jos� Margulies, que realizava seus pagamentos de propinas, sobre remessas feitas a Teixeira em contas banc�rias em Hong Kong e Jerusal�m.
Nessa mesma conversa, Margulies relata que Marco Ant�nio Teixeira, tio do cartola que atuou como secret�rio-geral da CBF, havia telefonado para cobrar alguns pagamentos ao sobrinho.
Hawilla tamb�m mencionou Jos� Maria Marin, o ex-presidente da CBF agora sendo julgado em Nova York, numa conversa com o empres�rio argentino Alejandro Burzaco, ex-homem forte da empresa de marketing esportivo Torneos y Competencias.
Os dois falam sobre como Marin teria "recebido pela assinatura" de um contrato firmado com a Conmebol pelos direitos da Copa Am�rica.
Hawilla ainda deu detalhes da origem do esquema de corrup��o. Quando firmou o contrato com a Conmebol para realizar a edi��o de 1987 da Copa Am�rica, torneio que ele mesmo havia reformulado, o empres�rio disse ter pago "entre US$ 400 mil e US$ 600 mil" ao paraguaio Nicol�s Leoz, ent�o chefe da entidade que regula e comanda o futebol na Am�rica do Sul.
Hawilla disse ter "ficado ref�m" de Leoz desde que concordou com o pagamento il�cito na d�cada de 1980.
"Ele come�ou a nos amea�ar. Se n�o pagasse, ele tiraria o contrato. Foi um erro porque abriu uma porta para o futuro, que permitiu que ele pedisse dinheiro a cada renova��o de contrato", disse o empres�rio, falando sobre Leoz. "Eu paguei porque precisava do contrato. Isso foi um erro e me arrependo muito."
Pagamentos a Leoz chegaram a bater a marca de US$ 1 milh�o. Hawilla disse que a maior parte das transfer�ncias era para o ex-presidente da Conmebol, Ricardo Teixeira e Julio Grondona, ex-chefe do futebol argentino.
O empres�rio tamb�m deu mais detalhes das negocia��es internas da Conmebol e do racha entre a Traffic e as empresas argentinas Torneos y Competencias e Full Play.
Essas duas �ltimas entraram na disputa por direitos depois que o equil�brio de poder dentro da Conmebol mudou com a ascens�o do chamado Grupo dos Seis, que reunia cartolas de Venezuela, Col�mbia, Bol�via, Peru, Paraguai e Equador. Juntos, eles amea�aram derrubar Leoz e refazer v�rios contratos.
Hawilla chamou o caso de "golpe de Estado" dentro da Conmebol e abriu ent�o um processo contra os cartolas.
Essa a��o movida nos EUA s� foi interrompida quando o brasileiro chegou a um acordo com seus parceiros argentinos, que ele disse sentirem "orgulho" de pagar propina.
Depois de perder a queda de bra�o com os argentinos, Hawilla concordou em entrar com eles na sociedade de uma empresa chamada Datisa, criada para comprar direitos da Copa Am�rica e da Copa Libertadores da Conmebol. Essa firma, segundo o empres�rio, passou ent�o a fazer pagamentos de propina a v�rios cartolas por meio de outras companhias offshore.
Em grava��es de conversas dele com Hugo Jinkis e Mariano Jinkis, pai e filho donos da Full Play, Hawilla discute como pagamentos eram feitos usando firmas de fachada em para�sos fiscais, entre elas a Bayan, criada pelos Jinkis no Panam� e que tinha uma casa vazia como sede principal.
Hawilla disse ainda que os pagamentos de propina acabaram se tornando parte necess�ria dos neg�cios com a Conmebol, porque eram a �nica garantia que os torneios fossem disputados de um jeito que pudesse gerar lucro para os patrocinadores e as emissoras de televis�o.
OUTRO LADO
Procurado pela Folha, o advogado de Ricardo Teixeira, Miguel Asseff Filho, afirmou que seu cliente s� ir� se manifestar ap�s ter acesso � �ntegra do depoimento.
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