Federa��o faz 'mea culpa' ap�s abusos a menores na gin�stica dos EUA
Chang W. Lee/The New York Times | ||
Ginasta durante seletiva ol�mpica americana da modalidade, em San Jos�, na Calif�rnia |
A Federa��o de Gin�stica dos Estados Unidos, que comanda a modalidade no pa�s, anunciou novas recomenda��es com a inten��o de salvaguardar seus atletas, em fun��o de reportagens publicadas no ano passado que a acusavam de deixar de notificar as autoridades e a pol�cia sobre acusa��es de ass�dio sexual por parte de seus treinadores.
"Um s� caso de abuso contra crian�as j� seria demais", disse Paul Parilla, presidente da federa��o, em declara��o divulgada na ter�a (27), em companhia de detalhes sobre as 70 novas recomenda��es propostas. "A Federa��o de Gin�stica dos Estados Unidos lamenta muito que qualquer pessoa tenha sido prejudicada durante sua carreira como ginasta, e expressamos nosso pesar a qualquer atleta que tenha sofrido abuso ou maus tratos enquanto participava do esporte".
O relat�rio surgiu depois de uma investiga��o publicada pelo jornal "Indianapolis Star" no ano passado. O jornal encontrou quatro exemplos de dirigentes esportivos da gin�stica que haviam sido avisados sobre suspeitas de abusos por parte de treinadores mas que optaram por n�o alertar as autoridades, e afirmou que os mesmos treinadores haviam posteriormente praticado abusos contra pelo menos 14 ginastas menores de idade.
No final do ano passado, a Federa��o de Gin�stica dos Estados Unidos encarregou uma antiga procuradora federal especializada em crimes de abuso sexual contra crian�as, Deborah Daniels, de conduzir uma revis�o independente de suas normas. Durante a revis�o, Daniels e os pesquisadores da Praesidium, uma empresa especializada em prevenir abusos sexuais em organiza��es que atendam a crian�as e a adultos em situa��o vulner�vel, realizaram mais de 160 entrevistas com pessoas do mundo da gin�stica; visitaram 25 clubes e o Centro Nacional de Treinamento de Equipes; e participaram de competi��es e programas de treinamento em per�odo integral, at� o m�s passado.
O resultado do trabalho foi divulgado online em um relat�rio de 100 p�ginas na ter�a-feira, em companhia das recomenda��es, que o conselho da federa��o anunciou que adotar� com o objetivo de prevenir abusos e adotar pr�ticas mais firmes em seu tratamento de den�ncias quanto a eles. As mudan�as incluem proibir que adultos fiquem sozinhos em companhia de ginastas menores de idade, o que inclui dividirem quartos de hot�is com eles. Os adultos tamb�m estar�o proibidos de manter contato com ginastas por e-mail, mensagens de texto e m�dia social, fora dos programas de treinamento.
Embora a Federa��o de Gin�stica dos Estados Unidos j� tivesse alguns regulamentos em vigor, o relat�rio afirmou que a organiza��o, que comanda a modalidade nos Estados Unidos e estabelece regras e diretrizes para atletas e treinadores, precisava colocar em pr�tica o que o texto define como �uma mudan�a de cultura�, em sua maneira de fazer as coisas.
As recomenda��es se dividem em 10 �reas, entre as quais administra��o, educa��o, treinamento e apoio aos atletas, den�ncia de poss�veis viola��es, e sele��o e verifica��o de credenciais de treinadores, volunt�rios e outros adultos que tenham acesso aos atletas. O relat�rio recomendou que a federa��o fosse espec�fica quanto a formas proibidas de comportamento, definindo o que � conduta "apropriada" e "inapropriada" nos clubes associados a ela e pelos indiv�duos que trabalham com atletas.
"A maioria dos clubes membros n�o tem regras escritas quanto a intera��es f�sicas e verbais apropriadas e inapropriadas", o relat�rio afirma.
A investiga��o destacou especialmente os problemas para den�ncia de abusos em casos de relacionamento entre um atleta e um adulto que talvez exer�a controle sobre a carreira do atleta. O relat�rio cita como exemplo que o procedimento da Federa��o de Gin�stica dos Estados Unidos para den�ncia de suspeitas de abuso sexual envolve uma queixa escrita pelos atletas ou seus pais, com o objetivo de promover uma solu��o para a disputa.
"� altamente improv�vel que os jovens atletas (adolescentes ou ainda mais jovens) e seus pais denunciem abusos a uma autoridade que tem tanto poder sobre o sucesso do atleta no esporte", o relat�rio afirma.
Mas um grande problema no mundo da gin�stica � sua natureza descentralizada. Os clubes s�o organiza��es privadas, o que torna dif�cil rastrear o comportamento de um treinador que se transfira a outra organiza��o.
"Se a dire��o de um clube for vigilante, verificar� refer�ncias e buscar� informa��es sobre os antecedentes do treinador", afirma o relat�rio. Mas buscas de antecedentes s� revelam condena��es criminais, o que significa que um novo clube pode n�o encontrar informa��es sobre casos pr�vios de abuso.
As acusa��es de abuso lan�aram uma sombra sobre a federa��o de gin�stica, especialmente no ano passado, quando o "Indianapolis Star" revelou que a Federa��o de Gin�stica dos Estados Unidos tinha em seus arquivos queixas contra mais de 50 treinadores suspeitos de abusos contra atletas, mas em muitos casos optou por n�o alertar as autoridades e a pol�cia quanto aos poss�veis delitos. Um dos nomes que constava do arquivo era o de um m�dico que serviu por muito tempo � equipe de gin�stica dos Estados Unidos, Lawrence Nassar, que em fevereiro foi indiciado com 22 acusa��es de conduta sexual indevida de primeiro grau, envolvendo pelo menos sete v�timas.
O relat�rio da Daniels tamb�m informa que um treinador acusado de abuso havia trabalhado em pelo menos 12 clubes, em quatro Estados. "Ele deixou uma trilha de sofrimento, na forma de mais de 15 meninas v�timas de abuso cujas vidas sofreram danos permanentes - mas clubes continuaram a contrat�-lo, ou porque desconheciam os casos de abuso ou, no caso de pelo menos um clube que era conhecedor do problema, porque supostamente prometeu mant�-lo `sob vigil�ncia'".
Stephen Drew, advogado que representa ginastas que dizem ter sofrido abuso por parte do Dr. Nassar e que se dispuseram a tornar p�blicas suas den�ncias depois da reportagem do �Indianapolis Star�, disse que algumas das novas recomenda��es, como a de notifica��o imediata de suspeitas de abuso, j� eram lei.
Mas ele disse que as recomenda��es devem ser usadas para criar "um protocolo claro para documentar e investigar passadas queixas de abuso - e para que a pessoa que faz a queixa mere�a cr�dito desde o come�o".
"J� � dif�cil o bastante que algu�m se exponha e fa�a uma queixa como essa�, disse Drew. �Todos os sinais deveriam indicar que a queixa est� sendo levada a s�rio".
Tradu��o de PAULO MIGLIACCI
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