'Capita' Carlos Alberto se consagrou com gol ensaiado contra a It�lia
Rolls Press/Popperfoto/Getty Images | ||
![]() |
||
Carlos Alberto Torres levanta a ta�a da Copa do Mundo de 1970 |
M�xico-1970. Final da Copa do Mundo. Mais de 107 mil torcedores no est�dio Azteca. Brasil e It�lia, ambos bicampe�es mundiais, decidiam quem ficaria definitivamente com a Ta�a Jules Rimet.
Aos 41 minutos do segundo tempo, os brasileiros venciam por 3 a 1 e os italianos buscavam um gol para colocar press�o nos minutos finais e tentar um empate que levasse o duelo � prorroga��o. Foi quando a sele��o comandada por Zagallo armou um contra-ataque perfeito. A jogada passou pelos p�s de meio time antes de chegar a Pel�, que viu Carlos Alberto avan�ar, livre, pela direita, em dire��o � �rea italiana.
O Rei rolou, mansamente, para o capit�o da sele��o, que disparou um petardo, indefens�vel para o goleiro Albertosi. Foi o golpe final na Azzurra, a certeza do tricampeonato para o Brasil.
O melhor chute da vida de Carlos Alberto, morto nesta ter�a-feira (25), o chute que o celebrizou, juntamente com um gesto alguns minutos depois, nas tribunas do Azteca. E um chute que, conforme relato do Capit�o do Tri, n�o ocorreu por mera casualidade.
"Aquela foi uma jogada que n�s sab�amos que poderia acontecer. O posicionamento defensivo deles (italianos) era aquele. Ent�o, quando eles foram para o ataque, o jogo estava 3 a 1, e n�s tiramos a bola, a defesa deles estava posicionada exatamente como o Zagallo mostrou para n�s. A� eu prestei aten��o, o Pel� prestou aten��o, todo mundo prestou aten��o, foi por isso que eu apareci ali."
Ao afirmar que os jogadores sabiam "que poderia acontecer", o camisa 4 se referia �s orienta��es do treinador na v�spera da decis�o, na prele��o � equipe.
"O Zagallo conversou, mostrou o posicionamento (da It�lia): 'Carlos Alberto, pode acontecer essa situa��o. Se acontecer, voc� vai (para o ataque)'. A� aconteceu, e eu cheguei com tudo. Eu n�o chutava forte, mas, quando o cara chega na passada certa, o chute sai forte. Muita gente diz que o chute saiu forte porque a bola parece que quicou num montinho. Mas eu acho que, da maneira como eu cheguei, o gol sairia de qualquer maneira. Porque eu cheguei pra fazer o gol, com a certeza de que iria fazer o gol."
Fez, e � o �nico capit�o de uma equipe campe� mundial a balan�ar as redes na final da Copa, sem contar decis�o nos p�naltis (Dunga marcou para o Brasil no Mundial de 1994, nos EUA). Vibrou com os colegas e passou desde aquele momento a se imaginar recebendo a Jules Rimet. Um momento marcante, pela emo��o e pelo gesto que eternizou: o beijo na ta�a, repetido por todos os capit�es campe�es desde ent�o.
"Me deu uma vontade, sem pensar, de beijar a ta�a. Foi a primeira vez que algu�m beijou a ta�a, e hoje todo mundo faz. Ent�o eu fui pioneiro: beijar antes de erguer e passar para os companheiros."
Depois, todos deram a volta ol�mpica.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
![]() |
||
Carlos Alberto - O gol da Copa de 1970 |
O gol e o gesto de Carlos Alberto simbolizam a sele��o brasileira que mais encantou na conquista de uma Copa do Mundo.
Nenhum dos times campe�es nas outras vezes (1958, 1962, 1994 e 2002) contou com um conjunto de jogadores t�o fabulosos, especialmente do meio-campo para a frente: Pel�, Tost�o, Gerson, Jairzinho, Clodoaldo, Rivellino e, por que n�o, Carlos Alberto, considerado um precursor entre os laterais que apoiavam o ataque, que "iam e vinham" com frequ�ncia, o jogo todo.
Hoje, todo lateral de qualidade, "moderno", ataca e defende com a mesma efici�ncia, uma caracter�stica do futebol do "Capita".
L�der natural e dono de um estilo "dur�o", aliando for�a f�sica, habilidade e disciplina t�tica, Carlos Alberto � considerado o melhor lateral direito da hist�ria do futebol brasileiro, acima de Cafu, Djalma Santos, Jorginho, outros campe�es mundiais na posi��o.
Palavras de Tost�o, que viu todos eles em a��o: "O Carlos Alberto foi o maior jogador que eu vi jogar nessa posi��o. Tinha muita t�cnica, fisicamente era privilegiado porque era alto, com as pernas compridas, tinha uma passada espetacular, n�o errava um passe. Quando avan�ava, avan�ava muito bem e avan�ava na hora certa. Foi um lateral fora de s�rie".
Cria das divis�es de base do Fluminense, Carlos Alberto Torres, nascido no Rio de Janeiro (capital), em 17 de julho de 1944, come�ou a atuar na equipe principal do clube das Laranjeiras em 1962, aos 17 anos, e em 1964 ganhou o Estadual. Mas foi no Santos de Pel� e companhia que fez de fato seu nome, sendo campe�o paulista cinco vezes (1965, 1967, 1968, 1969 e 1973) e faturando uma vez a Ta�a Brasil (1965) e outra o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1968), principais competi��es no Brasil � �poca.
Em 1971, esteve emprestado ao Botafogo e, depois de deixar o Santos, clube pelo qual atuou 445 vezes e marcou 40 gols, defendeu novamente o Fluminense, por tr�s anos (1974-1977), e o Flamengo, antes de emigrar para os EUA, onde vestiu a camisa do Cosmos de Nova York - ao lado de Pel�, Beckenbauer e outros grandes nomes do futebol mundial - e a do California Surf. Aposentou-se em 1982, defendendo o Cosmos.
Carlos Alberto dizia que uma das grandes frustra��es de sua carreira foi n�o ter disputado a Copa de 1966, depois de ter sido titular durante todo o per�odo de prepara��o. O corte, sem explica��o aparente, pegou-o de surpresa. "Foi uma decep��o muito grande para mim." O t�cnico Vicente Feola optou por levar � Inglaterra o veteran�ssimo Djalma Santos, 37, e Fidelis, 22, apelidado "Touro Sentado" e considerado o melhor lateral direito da hist�ria do Bangu.
O Capit�o do Tri tamb�m n�o foi � Copa de 1974, na Alemanha, devido a uma les�o no p�, nem � de 1978, na Argentina - at� disputou jogos das eliminat�rias, mas sua op��o por jogar no futebol norte-americano o afastou da equipe nacional.
O que pouca gente sabe � que, pela sele��o, Carlos Alberto conquistou bem no in�cio de sua carreira a medalha de ouro no Pan-Americano de S�o Paulo, em 1963 - Jairzinho, artilheiro do Brasil na Copa de 1970, tamb�m integrava aquele selecionado de jogadores amadores.
Depois de deixar os gramados, Carlos Alberto aventurou-se na carreira de treinador, passando por v�rios clubes do Brasil e do exterior entre 1983 e 2005. Depois disso, n�o foi mais requisitado, situa��o que em v�rios momentos o incomodava. Suas principais conquistas na prancheta foram o Brasileiro de 1983, com o Flamengo, o Estadual do Rio de 1984, com o Fluminense, e a Copa Conmebol de 1993, com o Botafogo.
Teve ainda uma passagem pela pol�tica, sendo vereador no Rio, pelo PDT, entre 1989 e 1993, e em 2012 chegou a dizer que poderia ser candidato a presidente da CBF, o que n�o ocorreu.
�s v�speras da Copa de 2014, no Brasil, Carlos Alberto, embaixador do evento, fez apari��es ao lado da Ta�a Fifa, no tour do trof�u por cidades brasileiras, como Cuiab�, Curitiba e Florian�polis. E repetiu seu gesto mais c�lebre: o beijo na Copa do Mundo.
RAIO X
Nome: Carlos Alberto Torres
Nascimento: 17 de julho de 1944, no Rio de Janeiro (RJ)
Altura: 1,82 m
Peso: 76 kg
Posi��o: Lateral-direito
Apelidos: Capit�o do Tri, Capita
Casamentos: Sueli, Terezinha Sodr� e Gra�a
Filhos: Andr�a e Alexandre Torres, ambos do 1� casamento
SELE��O
(1963-1977)
73 jogos* (57 vit�rias, 7 empates, 9 derrotas)
9 gols
*Inclui as partidas do Pan de 1963 (3 vit�rias e 1 empate)
CLUBES
Fluminense (1962-1964 e 1975-1976) - 169 jogos, 19 gols
Santos (1965-1974) - 445 jogos, 40 gols
Botafogo (1971) - 22 jogos, 0 gol
Flamengo (1977) - 20 jogos, 0 gol
NY Cosmos (1977-1980 e 1982) - 100 jogos, 6 gols
California Surf (1981) - 19 jogos, 2 gols
PRINCIPAIS CONQUISTAS
Sele��o
1 Copa do Mundo (1970)
1 Pan-Americano (1963)
Santos
1 Recopa Intercontinental (1968)
1 Recopa Sul-Americana (1968)
1 Ta�a Brasil (1965)
1 Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1968)
1 Torneio Rio-SP (1966)
5 Campeonatos Paulistas (1965, 1967, 1968, 1969, 1973)
Fluminense
3 Estaduais do Rio (1964, 1975, 1976)
Cosmos
4 campeonatos dos EUA (1977, 1978, 1980, 1982)
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade